Por Maria Lucia Solla
o papel
insiste no branco puro
a palavra
no crucial momento da emissão
se perde na vida
vira a casaca
o bom fica babaca
a certeza perde a realeza a pose
e a casaca
a impermanência exige atenção
pula
se estica
faz careta
me mostra a foto da permanência
coitada
correndo na contramão
envelhecida e mofada
destruída
cena triste de se ver
insisto ainda um pouco
busco temas teoremas
que ratifiquem a minha razão
mas me perco no local do encontro
de mim mesma com a emoção
apago tudo
faço a vontade do papel
dou à palavra alforria
ao bom o seu complemento
e
bem
a certeza
não encontrei
ouvi dizer que ela e a razão
se mandaram para Canoa Quebrada
e que vivem disfarçadas
de sardinhas enlatadas
E voilà
Maria Lucia Solla escreve aos domingos no Blog do Mílton Jung
