Como começar o ano novo: reflexões com Rossandro Klinjey

Hoje, 1º de janeiro, inauguramos um novo ciclo no calendário e, com ele, a oportunidade de refletir sobre o que esse marco realmente significa para cada um de nós. Aproveitando a chegada recente ao Jornal da CBN de Rossandro Klinjey, psicólogo e agora parceiro no quadro Refletir para Viver, o convidei para uma conversa mais profunda sobre como iniciar o ano com leveza e acolhimento, além da necessidade de termos um olhar mais atento para dentro de si. Como era de se esperar, Rossandro nos permitiu uma entrevista de altíssima qualidade e rica em ensinamentos.

Ao abrir o diálogo, perguntei a Rossandro sobre o que representa o começo de um novo ano. Ele destacou que, embora o “arquétipo do novo ciclo” seja poderoso, nem sempre nossas emoções acompanham a virada do calendário. Muitas vezes, carregamos pendências emocionais e práticas de anos anteriores, o que pode gerar uma sensação equivocada de incompetência.

“A concretização de certas metas exige tempo”, explicou ele, “assim como um projeto de vida, como se tornar jornalista ou psicólogo, é fruto de anos de dedicação. Plantamos em alguns anos para colher em outros.” Essa reflexão nos desafia a adotar uma postura mais acolhedora consigo mesmos, reconhecendo o valor das pequenas conquistas e não permitindo que metas não cumpridas minem nossa autoestima.

A pressão social e a busca por autenticidade

Lembrei durante a entrevista sobre a pressão social que nos impulsiona a entrar no ano com todas as metas definidas e resolvidas. Em um mundo saturado por “receitas prontas” — como as que vemos nas redes sociais —, Rossandro nos convidou a pausar e ouvir mais o nosso interior.

“Quem olha para fora sonha; quem olha para dentro, acorda”, citou ele, parafraseando Carl Gustav Jung. Ao priorizarmos o que é relevante para nós, em vez de seguir a onda do que é “moda”, conseguimos criar metas mais autênticas e alcançáveis.

Embora o foco em si mesmo seja essencial, Rossandro destacou o papel vital das relações humanas no recomeço de um ano. Somos seres gregários, disse ele, e a conexão com os outros nos ajuda a construir uma vida mais equilibrada. No entanto, é crucial saber com quem nos conectamos. Ele sugeriu que, assim como deixávamos os sapatos na porta durante a pandemia, talvez seja hora de “deixar para fora” de casa relações tóxicas ou ideias que não fazem mais sentido.

“Reaproximar-se de pessoas que nos fazem bem é essencial”, afirmou ele. Seja nutrindo amizades antigas ou estabelecendo limites claros em relações desgastantes, cultivar boas conexões é um passo fundamental para o bem-estar mental.

A importância do autocuidado e da paz interior

“A paz do mundo começa em mim”, disse Rossandro, ecoando a letra de uma música de Nando Cordel. Ele nos lembrou que, em um cenário turbulento, onde temos pouco controle sobre as transformações externas, cuidar da nossa saúde mental e emocional é uma prioridade. Ao investir em nosso mundo interno, criamos uma base mais sólida para enfrentar os desafios inevitáveis que o ano trará.

Encerramos a conversa com um olhar otimista, e realista. Rossandro destacou que o desejo de um “Feliz Ano Novo” não significa a ausência de dificuldades, mas sim a capacidade de enfrentá-las com coragem e resiliência.

Que possamos, como ele disse, usar este começo de ano para refletir sobre nossas próprias metas, fortalecer nossas relações e acolher nossas emoções. Assim, estaremos mais preparados para aproveitar o que 2025 nos reserva — com serenidade, coragem e, acima de tudo, autenticidade.

Ouça a entrevista com Rossandro Klinjey

Pot-pourri da corrupção

 

Por Carlos Magno Gibrail

Na canção, é comum ordenar músicas com afinidades, para tributos a estilos, compositores ou épocas. Por que não na corrupção? Para cumprimentar autores de textos atuais sobre a corrupção, destacamos:

O que retém a voz da rua” – Notas & Informações Estadão. As manifestações de rua não refletem o desconhecimento da população, mas a melhora sem precedentes no padrão de vida, que não as anestesia, apenas não as incentiva.

“Faz diferença” – Editoriais Folha. Sem novas mobilizações populares, dificilmente medidas para coibir a corrupção encontrarão meios de implantação. Entretanto, a faxina de Dilma se conclusa, o voto aberto no Congresso, a Ficha Limpa e a diminuição dos 25mil cargos nomeados, poderão contribuir no movimento contra a corrupção.

“Abaixo a corrupção” – Eliane Catanhêde. A onda contra a corrupção está crescendo. A Ficha Limpa e sua ampliação ao Executivo e Judiciário, o fim do voto secreto no Congresso, a abrangência do CNJ, começam a tomar corpo.

“Um campo e um tiro” – Carlos Heitor Cony. Nesta batalha contra a corrupção não há rosto, ou tem tantos que dificulta a identificação. Jacó corrompeu Esaú, Judas vendeu o seu mestre, Collor ganhou um Elba. Rostos em todos os casos. Até num caso às avessas. Getúlio quando soube que um de seus filhos comprara um campo no Rio Grande do Sul com Gregório, seu guarda-costas corrupto e mandante de assassinato, perguntou-lhe se era verdade. Ao ter a confirmação, deu um tiro no peito.

“A ‘primavera’ brasileira não chega” – Fernando Rodrigues. O copo meio cheio ou meio vazio é propício à análise das recentes manifestações públicas contra a corrupção. Seu raquitismo não desmerece o movimento. A realidade é que ainda não temos um caldo de cultura já pronto e desaguando em grandes protestos contra a roubalheira do dinheiro público.

“A corrupção é hoje fato normal no Brasil” – CBN Arnaldo Jabor. A dificuldade é que tudo está corrompido. Os comentaristas se esgoelam em vão, e os canalhas não tiram as mãos das cumbucas. Será que um dia teremos uma “primavera” brasileira?

“Presidente: sonhar e não ceder” – Miguel Srougi. Presidente, a senhora adotou algumas medidas corretivas diante da corrupção, tragédia que nos assola, mas isso foi só um começo, talvez pouco. Como médico luto contra o câncer de próstata que ameaça 140 mil homens, mas escrevo para falar de outra doença que ameaça toda a sociedade brasileira.

E, assim por diante. Não há espaço para todas as manifestações. Felizmente.

Carlos Magno Gibrail é doutor em marketing de moda e escreve às quartas-feiras, no Blog do Mílton Jung

A foto deste post é do álbum digital de Saulo Cruz, no Flickr