Como escolher e lembrar o nome do candidato que você escolheu

 

Sujeira eleitoral

 

Bateu o desespero no eleitor brasileiro. Depois de adiar por meses a escolha de seus candidatos, descobre que a eleição está logo ali, no próximo domingo. Lembra que além de escolher o presidente da República e o Governador, nomes que muitos já têm em mente, terá de preencher a cédula digital com o número ou o nome dos candidatos ao Senado, à Câmara dos Deputados e à Assembleia Legislativa (Câmara Distrital, para quem está em Brasília). Pesquisas recentes mostram que a maioria dos cidadãos não tem a menor ideia em quem votar. Quem sabe arrisca e vota no mesmo da eleição passada? Impossível, poucos lembram em quem votaram. Não sabem nem se o elegeram. Fenômenos comuns do comportamento eleitoral brasileiro que, a propósito, me motivaram a lançar a ideia da rede Adote um Vereador, em 2008. Perdão, falar em vereador a esta altura da campanha só vai atrapalhar a cabeça do eleitor. Continuemos refletindo sobre senadores e deputados.

 

Apesar do pouco tempo ainda é possível qualificar um pouco mais a sua decisão, afinal qualquer coisa é melhor do que teclar o número de alguém que você conheceu quando lhe entregaram um “santinho” antes de entrar na seção eleitoral. Conversar com os amigos e parentes, pode ajudar. Talvez consultar o Google ou ler jornais que costumam destacar alguns nomes de candidatos, também. Existem sites e aplicativos que permitem procurar os nomes, mas lembre-se são milhares de candidatos a cada um dos cargos legislativos em disputa (só em São Paulo se tem 1909 candidatos para 94 cadeiras na Assembleia Legislativa). Uma opção é votar na legenda, ou seja, no número do partido que você entende ser o mais próximo das suas convicções – se é que os partidos as tenham.

 

Caso você tenha tido a sorte de lembrar de algum nome, vá até o site excelencias.org.br e verifique as informações disponíveis sobre ele. O serviço é mantido pela Transparência Brasil e costuma incluir nos dados se o cidadão que pede seu voto tem pendência na Justiça (lembre-se: para ser Ficha Suja precisa ter sido condenado em segunda instância). No Estadão Dados você pode ver de forma clara quem doou dinheiro para a campanha do candidato, um critério que talvez lhe ajuda a fazer a escolha. A Associação dos Magistrados do Brasil publicou um guia eleitoral completo que pode lhe dar alguma orientação sobre o caminho a seguir.

 

A medida que os nomes forem decididos, não esqueça de anotá-los em algum lugar pois é muito número para lembrar no dia da eleição. A anotação é interessante, também, para você guardar pelos próximos quatro anos na carteira, na gaveta ou em qualquer outro canto seguro da sua casa. Assim na eleição de 2018 (está logo ali) quando perguntarem em quem você votou quatro anos antes, você não vai titubear na resposta. Nesta sexta-feira, quatro entidades que atuam em defesa do cidadão e combatem a corrupção na política lançam o aplicativo “Eu, Eleitor” no qual é possível fazer um cola digital para domingo e salvar o nome do candidato em que votou para acompanhar o trabalho dele caso seja eleito. De acordo com o promotor Roberto Livianu, do Movimento do Ministério Público Democrático, o aplicativo trará outras funcionalidades integradas, sempre com o objetivo de facilitar para o cidadão a tarefa de acompanhar a vida política de seus candidatos. Neste primeiro momento, o eleitor terá informações dos políticos do Estado de São Paulo.

 

Dica final: para ajudar a sua memória, assim que escolher o nome dos seus candidatos preencha o formulário do newsletterincancelavel.com.br. É de graça e a empresa que produziu o serviço garante informações sobre seus candidatos nos próximos quatro anos que serão enviadas pela internet. Eu já gravei o nome de todos os meus candidatos por lá.

Falta transparência em São Paulo, diz Abramo

 

“São Paulo é o estado mais opaco do Brasil”. A afirmação é de Claudio Weber Abramo, da ONG Transparência Brasil, convidado pelo CBN SP para sugerir políticas na área de gestão pública. Ele disse que os planos de meta desenvolvidos pelas administrações estaduais são mantidos em segredo no Estado quando estas são informações que deveriam ser de domínio do cidadão. “Inclusive com os diagnósticos sobre o que ocorreu a partir dos planos definidos pelo governo”.

Abramo chama atenção, ainda, para o fato de que é preciso dar publicidade aos programas voluntários de governo. A distribuição desta verba nos convênios com os municípios deve ter critérios muito claros para evitar que o dinheiro público seja usado com interesses políticos.

Para a implantação desta gestão transparente, Abramo sugere que seja usado dinheiro previsto no orçamento do Estado para a área de comunicação. “Gasta-se fortuna com propaganda estúpida, fazendo propaganda do governador”, reclamou.

Ouça a entrevista completa de Claudio W. Abramo, ao CBN SP

Meritíssimos, seja bem-vindo

 

adoteFiscalizar os poderes Executivo e Legislativo não chega a ser uma novidade no País, mesmo que o serviço ainda seja capenga. O Judiciário, porém, sempre esteve longe do olhar mais apurado do cidadão, exceção a alguns momentos particulares nos quais o noticiário destaca fatos relacionados aos tribunais. Desacostumados ao controle externo, muitos juízes se esforçaram para impedir a criação do Conselho Nacional de Justiça e, depois de a batalha perdida, voltaram-se a tarefa de ‘descontruir’ sua formação.

Por isso, não surpreende entrevista do presidente do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, ao Estadão, na qual critica o Projeto Meritíssimos, lançado pela ONG Transparência Brasil, que reúne dados das ações disponíveis no sistema de Acompanhamento de Processos do tribunal. Ao jornal, Mendes disse ser inadequado e impreciso o levantamento que permite identificar o desempenho do Supremo e seus ministros, individualmente.

É a primeira iniciativa de fiscalização do Judiciário que parte da sociedade organizada.

Ao Jornal da CBN, em entrevista que tive oportunidade de conduzir, o diretor executivo da ONG Claudio W. Abramo (ouça aqui) citou, por exemplo, a performance da ministra Ellen Graice, a mais lenta da corte, segundo os números publicados. “No ano passado, a ministra estava mais interessada em viajar em busca de emprego”, explicou Abramo se referindo as tentativas dela de conseguir vaga em cortes internacionais.

Gilmar Mendes defendeu seus pares, disse que o estudo desconsidera fatores que podem atrasar os processos e pediu cautela e responsabilidade pois “levantamentos dessa ordem mexem com a imagem do Supremo e das pessoas”. Tem razão, o presidente do tribunal.

O Projeto Meritíssimos vai mexer com a imagem do STF e de seus ministros. Foi para isso que se criou; e por isso é bem-vindo.