Por Carlos Magno Gibrail
A capital paulista depois de impedir o movimento de veículos, está prestes a fazer o mesmo com os paulistanos que desejarem se exercitar em campos de futebol society ou nas quadras de tênis.
O mesmo processo que tirou o futebol de várzea da capital, levando-o para as quadras ou para os campinhos, começa agora a desalojar futebolistas e tenistas. É a oferta e procura de terrenos para incorporações, também conhecida como especulação imobiliária. Tão acentuada quanto à liberalidade excessiva que tais empreendimentos possuem.
Os governos, responsáveis por um planejamento que preserve as modalidades e não interfira no poder econômico estabelecido, precisará exercer seu papel, criando condições na cidade para a prática destes esportes.
A revista VEJA desta semana edita reportagem na qual ressalta o problema para os praticantes do tênis e do futebol e, avalia como perspectiva a retirada destas atividades para cidades limítrofes.
Certamente a solução não é essa, pois a função do Estado é exatamente regular e atender atividades em que a iniciativa privada não tem interesse, mas a população precisa dispor destes serviços ou produtos.
De 2008 até hoje, segundo a VEJA, mais de 60 campos de futebol foram fechados. De acordo com a Federação Paulista de Futebol Society, há 30mil praticantes registrados e 650 unidades, enquanto no tênis não há estatística em relação às quadras públicas, tão necessárias a este esporte mais caro.
Em Salvador, Aracaju, Florianópolis, as Federações de tênis oferecem quadras. No Rio, Porto Alegre, Vitória e Recife há quadras públicas. Entretanto, Buenos Aires é um espetáculo, tanto na região central quanto na periférica. Há tenistas e futebolistas por toda a cidade.
Cidade e Estado, através de seus governantes precisam se mexer, para que os adeptos destes esportes possam também se mexer nas quadras e nos campos.
A tarefa não vai ser fácil, se a Sub-Prefeitura do Butantã servir de exemplo, pois acaba de desapropriar uma área na Super Quadra Morumbi, onde hoje há o CAT uma das últimas academias de tênis da região. Seu proprietário, Leonardo Cunha, um apaixonado pelo esporte, se dispôs a ignorar a especulação imobiliária e planejar uma expansão das quadras. Obteve embargo com alegação de restrição de zona. Entretanto, a administração pública projeta a construção de Cingapuras para complementar a favelização que as administrações anteriores não só permitiram, mas incentivaram.
Aos cidadãos civilizados resta o recado da TV Globo:
Mexa-se
*Campanha premiada da TV Globo em 1976
Carlos Magno Gibrail é doutor em marketing de moda e escreve, às quartas-feiras, no Blog do Mílton Jung
A imagem que ilustra este post é da galeria de Juan Pablo, no Flickr
