Por Abigail Costa
Queria ter a capacidade de colocar os gastos no papel.
Queria. Todos eles.
Fazer exatamente o que recomendam os economistas.
A primeira pergunta a ser feita é:
Precisa ou deseja?
Em seguida, se tiver dinheiro antes da compra, pesquise.
Se nao tiver dinheiro, espere o pagamento entrar, poupe e, depois, muito depois, compre.
Das vezes que fiz isso, (nem me lembro quando ou quantas) …
Só lembro que foi uma decepção total.
Marcou-me a cara de desapontamento do vendedor:
– Senhora, nao tem mais. Esse produto acabou, na semana passada.
Ai que ódio…
A minha cara deve ter sido pior.
– Como não? Eu trouxe o dinheiro pra pagar à vista!
Bem feito.
Claro que não foi isso que me impede de trabalhar em cima de uma planilha.
A equação é simples.
Sou imediatista.
Vi, desejei, pronto – levo pra casa.
Nesse “desejei” entenda-se impulso em muitos momentos.
Não devo ser única, caso contrário seria objeto de estudo.
Tenho a impressão que quando entro nas lojas, os sapatos sorriem pra mim.
Com a mesma carinha dos cachorros abandonados a espera da adoção.
Pego o sapato preto.
Se tivesse o poder da fala o vermelho diria:
– Mas eu vou ficar sem o meu irmão, me leva também!
Definitivamente, não sei decidir entre as cores e as marcas.
Enquanto escolho, experimento, vem aquela sensação gostosa de prazer.
Dá prá parcelar?
A pergunta é quase que automática pra levar os “irmãos coloridos” para o meu closet.
Passado o cartão, digitada a senha, uma outra sensação nem tão gostosa assim passa a tomar conta da cabeça.
Jesus ! Nem precisava, já tinha uns três parecidos.
Uma voz interior, coisa de amiga, me conforta.
– Mulher, parecido não é igual. Fica em paz e ponto.
Dois minutos depois já estou conformada.
E assim, de loja em loja, de semana em semana, de parcela em parcela.
É claro que desse jeito não tem ser humano com orçamento fechado.
Certa vez alguém disse:
– Só se gasta o que se tem.
A frase me pegou igual conselho de avó.
Tinha que acreditar, não é?
Abigail Costa é jornalista e escreve às quintas-feiras no Blog do Mílton Jung, enquanto aprecia os cartões de crédito na bolsa nova.