Grêmio 2×1 Vila Nova
Brasileiro B — Arena Grêmio, Porto Alegre/RS

Para falar da vitória gremista nesta noite de sexta-feira, destaco dois momentos que me chamaram atenção na partida.
No primeiro, o VAR cconvoca o árbitro depois do segundo gol do Grêmio. Pior do que a dúvida de ver o gol ser anulado, é o risco de o lance retornar à origem e um pênalti ser assinalado; de o 2 a 0 que o placar da TV já registrava se transformar em 1 a 1, em meados do segundo tempo. Foram quatro ou cinco minutos de discussão, revisão e ameaça de correção. Acostumado com os acontecimentos dos últimos tempos, do alto do sofá de minha casa, já previa o pior porque assim tem sido nossa jornada desde a tragédia do ano passado: se alguma coisa pode dar ruim, dará ruim.
No segundo, um escanteio a favor do adversário é assinalado quando o cronômetro já havia corrido mais de seis minutos desde os 45 finais. Era resultado de uma sequência de tentativas de ataque que pressionavam nossa defesa e provocavam um sofrimento desmesurado na torcida. Um gol naquele momento seria a decretação do empate — já havíamos tomado um aos 33 do segundo tempo —, da manutenção da série sem vitórias e a abertura da temporada de horrores na reta final do campeonato. Antes de o cruzamento se realizar, meu descrédito previa o pior. Tinha a impressão de que nada seria capaz de impedir aquela bola de entrar no nosso gol. E o pior esteve perto de ocorrer, porque a bola foi mal rebatida pelo Grêmio, ficou dentro da área e por duas vezes o adversário teve a oportunidade de marcar.
Do lance em que o VAR tentou anular à iminência de gol nos acréscimos, algo estranho para esses tempos complexos que vivemos aconteceu: nem o árbitro sinalizou o pênalti nem os atacantes adversários conseguiram botar a bola na rede — nesse caso, bem que um deles enxergou o canto aberto e empurrou a bola naquela direção, mas quis o destino que fosse desviada para a linha de fundo.
Nada do que fizemos em campo, nesta noite, foi muito diferente do que vinha sendo feito até então. Feitos que nos colocaram há algum tempo entre os quatro primeiros classificados mesmo que diante de alguns resultados capengas.
Houve a pressão inicial — neste caso premiada com um gol bastante cedo —- e o espaço para o adversário se aproximar da nossa área; assim como houve um esforço descomunal dos nossos jogadores para revelar disposição na marcação e a imprecisão em muitas jogadas de ataque. Houve até Diogo Barbosa (que por sinal jogou bem e participou dos dois gols) e Thiago Santos, no mesmo time —- o que faria as telhas do Estádio Olímpico despencarem na cabeça de qualquer um que por lá se atrevesse passar. Houve vaias para Campaz e muxoxos para qualquer outro que não fosse capaz de fazer em campo o que a torcida imaginava na arquibancada.
Nada mudou. Nem se poderia esperar por isso, apenas porque a direção do Grêmio decidiu demitir todo o comando do departamento de futebol – com medo de perder votos na eleição do conselho deliberativo do clube, no próximo dia 24 – cometendo mais uma injustiça contra Roger. Mas estou convicto de que alguma força qualquer decidiu nos ajudar, nesta sexta-feira. Dessas coisas que a gente não sabe explicar direito. Dessas que alguns chamam de sorte ou azar. Outros falam em sobrenatural. Os atrevidos dizem que é coisa de quem nasceu com aquilo virado para a lua.
Acho que é um pouco de cada coisa, porque tem gente chegando que dá a enteder que foi iluminada por forças superiores, pois mesmo que trace linhas tortas consegue escrever a história do jeito que deseja.
