Conte Sua História de SP: meu pai lavava o fusca na cachoeirinha da vila

 

Por Ivan Miranda
ouvinte-internauta da CBN

 

 

Tenho 58 anos e moro no Bairro do Limão. Sou paulistano da gema, nascido na maternidade São Paulo, coração da cidade. Minha infância foi passada na Vila Santa Maria, uma das muitas vilas que se formaram ao longo da Avenida Deputado Emílio Carlos, uma estrada asfaltada, como poucas existiam no começo dos anos 1960, que ia do Largo do Limão até Largo do Japonês, passando por uma pequena cachoeira.

 

Aos fins de semana meu pai nos levava até a cachoeirinha para lavarmos o nosso amado fusquinha. Era o lava-rápido da época.   As pessoas encostavam os carros, pegavam seus panos, baldes e produtos de limpeza e aguardavam a sua vez, enquanto o restante da família trazia sanduíches e garrafas de refrigerantes em vidro de 1 litro.  Fazíamos um piquenique improvisado e era sempre uma alegria.

 

Com o progresso chegando, os bairros que outrora pareciam cidades do interior foram crescendo, empurrando a periferia para cada vez mais longe; a paisagem foi se modificando, sempre com mais asfalto e concreto e menos verde. Hoje, onde existia a cachoeirinha e sobre o córrego Cabuçu que desagua no Rio Tietê, passa a Avenida Inajar de Souza que vai até o Terminal de ônibus de região.

 

O que resta da saudosa cachoeira é o nome do bairro: Vila Nova Cachoeirinha. E, claro, a memória de momentos felizes de minha infância.

 

Ivan Miranda é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Cláudio Antonio. Conte você também mais um capitulo da nossa cidade. Escreva para milton@cbn.com.br.

Conte Sua História de SP: amor pela Vila Nova Cachoeirinha

 


Por Alecir Macedo
Ouvinte da CBN e do Adote Um Vereador

 

Ouça aqui esta história sonorizada pelo Cláudio Antonio

 



Minha história em São Paulo teve início em meados de novembro de 1978. 
Em dificuldades financeiras, com 20 anos, recém-casado e 
filho de quatro meses, morando em cidade pequena com empregos escassos, 
resolvi tentar a sorte na cidade grande como tantos outras pessoas 
recebidas por aqui com os braços abertos. A esposa e o filho ficaram na 
casa de minha mãe.

 

Sem nenhum conhecimento, apenas um convite de um cunhado que conhecera 
alguns meses atrás, em visita a minha sogra, para que viesse tentar a 
sorte por aqui. Como referência apenas uma orientação: pega o ônibus na 
praça Princesa Isabel com destino ao Jardim Peri. Pede ao cobrador que 
lhe avise quando chegar perto da maternidade Vila Nova Cachoeirinha, 
disse ele. Desça e atravesse a avenida, vá a um bar na esquina e 
procure por mim. Caso não encontre ninguém no bar, atravesse uma avenida nova e larga que acabaram de construir (era a Inajar de Souza) e procure uma casa verde no 
alto de um barranco. É a quarta casa.

 

Usei a segunda opção pois era por volta das seis da manhã e o bar estava fechado, Encontrei a casa que ficava na divisa com a favela da Divinéia e lá morei com ele por uns seis meses junto com sua família – a esposa e quatro filhos. Era uma casa de três cômodos.

 

Encontrei meu primeiro emprego na  capital paulista, como auxiliar de 
Depto. Pessoal, em uma transportadora na Av. dos Emissários – hoje 
Marques de São Vicente- e lá trabalhei por 12 anos chegando a Gerente de 
Filial. Sofri muito com as enchentes que persistem até hoje por lá.
Mas quero mesmo é falar do orgulho que tenho em morar na Vila Nova 
Cachoeirinha, por 35 anos, lugar onde sem ter a mínima ideia de onde 
estava me metendo me acolheu. Por aqui acompanhei o desenvolvimento do 
bairro e, aquela avenida larga recém-construída (ainda existia a 
cahoeirinha que deu nome ao bairro) foi avançando e hoje chega ao Jd. 
Vista Alegre no extremo norte da periferia. Na parte mais alta do 
bairro, olhava em direção ao Bairro do Limão e só lá enxergava os 
primeiros prédios que estavam sendo construídos na altura do nº 1200 da 
Deputado Emilio Carlos.

 

Hoje os arranha-céus estão por toda a região, mudou a paisagem mas continua morando por aqui aquela gente simples e carente lutando a seu modo pelo pão de cada dia. Falta muita coisa para chegar ao lugar ideal, mas tenho 
muito orgulho daqui, e faço minha parte tentando ajudar na melhoria 
das condições de vida na região, missão quase impossível.

 

De uma coisa tenho certeza: amo a Vila Nova Cachoeirinha e São Paulo que 
com carinho soube me acolher e dar condições para que eu continuasse por 
aqui todos estes anos.

 


Agende uma entrevista em audio e video no Museu da Pessoa. Ou mande seu texto para milton@cbn.com.br.