Por Alecir Macedo
Ouvinte da CBN e do Adote Um Vereador
Ouça aqui esta história sonorizada pelo Cláudio Antonio
Minha história em São Paulo teve início em meados de novembro de 1978. Em dificuldades financeiras, com 20 anos, recém-casado e filho de quatro meses, morando em cidade pequena com empregos escassos, resolvi tentar a sorte na cidade grande como tantos outras pessoas recebidas por aqui com os braços abertos. A esposa e o filho ficaram na casa de minha mãe.
Sem nenhum conhecimento, apenas um convite de um cunhado que conhecera alguns meses atrás, em visita a minha sogra, para que viesse tentar a sorte por aqui. Como referência apenas uma orientação: pega o ônibus na praça Princesa Isabel com destino ao Jardim Peri. Pede ao cobrador que lhe avise quando chegar perto da maternidade Vila Nova Cachoeirinha, disse ele. Desça e atravesse a avenida, vá a um bar na esquina e procure por mim. Caso não encontre ninguém no bar, atravesse uma avenida nova e larga que acabaram de construir (era a Inajar de Souza) e procure uma casa verde no alto de um barranco. É a quarta casa.
Usei a segunda opção pois era por volta das seis da manhã e o bar estava fechado, Encontrei a casa que ficava na divisa com a favela da Divinéia e lá morei com ele por uns seis meses junto com sua família – a esposa e quatro filhos. Era uma casa de três cômodos.
Encontrei meu primeiro emprego na capital paulista, como auxiliar de Depto. Pessoal, em uma transportadora na Av. dos Emissários – hoje Marques de São Vicente- e lá trabalhei por 12 anos chegando a Gerente de Filial. Sofri muito com as enchentes que persistem até hoje por lá. Mas quero mesmo é falar do orgulho que tenho em morar na Vila Nova Cachoeirinha, por 35 anos, lugar onde sem ter a mínima ideia de onde estava me metendo me acolheu. Por aqui acompanhei o desenvolvimento do bairro e, aquela avenida larga recém-construída (ainda existia a cahoeirinha que deu nome ao bairro) foi avançando e hoje chega ao Jd. Vista Alegre no extremo norte da periferia. Na parte mais alta do bairro, olhava em direção ao Bairro do Limão e só lá enxergava os primeiros prédios que estavam sendo construídos na altura do nº 1200 da Deputado Emilio Carlos.
Hoje os arranha-céus estão por toda a região, mudou a paisagem mas continua morando por aqui aquela gente simples e carente lutando a seu modo pelo pão de cada dia. Falta muita coisa para chegar ao lugar ideal, mas tenho muito orgulho daqui, e faço minha parte tentando ajudar na melhoria das condições de vida na região, missão quase impossível.
De uma coisa tenho certeza: amo a Vila Nova Cachoeirinha e São Paulo que com carinho soube me acolher e dar condições para que eu continuasse por aqui todos estes anos.
Agende uma entrevista em audio e video no Museu da Pessoa. Ou mande seu texto para milton@cbn.com.br.
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