Ouça estas duas história sobre o Zepellin sonorizadas por Claudio Antonio
Na década de 1930, apenas dois anos antes do início da Segunda Guerra Mundial, o Hindenburg Zeppelin passou pela cidade de São Paulo. A imagem do monumental dirigível cortando os céus da cidade marcou a memória dos moradores na época. Alzira Paulino, nascida em São Paulo em 1931, contou suas lembranças durante uma oficina de memória do Museu da Pessoa em novembro de 2008:
Morávamos, eu e minha família, na rua da Consolação, travessa da avenida Paulista. Deveria ter mais ou menos 7 anos quando ouvimos um grande alvoroço na rua. Era um Zepellin que estava passando lentamente, muito grande, parecia um balão. Saímos todos muito assustados, pois nunca tínhamos visto tal coisa no ar; mamãe, vizinhos, todos acenando para o alto, e éramos correspondidos; as pessoas que nele estavam também acenavam para nós. Foi emocionante, ficamos muito tristes quando soubemos que o mesmo havia pegado fogo com todos os tripulantes e passageiros. Foi um fato que muito marcou a minha infância.
Samuel Blay, nascido em São Paulo em 1922, era adolescente quando o Zeppelin passou pela cidade. Ele também se lembra da comoção na época do incêndio do dirigível. Mas o que mais o marcou foi a lentidão com que a aeronave cruzava o céu, como ele contou ao Museu da Pessoa em 1999:
Foi em 1937 que o Zeppelin Hindenburg passou por São Paulo, e depois ele pegou fogo lá nos Estados Unidos, caiu e matou muita gente. A velocidade do Zeppelin era três vezes menor do que a de um avião e parece que tinha também compartimentos, camarotes para passageiros… Isso eu não tenho muita certeza, havia uma forma de acolher os passageiros, porque levava dois, três dias uma viagem de Paris a Nova York. O avião levava 15 horas e o Zeppelin levava, vamos dizer, umas 40 horas.