As peruas da fila dupla

Com o retorno da garotada às aulas, o trânsito se complica na cidade. Muito mais carros deixando suas casas mais cedo e ao mesmo tempo. Nas ruas próximas das escolas a movimentação é intensa. E o desrespeito, também. A jornalista Paula Calloni Do Blog Jabuticaba Brasil descreve a experiência de uma mãe que leva os filhos no colégio de carro e quer cumprir a lei. Reproduzo o texto aqui no blog e o convido a visitar o trabalho da Paula lá no Jabuticaba Brasil que tem um “olhar atendo as pequenos detalhes da vida”:

Começa mais um ano escolar e com ele, entram em cena novamente as peruas da fila dupla.

Explico: todos os dias busco meus filhos na escola onde estudam, em Moema. Há anos cumpro essa rotina, mas ainda não me conformei com a falta de sensatez e civilidade de certos pais, que pagam por uma educação particular, mas na frente dos próprios filhos, dão péssimos exemplos de cidadania e civilidade.
A escola deles provê um esquema de fila de carros, autorizada pela CET e que dá a volta na quadra. Seguranças se comunicam por rádio. Anunciamos os nomes das crianças e a saída deles é autorizada, assim que nos aproximamos do portão principal.
Isto não significa que eu deva parar EM FRENTE ao tal portão, porque meus filhos são capazes de andar um metro e meio ou dois pra chegar ao carro. Mas alguns pais, mães, principalmente, não pensam assim. Muitas vezes os filhos já são marmanjos de pernas peludas, adolescentes, mas os pais insistem em parar seus carrões último tipo em frente ao portão, geralmente em fila dupla, atravancando todo o trânsito já complicado de Moema. Grosseiramente berram o nome do filho, não sem antes arremessar suas bitucas de cigarro na calçada.

São as “peruas” da filha dupla: cabelo tingido, blusa de oncinha, brincos dourados enormes, óculos escuros idem. O carro quase sempre importado. Nada contra a ostentação…não é problema meu. Mas parece que a falta de educação tem sempre a mesma imagem peruesca, comprovando a tese de que educação nem sempre tem a ver com classe social.

Sou turrona: na minha frente, ninguém fura fila. Não deixo mesmo. Não acho justo.

A CET não dá refresco. Mas já que não pode ajudar mais, poderia ao menos não atrapalhar. No segundo semestre de 2008, ampliou as áreas onde é proibido estacionar e nós, pais que agimos direito, ficamos sem alternativa. E dá-lhe fila.

Tenho sugerido à escola que chame estes tipos de pais para uma conversa. Afinal, civilidade vem de berço, como dizia a minha avó. Se as tais “peruas” continuam assim, certamente seus “peruzinhos” seguirão o mesmo caminho.

6 comentários sobre “As peruas da fila dupla

  1. Tenho 33 anos e cresci vendo nos telejornais matinaisa CET montando esquema especial para a volta às aulas, entradas ao vivo, todo ano a mesma coisa. Sempre estudei em escola pública e nunca via um carro amarelinho da CET perto da minha escola, não entedia o porquê! As respostas vieram na vida adulta e por falar em educação, esses mesmos motoristas “pais” que páram em fila dupla a bordo de seus carrões, provavelmente são aqueles mesmos que andam no acostamento nas rodovias, não respeitam os limites de velocidade oprimindo os singelos proprietários de carros 1.0. Tenho medo dos futuros motoristas “filhos”, tamanha falta de educação no trânsito.

  2. A prefeitura deveria conceder licença para funcionamento ao estabelecimento que possa garantir a não utilização de via pública para extensão de suas atividades.
    Isto acontece com prestadores como Motoboys, oficinas mecânicas, restaurantes e bares noturnos, etc, que não tem espaço ou comprometem espaços além de seu estabelecimento. O espaço informado na documentação para licença e funcionamento na prefeitura não é adequadamente fiscalizado.

  3. Tenho 37 anos e dois filhos em idade escolar. Vejo estes exemplos lastimáveis diariamente e acrescento que as “peruas” não são as únicas desprovidas de educação nos portões das escolas de São Paulo. Vejo também homens mal educadas “enfiarem” a mão no buzina, para que os filhos os vejam alí, como se fosse possível não vê-los, afinal estão no meio da rua atrapalhando todo o trânsito…
    Paula, mais uma vez parabéns pelo tema abordado!

  4. Sem falar na buzinação…
    Este tipo de burguesia, educada na base da Lei de Gerson precisa tomar muita multa (se é que o poder público está disposto a multar) para aprender.
    Na verdade, eu acho que não tem saída, enquanto o presidente estimula a noção que estudo não é tão necessário…

  5. O tema é fantástico, cheio de verdade… o que me espanta é que todos sabemos onde acontece, com que frequencia e nada é feito. A escola co-responsavel pelo problema fecha os olhos e deveriam se preocupar em educar pais tb, mas por medo de perder o cliente… tb sempre estudei em colégio estadual e sinto que as pessoas tinham mais educação e respeito pelo próximo… ah, sem falar que a maioria são escolas de freiras onde vc escuta “sua vaca” etc… como se fosse tenha um bom dia!!! POBRE MUNDO

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