Provocado pelo secretário municipal de Educação, Alexandre Schneider, fui ler no site do New York Times reportagem sobre o aumento do número de alunos nas salas de aula, em Nova Iorque. O debate que se espalha nos Estados Unidos se reforça com a constatação de que nas classes nova-iorquinas tem de 10 a 60 por cento mais estudantes do que nas cidades vizinhas e isto estaria provocando a saída de algumas famílias que temem a queda na qualidade de ensino.
O prefeito Michael Bloomberg disse que se a escolha é por classes menores ou por melhores professores, ele prefere com os melhores professores. E, assim, o investimento na educação tem sido neste sentido.
Apesar da indignação das famílias, diz o NYT: “As reduções no número de estudantes na sala frequentemente tem pouco efeito na performance dos alunos”.
O debate se desenvolve há décadas e existem alguns consensos como o fato de que o tamanho da classe tem maior influência entre os mais jovens e o efeito é mais profundo quando existem menos de 20 estudantes na sala de aula.
A indicação da reportagem foi motivada pela conversa que tivemos sobre a qualidade da cobertura jornalística em especial na área de educação. Alexandre Schneider entende que, mesmo críticas e necessariamente críticas, as reportagens poderiam se basear em estudos científicos para termos um debate mais qualificado. No que concordo plenamente.
Tenho como exemplo, a discussão do sistema de progressão continuada, apontado como motivo do mau desempenho dos alunos na rede pública de ensino. Todo trabalho realizado até aqui foi incapaz de demonstrar que a forma padrão – “como era no meu tempo”, costumam dizer alguns pais – com ciclos de apenas um ano seja melhor que a progressão continuada. Comparado, o desempenho de cada um dos sistemas é bastante semelhante. No entanto, se acompanharmos as notícias sobre o tema a tendência é de mostrar a incompetência do formato atual com ciclos de três ou quatro anos.
A revista Carta Capital promoveu esta discussão em uma de suas edições recentes.
De volta ao tema do NYT e de olho no que acontece por aqui.
No ensino infantil e fundamental, na cidade de São Paulo, o número médio de crianças nas salas de aula varia de 30 a 33, de acordo com o estágio de ensino, segundo dados de 1º. de março. Alexandre Schneider justifica que a quantidade de estudantes por classe tem diminuído nos últimos anos, mesmo com o fim do “turno da fome”, turmas que tinham de estudar das 11 da manhã às três da tarde.
Há determinação da Secretaria para limitar a 32 alunos as salas da primeira série e a 35 as demais, porém quem for ao extremo da capital encontrará classes com até 39 crianças. Situação que se complica a medida que ocorre nos locais mais pobres – Capela do Socorro, M’Boi Mirim, Itaim Paulista, e Perus -, onde a estrutura familiar também tende a ser precária.
Que professores mais bem qualificados poderiam superar esta demanda na rede pública de ensino, não tenho dúvida. Aqui ou em Nova Iorque. Aliás, jornalistas mais bem preparados para o debate, também.

Quem foi aluno e também já deu aulas, sabe muito bem que o número de alunos em uma sala de aula influencia sim no ensino de boa qualidade.
Claro que podemos começar com professores melhor preparados. Esse problema é mais fácil de resolver e só depende de vontade política.
Más que ao longo do tempo deveríamos diminuir as turmas, isso é fato.
Em Nova Iorque, São Paulo ou Itú terão o mesmo problema com turmas inchadas.
Qual professor que escolheu essa profissão, não adoraria ter mais tempo para continuar estudando.
Vocação, essa palavra fala por si.