Avalanche Tricolor: Por linhas tortas

Aurora 1 x 2 Grêmio
Libertadores – Bolívia

Foi Ele quem empurrou esta bola

Começamos com uma bola no travessão que explodiu na grama, antes da linha do gol; seguimos com um chute cruzado no poste; na mesma jogada os pés  do zagueiro salvaram os bolivianos. Teve ainda o ataque parado pelos braços longos do goleiro adversário. O Grêmio e seus incríveis gols perdidos estavam de volta aos campos da Libertadores, nesta noite de quarta-feira.

Dominou na defesa, avançou pelas laterais, foi criativo no meio-campo e se movimentou  muito no ataque. As chances de gols apareciam a todo momento, fruto do bom futebol. O comentarista chegou a dizer que o Grêmio jogava como se estivesse em casa, mas a bola não entrava. Na cabeça do torcedor a imagem do drama das últimas partidas se reproduzia.

“Papai do céu, olhai por nós”, ouvi minha fé cristã sussurar quase que envergonhada pela heresia de misturar futebol e religião. Não é que ele olhou e deu a Jonas, o nosso “pior e idolatrado atacante do mundo”, a oportunidade de apagar a distorcida imagem forjada pela imprensa estrangeira desde sua última aparição na Libertadores. Com o dedão, a ponta da chuteira, ele fez seu oitavo gol desde que voltou a vestir o manto tricolor. Ele merecia.

Já tendo desperdiçado alguns gols a mais e com o segundo tempo se iniciado, Alex Mineiro foi displicente ao usar o calcanhar quando deveria dar preferência ao dedão de Jonas, e permitiu o contra-ataque que resultou – com toda justiça posso dizer isso – no  injusto empate boliviano.

Não dá para querer justiça divina dentro das quatro linhas. E, afinal, por que facilitar se podemos sofrer ?

A camisa com o espírito do RenatoA  camisa sete, que já vestiu Renato Gaúcho, parece ter transferido a Jonas as múltiplas facetas do atacante que nos levou a conquista do Mundial. Quando mais precisávamos de seus gols perdidos, foi expulso. A bola não nos queria mais, o adversário passou a acreditar na vitória, nossa linha de impedimento quase matava o torcedor do coração, e nosso ataque deixou de existir.

Na televisão, o locutor já falava em tom de consolo que “empate fora de casa não é tão ruim assim” ou “dá prá garantir a classificação no Olímpico”. Devia ter torcedor falando mal do Celso Roth.  Havia um, em Porto Alegre, que pediu as bençãos de Padre Reus.

Mas, você sabe, era o Grêmio que estava em campo. E quando o Grêmio joga não podemos esperar que as coisas se resolvam de maneira lógica. Damos preferência as linhas tortas que, desta vez, confundiram as mãos do bom goleiro adversário.

Gol de Tcheco, disse a televisão. Gol do padroeiro, disse o fiel lá no Rio Grande do Sul. Gol do Papai do Céu que estava vendo tudo lá de cima e com os dedos a coçar o queixo pensava com seus anjos: este time merece ser líder da Libertadores.

2 comentários sobre “Avalanche Tricolor: Por linhas tortas

  1. Aurora, Sadia…, ou seria, Aurora, vinícola de Bento Gonçalves? Acho que o jogo era em casa mesmo!

    Próximo jogo: Grêmio X Miolo.

    Crônica brilhante!! Daqui a pouco dá prá sair um livro.

  2. Olá, Milton.

    Excelente texto e análise da partida. Porém, se dependesse do técnico Celso Roth, um empate já estaria de bom tamanho.
    Tanto é que manteve o sistema defensivo intacto, quando todos pediam que entrasse mais algum atacante( Douglas Costa, por exemplo), pois segundo ele mesmo disse na entrevista pós jogo que não queria correr riscos, ou seja, ele estava com MEDO do time boliviano. A camisa imortal do Grêmio não merece ter medo e muito menos esse treinadorzinho de “meia tigela”.

    Abraço

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