Após ler “Cidade tem de estar comprometida com mudanças”, publicado neste blog na terça 24, o ouvinte-internauta Zizzo Bettega enviou a mensagem que você lê a seguir. Ressalto que ao falar de diferenças geográficas, entre São Paulo, capital, e Estocolmo, apenas pretendia levar para o texto justificativa que se ouve frequentemente na cidade. Concordo com ele que a principal mudança tem de ser prioridade. Mas vamos ao textoque já me conquistou pelo título (refrão do hino do Imortal Tricolor):
Em tese a vantagem de Estocolmo sobre São Paulo para o ciclismo está somente em que a cidade nórdica não requer obrigatoriamente bicicletas com câmbio, como fica claro ao observar a topografia e a respectiva frota local.
Se não deixamos de priorizar o automóvel aqui, lógico nunca teremos os índices da cidade nórdica e por conseqüência um ar minimamente respirável. O que por si só incentivaria a adesão espontânea de novos ciclistas.
O fato de São Paulo requerer uma bicicleta com câmbio; como as mountain-bikes; preferencialmente não afeta em muito aquela sustentável fórmula básica do ciclista em comparação com o pedestre que é válida para as duas cidades, grosso modo:
- 10 vezes mais rápido
- 10 vezes mais longe
- 10 vezes menos esforço
Mesmo quando se fala nas nossas subidas e descidas metropolitanas, requerendo tão somente o mínimo de técnica e intimidade com o câmbio moderno que acredito é o maior obstáculo para uma gama mais abrangente de novos ciclistas no nosso caso. Não em vão o câmbio moderno foi inventado nos Alpes italianos pelo atleta Campagnolo, Algo até certo ponto desnecessário para o ciclismo em cidades insulares como é o caso de Estocolmo.
Já os dados para a “apressada” São Paulo quanto à velocidade média como era de se esperar continuam praticamente os mesmos: 22km/h para os carros cerca de 25km/h de média para as bicicletas. Imaginem houvessem aqui verdadeiros eixos cicloviários!
O que muda drasticamente em relação às duas cidades; creio eu; é que o custo para uma vaga de estacionamento na zona urbana de Estocolmo deve ser proibitiva, enquanto que em São Paulo; o paraíso do homo motorisadus; esta mesma vaga é quase que subsidiada indiretamente pelas municipalidades metropolitanas em prol dos impostos que lhes rendem a indústria automobilística que mata e sufoca lentamente o cidadão e acidifica rapidamente nossos oceanos que são quem verdadeiramente produz o oxigênio que respiramos e que é filtrado pelas florestas remanescentes.
Há tempo de reverter esta lógica perversa ainda?
Enquanto a letárgica maioria motorizada aproveita a lentidão da via para sonhar com sua solução na forma de um panorâmico jeep urbano ledo desejo de superioridade por sobre os demais. Nós Desnudos Quixotes Vitruvianos marchamos contra os nada imaginários moinhos de gente da cidade insana.
Saudações cíclicas,
Zizzo Bettega”
Olá, Milton!
Estou passando por aqui para convidar você, e os seus ouvintes internautas para conhcerem o meu Blog sobre São Paulo.
http://www.ateondevaisaopaulo.wordpress.com
Obrigado!
Sergio Borges.
Olhe, ou melhor, leia, eu não gosto de ter de andar de carro. Prefiriria andar a pé ou de bike. Mas considero atividade de alto risco. Não conheço bem a cidade ainda, apesar de estar aqui há 11 anos. Morava em Embu, na grande São Paulo, mas abri mão do verde para morar perto do trabalho, escola, etc, há 7 meses.
Me diga se isto aqui é o paraíso do homo motorisadus: Eu precisava chegar 18:30h no Itaim Bibi, num trajeto de 6,4 km de minha casa. De ônibus eu levaria pelo menos 1 hora, e teriam que ser 2 ônibus. Gastei 5 minutos para chegar na metade do túnel Sebastião Camargo. 40 minutos dali até a Faria Lima (600 metros, se tanto). E 5 minutos da Faria Lima até o "barato" estacionamento de R$ 12,00 por 2 horas. Cheguei 18:45h, atrasada 15 minutos para a reunião.
Isto é paraíso? Isto é o caos, o desgoverno, o descaso. Não tinha acidente, ou nada de anormal, era apenas o sinal da Faria Lima. Porque não colocam placas antes da entrada do túnel avisando o tempo usual de espera de 40 minutos?
Não nos permitem nem mesmo andar a pé dignamente, muito menos de bicicleta ou ônibus. E andar de carro não é um paraíso, é um inferno.