Política ambiental não é pedágio urbano

Na manchete, no lead, no destaque dos jornais e mídia em geral, aparece sempre a discussão sobre a criação do pedágio urbano confundindo muitas vezes o debate sobre implantação de Política de Mudanças Climáticas. No ano passado, durante a campanha eleitoral, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) quase teve um enfarte quando soube que o texto enviado à Câmara Municipal mantinha a expressão. Seus assessores correram a dizer que foi um erro no material encaminhado e o trecho que tratava do pedágio deveria ter sido extraído da proposta final do Executivo.

Nesta quarta 08.04, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou, em primeira votação, o Plano Municipal de Política Ambiental que tem como objetivo reduzir o impacto da emissão de poluentes no meio ambiente. Fala-se em queda de 30% na emissão até 2012 com uma série de medidas como o incentivo ao transporte público (rodando com combustível mais limpo), promoção de serviços de carona solidária e uso de bicicleta, além da restrição de circulação de veículos.

Para Rachel Bidermann, coordenadora-adjunta do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas e coordenadora da equipe técnica de política municipal de mudanças climáticas, o que está em discussão na cidade de São Paulo é muito mais importante e não pode se resumir ao pedágio urbano. Em jogo, a qualidade de vida do cidadão.

Ouça a entrevista com Rachel Bidermann e deixe sua opinião

6 comentários sobre “Política ambiental não é pedágio urbano

  1. O paulistano não usa o transporte público por dois motivos básicos:
    1.Como a qualquer brasileiro, falta consciência coletiva
    2.O transporte público é horrível
    Para haver uma mudança de mentalidade na população, e nos aproximarmos um pouquinho do primeiro mundo, é necessário que o ônibus, corredores e outros meios públicos de transporte tenham melhor qualidade. Andar esmagado em um ônibus que demora a chegar não é exatamente um incentivo.
    Então, medidas restritivas chegam a ser agressivas ao cidadão, pois obriga-o a utilizar um sistema que não funciona.
    Neste contexto, o pedágio urbano é uma piada de mau gosto. Além de piorar a vida do cidadão, indo de encontro à obrigação mínima de uma prefeitura, ainda elitiza espaços, que passarão a ser preferenciais a quem ganha mais.
    Ou seja, a prefeitura se exime de cumprir a sua obrigação.
    Abraços,
    Grilo D

  2. Como Urbanista de formação, exponho meu parecer a este respeito sobre o pedágio urbano ou medidas para diminuir a poluição (que, na verdade, é uma forma de acobertar a real intenção, que é dar maior fluidez ao trânsito): este problema só será resolvido quando as autoridades fizerem um programa que incentive as empresas a se instalarem em regiões mais periféricas da cidade e em todas os lados. Assim, quem mora na Zona Leste trabalha em empresas na região Leste; na Zona Sul, Norte e Oeste, idem.
    Hoje, a maioria das pessoas saem da região Leste, Oeste, Norte e Sul para trabalharem no Centro. Outras saem do Leste e Oeste em sentido à Zona Sul e, para isto, precisam passar pelo centro. Podem fazer as obras que fizerem que o entrocamente sempre vai haver. O problema diminui temporariamente, mas nunca será sanado.
    Imagine quatro canos desembocando água em um ralo com o mesmo diâmetro. Ele sempre vai transbordar. Agora, pegue cada um destes canos, vire para o lado oposto e faz com que cada um tenha seu ralo próprio. A água não transborda…
    É fácil implantar esta política? Não, não é. Porém, um dia ela terá que ser iniciada. O que fazem hoje: aumentam a boca do ralo; só que os canos também se alargam com o tempo e voltam a transbordar. Agora, se cada ralo individual aumentasse o diâmetro conforme o aumento do cano, não haveriam transbordamentos.Aí você tem uma cidade com maior fluidez e, consequentemente, menor poluição, visto que não será concentrada em um único ponto…

  3. Opinião minha extraído do meu blog (http://jonasfederighi.wordpress.com) na data de 20 de Março de 2009

    “Hoje no Secovi, o artigo de Washington Novaes foi tema de debate acirrado onde todos os envolvidos entre os quais Raquel Rolnick e o Prof. Candido Malta, chegaram a conclusão de que ningúem aguenta mais viver numa cidade impossibilitado de deslocamento. O custo apurado com o trânsito de São Paulo atingiu um limite onde necessariamente teremos que agir. E rapidamente. Uma das soluções paliativas ao meu ver é a criação do pedágio urbano que deverá ser rapidamente aprovado e sancionado.
    Se for para a diminuição do transito de veiculos sobre pneus, entendo como um caminho sem volta pois o cidadão não aguenta mais perder tempo precioso da vida num congestionamento.

    Muito bom o artigo do Washington Novaes.

    Além da criação do pedágio urbano, precisamos urgentemente aumentar os coeficientes de aproveitamento nas áreas centrais, onde os equipamentos e infra estrutura urbanos estão disponíveis, já prontos e em funcionamento. No mundo inteiro (exemplo a cidade de Los Angeles) as cidades que se espalharam, hoje buscam se adensar com o objetivo de diminuir a emissão de CO2, diminuindo o número de viagens de automóvel, aumentando o potencial construtivo e verticalização em pontos centrais onde existem as escolas, os shoppings, os mercados, o comércio e os postos de trabalho. A tendência da cidade é agrupar empreendimentos residenciais próximos do local de trabalho das pessoas e no entorno das linhas de transporte público. As áreas subocupadas das linhas férreas, pode ser aproveitada para verticalização. Os projetos tendem a se concentrar. Os imóveis desocupados na zona central deverão sofrer a taxação do IPTU progressivo, objetivando sua ocupação. Fica muito evidente numa discussão que os bairros dormitórios se tornaram uma solução muito cara em termos de tempo perdido no transporte, poluição gerada pelo mesmo, desperdicio de recursos, falta de qualidade de vida das pessoas, desconforto, irritação no transito. É hora de repensar a cidade.”

    Complementando esse comentário, hoje já com o Plano Federal “Minha Casa Minha Vida”, poderíamos aproveitar os 400 mil imóveis desocupados no Centro de São Paulo, como moradia, retrofitando-os por um custo muito menor do que uma habitação nova e diminuindo todo esse custo de transporte.

    Milton, aproveitando, vi um comentário seu do Plano Diretor de um morador que perdeu o por do sol do apartamento (escutei também hoje na radio). Minha opinião é de que quem não de gosta de São Paulo, Nova York tem outros estilos de cidade pra morar, por exemplo Paris. É belíssima a cidade, toda com gabarito de altura das edificações, vc vê o céu a todo momento. Ou mesmo morar no interior do Estado. Em São Paulo, acabei de perder também o por do sol, fiquei chateado. Minha opção, mudar de ciade.

  4. Milton

    Olha o absurdo como exemplo :

    Trânsito moroso na avenida Faria Lima, no bairro de Pinheiros, obrigou os motoristas a colocar no pé no freio durante pico de trânsito do ano. Pouco depois das 19h20, o volume de congestionamento chegou a 240 quilômetros na cidade de São Paulo. Acompanhe a situação do trânsito no blog do UOL Notícias

    vc acha que faz sentido viver numa cidade nessas condições ?
    Ninguém aguenta mais isso todo dia.
    Eu nunca tinha ouvido falar em 240 km de congestionamento.
    Chega a ser ridiculo, é uma vergonha pra todos nós, me sinto um incompetente de viver numa cidade dessa.

    Não tá na hora de discutir o relacionamento ?

  5. Lendo o comentário acima, postado por Jonas, não posso deixar de fazer o meu comentário.

    Jonas, na tua linha de pensamento, eu deveria achar que pedágio urbano por si nao seria suficiente. Deveria haver sim um pedágio urbano caríssimo, assim as pessoas poderiam morar em Paris ou NY, claro, é tão simples.
    Ah, Jonas, Sao Paulo tem as 11:10 por exemplo, um congestionamento monstruoso de pessoas que estão alí, na Marginal do Rio Tietê, simplesmente passeando, levando o seu animal de estimação para o petshop ou mesmo das senhoras indo à manicure, mas garanto, ninguém está trabalhando!
    Percebe, que todo o problema da nossa cidade é o trabalho? Nossa cidade vive de profissionais que prestam primordialmente serviços, ou do comercio.
    A solução mais facil, como o pedágio urbano, também é a menos inteligente, garanto que como urbanista voce não pensou em nenhum momento na questão economica, ou que voce, que não anda por aí passeando com seu carro, é quem vai pagar a conta, ou voce acha que o preço não será embutido no seu arroz e feijão de todo santo dia?
    Também já pensou que o pedagio urbano tem um custo, que quanto muito se paga, mas não dá lucro? E istou fou falado na radio CBN por uma das pessoas adeptas ao pedagio urbano e colocou tal questao para demonstrat que nao se procurar lucrar com a implantação do mesmo. Bem, aí temos outra questão. Qual é o custo do pedágio urbano? O custo operacional, portanto, só uma classe pode sair lucrando, a das Concessionárias.
    Ah! Voce pode ir comer arroz com feijão em Paris, Londres, Milão ou NY, porque não interior de São Paulo, por conta justamento dos Pedágios, a vida é dificilima!!

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