Liberdade ainda que tardia

Por Carlos Magno Gibrail

As recentes demonstrações de irresponsabilidade dos políticos brasileiros podem ter origem em inúmeras causas. Entretanto, uma da qual ninguém duvida é a liberdade dada aos mesmos.

A política nacional é um sistema enfermo, cuja cura pode-se copiar dos organismos vivos, quando se combate o veneno com o próprio veneno.

Se a liberdade é a droga, que a usemos  para o saneamento geral . Liberdade no voto e as eleições serão valorizadas, pois o voto facultativo é o voto consciente. Propomos dar a liberdade e tirar o dever. Direito e não obrigação.

Alguém duvida que uma ação realizada por gosto seja superior a mesma ação obrigada?

Não é acaso que dos 232 países existentes, 205 tem voto facultativo, 24 tem voto obrigatório e três não tem eleições. Ou seja, 89% optam pela liberdade do voto e 10% obrigam o cidadão a votar. Quantidade e qualidade se apresentam no mesmo grupo, pois Alemanha, Áustria, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Holanda, Inglaterra, Irlanda, Suíça, Vaticano, dentre outros são membros dos 205 cujos cidadãos votam se quiserem.

O Brasil fica dentro dos 10% que obrigam o voto, junto com Argentina, Bolívia, Chile, Congo, Costa Rica, Equador, Panamá, Paraguai, Peru, Nauru, Singapura, Tailândia, etc.

Situação que se depender da opinião pública deve mudar, pois o resultado de uma pesquisa Vox Populi mostra que, se o voto não fosse obrigatório, 51% dos eleitores iriam às urnas. Uma pesquisa CNT/Sensus de 2007 aponta que 58,9% dos brasileiros demonstram preferência pelo voto facultativo, ou seja, rejeitam o sistema adotado atualmente. O voto obrigatório no Brasil, com seus 77 anos, já resistiu a quase 30 propostas parlamentares para que fosse extinto. O que demonstra a existência de forças contrárias. Econômicas, políticas e algumas até indecifráveis. Como a de Luis Eduardo Matta, escritor: “Temo que o voto facultativo acabe levando o grande contingente de pessoas informadas e desiludidas com a política a não votar”.

Ora, se informadas, estão desiludidas com o sistema atual, certamente estarão propensas a protagonizar a mudança geral que aconteceria com o voto facultativo.

Como crê o presidente do Movimento Voto Livre (MVL), Paulo Bandeira, que instituir o voto facultativo é o primeiro passo para o aperfeiçoamento da democracia no Brasil .  “Quanto menos votos, maior o seu valor, portanto menos compra e venda”.

Na mesma linha o conselheiro legislativo do Senado Federal, Paulo Henrique Soares, afirma que os parlamentares que defendem o voto obrigatório receiam perder o “mercado de votos”. E  “A preocupação principal de parlamentar é a reeleição”.

Valeriano  Costa da Unicamp aponta : “Candidatos bons atraem os eleitores. Quando o eleitor sente que o seu voto decide algo importante para ele, ele participa”.

O Prof. Nelson Barrizzelli resume: “Sempre tivemos a esperança de que o voto livre e universal acabaria por escolher os melhores. Infelizmente não é isso que acontece. Tanto no Executivo como no Legislativo, os cargos que dependem de voto, sejam de natureza majoritária ou proporcional, tem uma repetência incompreensível, tendo em vista as irregularidades cometidas por seus ocupantes em período ou períodos anteriores. As mazelas do modelo atual com a compra de votos e o voto de cabresto já foram amplamente comprovadas. A única tentativa que ainda não foi feita é a do voto facultativo, em dia de semana, sem feriado”.

Para quem atua na área de Marketing, é de uma clareza irrepreensível a vantagem do voto livre, pois os candidatos terão que atrair os eleitores como fazem os produtos e serviços oferecidos ao mercado. Vamos inverter os papéis, a mercadoria passa a ser o político e não o eleitor. Que apresentem características e benefícios que nos faça desejar e comprar.

Carlos Magno Gibrail é doutor em marketing de moda e toda quarta-feira escreve no Blog do Milton Jung sem esconder o seu voto na liberdade.

26 comentários sobre “Liberdade ainda que tardia

  1. Bom dia mestre Carlos Magno.

    Como pode ver, hoje, cheguei no horário.

    Concordo com você e causa muita estranhesa o voto ainda ser obrigatório. Precisamos mudar isso.
    Fico muito contente em saber que as pesquisas mencionadas provam a preferência pelo facultativo.

    É óbvio que pessoas esclarecidas votariam em sua grande maioria sim. Discordo do escritor Luis Matta.

    Através do voto consciente, politizado, o resultado seria bem melhor. Você está certissímo quando fala que o obrigatório arrebanha em quantidade, más não necessariamente em qualidade.

    Sou capaz de afirmar sem medo de errar que a ausência nas urnas se daria por eleitores não politizados e não o contrário.
    Pessoas não politizadas falam poucas e boas em dias de eleição e ás vezes ainda comentam que estão indo pagar pela venda do seu voto. Todo mundo sabe disso.

    Dar educação para o POVO causa muitos porquês, correto?
    Devemos pressionar para mudar isso, para ontem.

    Abraços Claudio Vieira.

  2. Claudio Vieira, bom dia, veja alguns indices de comparecimento ás urnas com voto obrigatório para presidente: Argentina 71,81%,Bolívia 84,5%;Brasil, 79.5%; Chile, 84.4%; Equador, 76%; Peru, 87.7%; eUruguai, 88,3%. [1] . No voto facultativo a participação geralmente é superior a 60%. Alemanha votou 77.7%; Canadá, 64.9%;Espanha, 75.7%; França, 84% e Grã Bretanha, l 61.4%. Nos Estados Unidos os 55.3%.pularam para 66% com Obama, produto melhor com venda superior.
    Este é o caminho.
    LIBERTAS QUAE SERA TAMEN

    abraço

  3. Não se pode esperar laranjas e plantar bananeiras, assim como não se pode esperar cidadania vinda de quem nunca usufruiu das benesses de ser cidadão ! Democracia e liberdade pressupõe que meus interesses sejam sublimados em nome do bem estar da maioria e do que reza valores pétreos impressos na lei máxima de uma nação.
    Para ser mais claro!
    Clamamos por menos violência mas permitimos ( a maioria de nós ) que armas de fogo continuassem a ser comercializadas em nosso país. Esta decisão, hoje faz parte do passado, mas a conseqüência continua sangrando inocentes até agora. Ou não vemos armas nas escolas?
    O lixo nas ruas e o esgoto nos rios. Quantos ainda jogam aquele papelzinho na rua, e quantos tem ciência do destino das águas servidas de suas próprias residências? Quantos exigem que elas sejam devidamente levadas a uma estação de tratamento?
    Recentemente foi instituída aqui no estado de São Paulo a CAÇA ao fumo em lugares públicos. E’ muito obvio que um fumante e’ realmente inconveniente quanto insiste em fumar em um lugar fechado. Mas o que dizer da extinção das áreas segregadas reservadas para esta prática? Ou pior! Como posso ter permitido que armas sejam adquiridas mas não me importo com que outros venham a perder o direito de escolher fumar( la no fumodromo )?
    Quantos de nós reclama do transito e não se importa com os ônibus lotados de gente? Ou que a passagem aumentou? Com o pedágio que se cobra no rodoanel?…
    Como explicar a um analfabeto, faminto, morando na rua, esquecido na fila do posto de saúde que e’ importante cobrar no congresso o voto facultativo? Quanto do povo brasileiro esta classificado em uma das categorias citadas neste ultimo parágrafo? Uma perguntinha pra refletir junto com a questão central desta discussão… Quem sabe qual o destino do esgoto de sua pro’pria moradia?

  4. Sergio Mendes,como bem ressalta o Prof. Barrizzelli, esta opção do voto facultativo além de equacionar logicamente a questão da liberdade , nunca foi testada. Diante de tantas anomalias por que não testar ?
    E a questão da LIBERDADE, todos sabemos que vai até o limite da liberdade dos outros.
    Muito boa a sua participação.
    Agradecemos

    Carlos Magno

  5. Com certeza mestre, pode apostar que não há interesse algum em mudar isso, é muito vantajoso permanecer assim.

    Quando eu morava no Estado do Pará eu me lembro de uma situação intrigante, onde eu como militar do Exército à época, trabalhei na segurança das eleições. Naquele dia eu presenciei um candidato trocar votos por dentaduras isso me chamou a atenção.

    Como eu abordei o candidato para coibir a prática, qual foi meu espanto, o eleitor ficou bravo comigo pois eu tinha feito ele perder suas próteses em troca do seu voto. Tentei argumentar com ele em vão.

    Daquele dia em diante eu sabia que o POVO não tinha noção do valor do voto. Nos dias de hoje só mudaram as mercadorias para cesta básica, vale disso ou daquilo, bolsa sanguessuga e por aí vai.

    O cidadão sem educação escolar adequada e não politizado é presa fácil nessa cadeia alimentar.

    Temos que mudar isso.

    Abraços.

  6. Bom dia meu caríssimo Carlos Gibrail
    Um belo tema, apesar de polêmico, deve ser sempre debatido com certeza.
    Brasil, o país dos impostos e dos paradoxos evidenciados pelo colega Sergio Mendes.
    É evidente.
    Não é interessante para os governos que o povo adquira cultura e assim “é mais fáceil” de conduzí-lo”
    Pelo cabresto.
    Então o voto “tem que ser” obrigatório.
    Entre outros exemplos por você citado
    Armas.
    Abração
    Armando Italo

  7. Claudio Vieira, não há possibilidade de obrigar a votar na medida em que o voto é a alma da democracia. Ou seja, é a ação importante do sistema e para tanto é preciso ter informação e discernimento. Vamos imaginar que inteligência todos tenham, mesmo desmentindo Steve Jobs, mas a informação necessária se obtem de vivência e acompanhamento. E isto não encontraremos em todos e se obriga a todos a votar ,resultado bom não iremos ter.

  8. Armando Italo, no meu entendimento o tema antes de polêmico é esclarecedor, pois define bem posições.
    Quem não entende de liberdade, de pluralismo, de cognitivismo e de respeitar o direito dos outros, irá usar os argumentos de cercear para educar, de impor responsabilidade civica, etc
    Neste caso sempre é importante não confundir cultura com erudição, inteligência com informação.
    E finalmente ou o cidadão gosta de politica e vai votar e acompanhar ou não gosta e não vota.
    Dado importante para quem alega que os brasileiros não estão preparados é o resultado das pesquisas

    Abraço

    Carlos Magno

  9. Bom dia Carlos Magno.
    Como sempre relevante o seu comentário sobre a liberdade de ir e vir (votar).
    Concordo plenamente que é seria muito mais dificil comprar e vender votos, manipular e corromper se o número de eleitores diminuisse e consequentemente a qualidade, o peso do voto aumentasse.
    A obrigatoriedade é uma herança da ditadura, onde os mesmos ditavam o que podia e o que não, além do voto, temos ainda o serviço militar obrigatório, onde o governo não possui recursos para realizar o serviço militar com todo o contingente, deveria passar a ser voluntário e formar profissionais.
    Assim como no caso das armas, uma consulta pública deveria ser encomendada, um “plebiscito”.
    Aliás, gostaria de saber qual o mecanismo para se convocar um plebiscito, o que a população deve fazer, o que os representantes dessa população devem fazer? Em suma, como nasce uma consulta popular?
    Abraço
    Erasmo Bonato

  10. A frase da bandeira de Minas Gerais fala por si.

    Você está coberto de razão devemos fazer uma consulta popular e com o resultado obtido, que fatalmente apontará pelo facultativo, instigar o debate em nível nacional.

    Aproveito para convidar o Sérgio Mendes que me parece uma pessoa preocupada com a cidadania para se juntar a nós no Projeto Adote um Vereador e contribuir com o nosso grupo.

    Quanto ao Comandante Ítalo, esse já faz parte do Projeto, como sempre temperou bem o tema com suas sábias palavras.

    Isto posto, abraços à todos.

  11. Daniel Tomazeli Aveiro, obrigado pela participação.
    Vamos ver se na 31a proposta de mudança eleitoral , que esperamos ocorra o mais breve possível, tenhamos a sorte da mudança.
    O momento é dos mais propícios em virtude das anomalias, embora estejamos também numa fase de proibições totais, tipo cidade limpa, alcool zero, fumo zero.É bem verdade que no desmatamento a meta não é zero.
    Liberdade 100% no direito do voto.

    Abraço

  12. É evidente que o voto facultativo não interessa a essa gente que está agora no poder, à custa do voto atual de cabresto, calcado na ignorância , anestesia e descrença geral.
    É necessária uma pressão muito forte dos formadores de opinião, não contaminados ainda, para que se consiga impor uma mudança nas leis eleitorais, inclusive a não obrigatoriedade, para tentar romper o círculo vicioso.
    Simultaneamente, é vital a luta pela revolução no ensino básico , fundamental , para que se chegue ,na próxima geração, a ter eleitores-cidadãos , conscientes e mais esclarecidos, capazes de separar o joio do trigo.

  13. Infelizmente, em algumas regiões do país existe o coronelismo, os grandes latifundiários dominam.
    Então…………………………
    Por estas e por outras que o voto é obrigatório.

  14. Concordo plenamente com o voto facultativo. Entretanto, gostaria de chamar a atenção ao grande problema do Brasil. Assim como outros paises de terceiro mundo, temos um estado que não funciona. Pagamos 40% dos nossos ganhos em impostos e recebemos quase nada em troca. Quanto vale os serviços públicos? Porque a polícia, o ministério público e a justiça não conseguem prender nenhum político? O renam chegou lá porque não foi preso quando era vereador.
    Ao meu ver, nossa grande luta é fazer os órgãos públicos funcionarem. Alias esse é o segredo dos paises do primeiro mundo. A estabilidade no emprego, aliada a sindicatos fortes, direitos adquiridos, falta de metas e resultados, acabaram com o funcionalismo no Brasil.

  15. Markut, além destes casos de voto por interêsse,até de dentaduras como foi dito acima, temos também o oposto. Isto é pessoas cultas, que são letradas e tem sucesso em outras áreas mas que não gostam de politica.
    Por que forçá-las?
    Talvez pudéssemos ter evitado o vexame da atriz MARILIA PERA, que no progama do JÔ, após declarar que era no COLLOR DE MELO, respondeu o por que votar nele?
    Porque é jovem!
    Ficou claro que a Marilia Pera, talentosa, brilhante em sua área, em politica nem tanto, pois não me consta que juventude seja atributo.Afinal não é para função esportiva. Provávelmente se o voto não fosse obrigatório a abordagem seria outra, inclusive a pergunta.

    Obrigado pela participação

    Carlos Magno

  16. Erasmo , o primeiro passo poderia ser uma conversa com o Milton Jung, que como sabemos já está sendo feita.
    Depois uma entrevista com alguns senadores e deputados, que o Milton e Cia. da CBN poderiam realizar.
    O interessante seria termos uma grande remessa de comentários na pauta de hoje. Inclusive usando o recurso multiplicador da Internet divulgar para o cadastro de cada um.
    E vamos à luta.
    Voce imaginou os candidatos terem que vender primeiro o desejo pelo voto para somente depois disso pedirem para que se vote nele?

    Abraço

    Carlos Magno

  17. Carlos Ramires, a questão pode ser resolvida através da legislação trabalhista, tornando-a mais flexivel.
    E também área dificil de mexer.
    Abordamos este assunto aqui em 17 de dezembro, com o titulo LIBERAR DEMISSÕES PARA AUMENTAR AS ADMISSÕES.

    Grato pela participação

  18. Armando Italo, acho que no caso da MARILIA PERA, até que tem um certo censo, pois a busca da juventude no candidato teve correspondência. Afinal quem vota pela juventude espera um desempenho esportivo e isto COLLOR teve.
    Lembra das caminhadas? Com camisetas?
    Do jogo com a SELEÇÃO ? Até marcou um gol.
    Do vôo quebrando a barreira do som?

    Abraço

    E não se esqueça hoje comemoramos a LEI ÁUREA, assinada em 1888.
    Coerência dupla, titulo de Tiradentes e dia da Princesa Izabel

  19. Claudio Vieira, estas ações com associações de bairro para devendê-los são fundamentais para a manutenção e preservação dos aspectos urbanos e ambientais.
    Aqui no Morumbi, desde 2000 temos contribuido de alguma forma neste sentido.
    É o tipo de movimento que realiza sob todos os aspectos de cidadania.

    Se precisar de algo estamos às ordens na SOCIEDADE DOS MORADORES DO MORUMBI.

    Abraço

  20. Carlos Magno, eu acrescentaria ao final de seu texto o seguinte comentário: o voto livre não só inverteria os papéis, corrigindo assim uma distorção que existe desde a sua origem, como também levaria o político a trabalhar dentro dos parâmetros aos quais foi eleito, uma vez que, da mesma forma que ocorre no mercado em geral, se assim não o fizer certamente o eleitor irá descartá-lo em próximo pleito, reproduzindo o que faz quando compra um produto ou serviço que não atende as suas expectativas. Eu iria até mais adiante: deveríamos pensar também na possibilidade de termos um “Procon” da política. Ou seja, propaganda enganosa, promessas não cumpridas, etc. seria objeto de penalização, exatamente como ocorre com as providências emanadas dos órgãos de proteção ao consumidor.

  21. SENHOR……….

    Estou feliz por ouvir uma reportagem verdadeira a respeito das nossas escolas, apesar que ainda não é a metade da realidade.
    Ouço sim, críticas e mais críticas a respeito do corpo docente,gostaria q todos os repórteres ficassem somente um dias nas escolas para vivenciar a realidade do futuro destas crianças sem nenhum parâmetro de normas, regras e leis.
    Segurança nenhuma.
    Estou chocada, não consigo nem expressar-me com a decadência da educação famíliar.
    Existe curso para ter filhos?????

  22. Julio Tannus,não tenho duvida que a competição no mercado é o melhor caminho.
    E com PROCOM ficará ainda melhor. Mesmo porque será um mercado não oligopolizado, pois acreditamos que o numero de candidatos deverá até aumentar, devido a valorização do voto.

    Abraço

  23. Marcia Maria,entendo perfeitamente seu espanto. O Max Gheringer outro dia comentou que os jovens iniciantes nas empresas estão preocupados demais com os beneficios.
    No Congresso , Cámaras Estaduais e Municipais , a postura civilizada está cada vez mais distante.
    E o Enem está demonstrando que a qualidade está ruim.
    A solução é debater.

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