Ônibus é solução urgente para a Copa do Mundo

Por Adamo Bazani

Ônibus para corredor segregado

A FIFA já fez o alerta: os investimentos no setor de transportes estão a passos muito lentos, no Brasil. O Ministro das Cidades, Márcio Fortes, salientou que o Programa de Aceleração do Crescimento prevê, aproximadamente, R$ 4 bilhões para o transporte público nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo de 2014. Apesar de o dinheiro parecer muito e 2014, distante, a verdade é que o recurso e o prazo são apertadíssimos quando o assunto é transporte. Algumas cidades não dão conta nem de oferecer serviço digno aos passageiros habituais, quanto mais aos turistas. A imagem do Brasil, projetada pelo Mundial, depende de soluções nas áreas de segurança pública e transporte.

Essa foi a tônica dos debates da 3a. edição da Transpúblico e do 22º Seminário da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), que se realizaram no Transamérica Expo, zona sul de São Paulo.

O “Ponto de ônibus” esteve lá e acompanhou propostas de especialistas no setor, empresários e fabricantes.

BRT, solução rápida e mais barata

Um consenso foi de que o transporte ferroviário, com malha maior de metrô de “dignificação” da malha de trens já existente, seria a solução mais próxima do ideal, porém, a mais cara e difícil de ser aplicada, principalmente em o menos de 5 anos. Com base nos investimentos que foram realizados na Copa do Mundo da Alemanha, em 2006, e em outras cidades que precisaram de soluções rápidas, o exemplo vem do BRT (Bus Rapid Transit), o ônibus de trânsito rápido, que oferece em corredores segregados um sistema de média e alta capacidades, com rapidez e conforto. De acordo com o diretor-superintendente da NTU, Marcos Bicalho, em palestra, cada quilômetro de um BRT, um corredor exclusivo, custa aproximadamente US$ 10 milhões contra US$ 50 bilhões do sistema VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos) e US$ 90 milhões de metrô. Bicalho garante que se as linhas forem bem projetadas e os ônibus usados nestes corredores forem do modelo ideal, os benefícios serão os mesmos que os oferecidos pelo sistema de trilhos, com a vantagem de o custo de operação e instalação ser menor, além de mexer menos com a paisagem urbana, havendo menos escavações, obras de risco e desapropriações.

O exemplo brasileiro que o Brasil não segue

Por incrível que possa parecer, um dos países que apresentaram o BRT nos padrões modernos para todo o mundo foi o Brasil. “Elaboramos a lição de casa, mas não fizemos completamente.” A opinião é do ex-governador do Paraná, Jaime Lerner. Nos anos 70, chamado de audacioso por deixar ao metrô de lado, Lerner implantou em Curitiba um dos primeiros sistemas BRT da América Latina, com os ônibus em vias segregadas e estações tubo. A ideia foi de criar linhas que ligassem os extremos da cidade em corredores, dando prioridade ao transporte público. Estas linhas contam com veículos de média e grande capacidade, como ônibus alongados, articulados ou bi-articulados. O sistema foi considerado um sucesso. Seguido pela Colômbia, Chile, México, China, Reino Unido e Estados Unidos. Engenheiros públicos e de empresas visitavam Curitiba para estudar a tecnologia desenvolvida no Brasil, mas o Brasil não a seguiu.

Há alguns trechos na capital paulista, poucos com via segregada e pontos de ultrapassagem; no Corredor ABD (São Mateus – São Paulo a Jabaquara – São Paulo, servindo as cidades de Diadema, Mauá, São Bernardo do Campo e Santo André); além de projetos em alguns municípios brasileiros. A base do Corredor ABD foi apontada como uma das alternativas diretas para a Copa. O serviço já vai até a região da Berrini, na zona sul de São Paulo. O prolongamento (segregado) até a região do Estádio do Morumbi seria um reforço interessante para o sistema ferroviário da região. Lerner, no entanto, lembrou que mesmo o BRT sendo uma iniciativa mais rápida, a hora para implementá-lo em alguns casos e expandi-lo, é agora.

No evento foi discutido também o fato de muitos estádios não terem estacionamento suficiente para automóveis. E mais uma vez, até para quem usa o carro, o transporte coletivo pode ser a solução. A exemplo do que aconteceu na Copa da Alemanha e nos Jogos Olímpicos de Pequim, na China, ano passado, as administrações públicas em parceria com a iniciativa privada criaram bolsões de estacionamento há alguns quilômetros dos centros esportivos. De lá, os motoristas eram levados de ônibus de média e alta capacidade para os estádios. A medida é para evitar aglomerações e vias sem circulação devido ao congestionamento nas imediações dos estádios.

Veja fotos das novidades apresentadas, em São Paulo, clicando na imagem acima.

Adamo Bazani é repórter da CBN e busólogo. Escreve às terças no Blog do Milton Jung ou em edição extraordinária, como nesta segunda-feira

7 comentários sobre “Ônibus é solução urgente para a Copa do Mundo

  1. Os meios são importantes, maspor um acaso alguém já viu o estado em que se encontra “Nova Dutra” ? O que é aquilo, que lixo, que absurdo ! A rodovia com maior movimento do país entregue a uma empresa fantasma, porque nada, absolutamente nada se vê da “Nova Dutra” a não ser pedágios ! A qualidade do transporte deve ser essa soma de todos os seus componentes. Nós vemos autoban, viaoeste, ecovias que fizeram investimentos superlativos, e essa “Nova Dutra” ? Tem até defensas rentes à pista, pontes velhas, estreitas. Cadê o governo federal para mexer no contrato ? Cadê a imprensa que não divulga isso ? E por falar em divulga…continuo com a campanha divulga salário já, para todos os petistas e companheiros !

  2. E por falar em governos, o que ‘e a politica de transporte publico de Gilberto Kassab em SP, que tira fretados das ruas beneficiando as empresas de onibus da capital e prejudicando as pessoas que necessitam desta atividade ?

  3. Realmente temos novos, confortáveis, modernos, silenciosos e lindos onibus, trens, metro, na nossa cidade
    E isto é fato!
    Porém ainda falta muito para pelo menos podermos chegarmos “perto do aceitável” para uma polulação de doze milhóes de habitantes sem considerar a grande São paulo.
    E ainda as empresas de onibus retiraram de circulação uma boa parte dos veiculos de circulação
    Por não suportar mais dirigir e possuir um automovel na cidade de São Paulo, além do custo mensal que não é pouco, ássei a ser usuário de transporte publico e de fretados duas vezes por semana e sei o que também sofro esperando ate uma hora num ponto de onibus e quando este chega, não é possivel subir de tanta gente dentro.
    Abçs.

  4. Entendo que o ônibus é um veículo para baixa demanda, não oferece o conforto do VLT, ou tramway, e não atende, mesmo que articulado, média demanda de passageiros. Cidades como Paris estão reativando os serviços de VLT com excelentes resultados. Nós temos, desde a década de 50/60 desenvolvido um desvalor cultural ao transporte sobre trilhos, além de os governos sempre incentivarem montadoras e operadoras de ônibus, o que levou oao fim das ferrovias. O sistema de Curitiba está muito precário, basta andar neles, porque não o VLT mais adequado? Parece mais caro que o ônibus mas, se paga em longevidade dos veículos ao longo do tempo. Ônibus é para trajetos curtos dentro dos bairros, VLT para radiais de média demanda e metrô/subúrbio para radiais de grande demanda. Sendo o Adamo busófilo, então sou bondófilo!

  5. O ônibus realmente é mais barato é mais rápido de se implantar, mas não é a melhor solução, principalmente do ponto de vista do usuário. Quem anda em São Paulo sabe que os ônibus demoram para chegar no ponto e as viagens são demoradas e desconfortáveis. Quem fala o contrário não viaja de ônibus no horário de pico, principalmente se for em dia de chuva. Com esta história de soluções rápidas e baratas nunca se adota a melhor solução que seria o transporte sobre trilhos como o metrô, vlt e trem de suburbio.
    Estes meios de transportes podem ser mais caros e demoram mais para fazê-los, porém são mais eficientes e valorizam mais as regiões por onde são construídos, além disto estes tipos de transportes é que fazem com que a classe média deixe o carro na garagem e use o transporte coletivo. Os ônibus operados por concessionárias preocupam-se mais com o lucro do que com a eficiência e o conforto do passageiro.

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