De vida desimportante

Por Maria Lucia Solla


Assista ao vídeo com a leitura deste texto pela própria autora

Tem gente que olha para a própria vida, compara com a de quem é notícia, e a vê pequena. Descolorida
Mas esqueça a vida pequena e veja uma grande pedra, em cena.

Vai carregada por homens que se curvam ao seu peso, e chama atenção; primeiro pelo tamanho, depois porque não é todo dia que a gente vê uma pedra dessas andando de lá para cá, na via certa ou na contramão.

Teria sido condenada a ser, para sempre, o pilar de seja lá o que for, ou teria sido condenada a, por algum tempo, deixar de ser pilar para ser arrastada para outro lugar?

A gente sempre tende a achar que tudo na vida é condenação. A tal da herança judaico-cristã do auto-flagelo e da comiseração.
Da culpa, da culpa, e da culpa.

Tudo isso é retrato do óbvio, eu sei, e é por isso mesmo que merece especial atenção, pensei.
O óbvio confunde; o óbvio distrai. Leva tua atenção embora, te conquista e te trai.
Reina soberano, feito senador sacano que se locupleta e lambuza, e do óbvio se serve e abusa

A desimportância atribuída a própria vida, acaba virando fato banal;
esporte nacional.

Como vai?
A gente vai levando… diz a canção.
Como Deus quer!
Assim, assim.
Eu mereço!

Ainda tem o esporte de achar que tudo na vida, se não é crime é castigo.
Quem foi que teve a ideia de acorrentar o prazer na masmorra de algum inferno gelado?
Sem sua intervenção, você, eu, todo mundo está condenado.
A sorrateira da culpa campeia solta, começa na mente e toma de assalto o coração.
E então, morre a esperança de redenção.

O fato é que temos, todos, a mesma importância, na tessitura da Vida. Entramos na sociedade com a única coisa que temos para oferecer: a vida. Também por isso é importante lembrar que

A DOR DE VIVER É IGUAL EM TODOS NÓS
… e a alegria também

Quantas vezes a gente perde o foco e sofre a dor do outro, ou regozija pelo sucesso alheio que parece já ter vindo pronto.
A gente segue a cartilha que encontrou esquecida
no banco do carona, depois da sua descida.

E aprende a lição alheia
que leva a tecer, do outro, a teia.
Luta noite e dia
e acaba de alma vazia.
Derrama lágrima estrangeira
e suspira suspiros quânticos
sem sentido,
de coração partido
Sem nome, só um número de RG
Com fome, cena triste de se ver

Tudo isso devido ao erro tamanho,
de ter largado, lá atrás, à beira do caminho,
o fardo da própria vida que considerou tacanho
em busca de quê? Do sonho do vizinho.

E você, sabe por onde e a quantas anda a tua vida?
Pense nisso, ou não, e até a semana que vem.

Maria Lucia Solla é terapeuta e professora de língua estrangeira. Aos domingos, reescreve o livro “De bem com a vida mesmo que doa” em parceira com seus leitores no Blog do Mílton Jung – livro que respira em cada anotação deixada por você.

22 comentários sobre “De vida desimportante

  1. Da desimportância se sai por diversas vias… a minha é o relacionamento com a Juliana, com meus pequeninos, o relacionamento contigo… o ato de observar a mim, diante aos demais… dos queridos… a lupa é melhor…

    Desimportantes? Deles aprendemos também… os “nãoqueridos”?… Mas quem seria “nãoquerido” num mundo do qual desejamos aprender a amar?

    São mesmo “muitoimportantes”!

  2. Bom dia querida , mais uma bela aula de vida , num belo domingo ! Gracias .
    Amei ver a interação do Paulinho contigo . E uma das coisas
    que para mim , nos torna importantes nesta caminhada , é
    este resultado com o mães .
    Bjs , gaúchos e saudosos , Maryur

  3. Estimada amiga Maria Lucia,
    Bom dia.
    A vida é injusta sempre,não racional,porém temos que ter força,perseverança,fé,paz interior,paz exterior e acima de tudo bondade.Só o ato de termos amigos,fazermos amigos,e dizer sempre-
    Bom dia/Por favor/Obrigado.
    Nao se esqueça que teu amigo tem somente 30 % de audição no total e nunca reclamou da vida,pois o importante é:
    VIVER.
    Beijo,
    Farininha.

  4. De todos os seus textos este foi o mais expressivo, sem dúvida. Não consegui conectá-lo aos dois anteriores que fazem parte do seu livro, porém. Siga em frente e sucesso.

  5. Se as nossas vidas não tivesses que passar por algumas ou várias turbulências, provações, atribulações, certamente chegaríamos a um ponto, iríamos dizer:

    “Puxa vida!”
    “Que monotonia”

    Ja presenciei pessoas extremamente ricas materialmente, herdeiros de fortunas, trifortunas reclamando da vida por causa das enormes facilidades que o “dinheiro lhes proporciona”

    Mesmo sendo naquelas fases, que jamais, ou quase temos a certeza que não conseguiremos “sair dessa”

    Ai entram em ação as nossas defesas naturais, positivas e negativas.

    Um pouco de stress e um pouco de ansiedade.

    E saimos de mais uma!
    Como foi possivel nos perguntamos?

    Como homem “dos céus”, termo esse criado pela dona da pensão, minha amada mulher Adine, traço um paralelo.

    Dependendo das “condições de vôo das nossas aeronaves, e das condições climaticas, temos que um pouco mais de potencia nas turbinas, cabrar, picar, curvar, levar a “ave na mão” sem ajuda de sofisticados sistemas de gerenciadores de vôo.

    Porém:
    Com fé, crença, vontade, perspicácia, acreditar em Deus e em nós mesmos, tudo é possivel se realizar.

    De positivo e de negativo!
    Pois sempre aprendemos com a dualidade das coisas e dos fatos.

    O comando das nossas aeronaves e o “Vôo da Vida” conforme artigo que escrevi recentemente aqui no blog, está totalmente em nossas mãos.

    Um bom final de domingo a todos e uma exelente semana na
    “Paz de Deus”

    Bjus
    Armando Italo

  6. É, meu filho querido,

    há desimportâncias e há muitimportâncias.
    A sabedoria é alcançada quando se recenhece os dois tipos, opta por um ou por outro, aqui e ali, e quando se assume a responsabilidade pela oção feita.
    Beijo da tua mãe

  7. Carlos Gustavo,
    que bom ouvir de você que leu meus textos anteriores. É bom falar, mas é muito bom ouvir. Obrigada.
    Quanto à minha expressão, tem rumo próprio e eu adoro deixá-la solta (quase), sem rédeas (quase).
    Ou seja, dou muita corda pra ela e aceito o produto da criação com a humildade e a gratidão do executor.
    O fundo é sempre o mesmo, mas a forma brinca em volta dele.
    Meu livro é a expressão de mim. Eu sou assim.
    Obrigada pelo seu comentário e boa semana,
    ml

  8. Armando Ítalo, do céu!

    “Ja presenciei pessoas extremamente ricas materialmente, herdeiros de fortunas, trifortunas reclamando da vida por causa das enormes facilidades que o “dinheiro lhes proporciona”

    Por favor, alfa india november, não vale mangar de mim! Fico aqui, com meus botões, imaginando o cidadão com a cabecinha no teu ombro chorando aflito porque vai passar uma semana em Paris, em voo de primeira classe, se locupletando de lagostas e Veuve Clicquot, se lamentando, choramingando, ranhetando.
    Me segura, que vou até ali cortar os pulsos, e já volto.
    Beijo,
    ml

  9. Dia! Tarde! Noite, Malú!

    Hoje foi um dia muito especial.

    Nos falamos várias vezes e o quanto é importante gostar de uma pessoa sem nunca tê-la visto ao vivo e a cores.

    O coração aperta e se enche de tanto carinho.

    Minha vida que é muito importante se completa com sua amizade, com seu carinho, com seu tato em lidar com alguém que também nunca viu.

    Oportunidade não faltará para um bom bate papo e um café delicioso na padoca!

    Precisamos mais de quê?

    Temos aquilo que mais importa nessa vida que é saúde e amigos para vivê-la intensamente com pessoas maravilhosas como você, que é muito importante para nós, podemos ficar tranquilos, que viver vale a pena.

    Beijos Claudio, Karen e Sophia

  10. Êitaaaaaaaa
    Malu
    Não vou mangar de vc não rs rs rs
    Fique tranks ai ok!
    Não fique macambuzia por favor.
    Mas realmente, tem gente que tem tudo e ao mesmo tempo não tem nada
    Simplesmente são solitarias.
    Brigaduuuuuu pelo tema de hoje
    E o “patrão” volta das férias na quarta.
    Fsliz semana a todos, com a paz de Deus
    E eu amanha voltando a SP depois de um final de semana magavilhoso na casa de uma das crias, com um baita céu cavok
    Armando Italo

  11. O que bebe Veuve Clicquot pensa: Como seria minha vida se esta bebida fosse cachaça?

    O que bebe cachaça pensa: Como seria minha vida se eu estivesse bebendo Veuve Clicquot?

    Enquanto isso, a vida passa a Jato pilotado pelo Armando e os dois “bebaços” não viram nada.

    Beberam até cair. Uma pena terem esquecido do mais importante: Saborear a “sua” adega!

    Tim, Tim!

  12. Aproveitando o gancho, meus queridos amigos relatarei um breve acontecimento que presenciei hoje logo cedo pela manhã.
    Parece hitoria, mais um causo cômica, mas não é.
    Como de costume, diariamente de manhã bem cedinho levo a Fifi, a “minhs cschorrinha básica” dar umas voltinhas.
    Ou melhor:
    Ela é quem me leva passear porque segurar a bicha com os seus quase 40 quilos de musculos não é nada fácil meus queridos amigos.
    Haja coluna para aguentar rs rs rs
    Então continuando sobre a minha façanha diária, ao passar por uma Xiquérrima(com X para ficar diferente dos demais mortais, como eu por exemplo) oficina mecânica perto de casa, onde só vemos carrões dos mais abastados, carroes ultimo tipo, como Lamborguinis, Mazzetis, BMW tipo X5, CAyenes, Mercedes, Jaguares, Ferraris, e outros do mesmo nipe, eis que parei para dar uma olhada em um destes carrões, quando chega um outro carrão, dessas peruazonas, provavelmente o homem que estava dirigindo devia ser marido da outra perua que estava dentro do carrodesceu do seo brilhante, muitissimo, precioso bem extremamente bem cuidado, esbravejando, reclamando, xingando, ao seu ver e dentro dos seus limites, “um infeliz” motorista de taxi.
    Obviamente como sou curioso como todo libriano, parei para ouvir e ver “de rabo de zóios” o que estava ocorrendo.
    O ricaço vestido de forma impecável, com roupas de altissima grife, perfumadissimo, cheio dos jeitos e trejeitos, ticks e cacuetes, junto com as suas duas peruas estavam extremamente estressados, nervosos, saltitantes, porque o taxi deu uma leve raspadinha, quase imperceptível aos olhos humanos, na pintura do seu precioso possante e um risquinho muito besta em um dos parachoques.
    Genteeeeeeeeeeeeeeee!
    O que é isso?
    Na minha modesta opinião tais condutas, atitudes como as descritas acima, só podem partir de pessoas pobres de espírito, as que vivem e pensam somente no “TER”
    E como sofrem então por causa de um diminuto risquinho na lataria do precioso bem material, sendo que com boa vontade com um painho, juntamente com um pouco de massa de polimento o problema seria resolvido em casa, sem a necessidade de tanta apelação, ignorância, prepotencia, pobreza de espírito, por sinal caractaristicas de muitos chamados new richs e emergentes da atualidade.
    Nada contra quem tem um carrão desses, pode comprar um.
    Mas pessoal, vamos de vagar com o andor porque o santo é de barro é saco tem limites>
    O que faz a falta dereditar que acima de nós e de tudo aqui neste minimo planetinha, chamado Terra, existe um ser superior.
    Abraços
    Armando Italo

  13. Não devemos confundir o banal com o medíocre.
    A vida é feita de coisas pequenas. As GRANDES – boas ou ruins, acontecem raramente.

    Beijos,
    Carina

  14. Voando a 50000 pés de altitude notamos o quanto o nosso planeta é lindo e ao mesmo tempo judiado, extorquido, deixado para traz somente pela ganância, pelo poder, pelo ter.
    Ai faço uma comparação como piloto.
    Porém, lá embaixo, nos dá a impressão que tudo nos parece pequeno.
    Será?
    [URL=http://img188.imageshack.us/i/dsc01072oqt.jpg/][IMG]http://img188.imageshack.us/img188/1773/dsc01072oqt.th.jpg[/IMG][/URL]

    Abraços
    Armando Italo

  15. Oi Malu,

    tão complicado ter desapego às coisas que aprendi serem necessárias pra a vida, mas tão reconfortante quando a deixar ir embora as peças velhas do armário e ele ganha espaço.
    Será se sobra tempo pra viver, se a gente tem que aprender tudo outra vez?
    Te ouvir, me fez lembrar que aprender não tem fim, nunca está pronto é sempre hora de uma nova escolha, coisa que e eu teimo em esquecer.

    Abraço bem grande.
    Sérgio

  16. Sérgio Mendes,
    É muito bom receber o teu retorno.
    Você faz a lição de casa. Não está pra brincadeira.

    Pois é, de repente ir deixando uma coisa por vez pode doer menos e você vai se dando conta e se certificando que pode viver sem a coisa. Se você desinstala um comportamento ou uma crença de cada vez, fica mais fácil e clara a observação do que é que mudou e porquê. Igual quando a gente tem uma alergia e vai tirando um alimento de cada vez, da alimentação, pra saber qual é que dava a tal da alergia.

    Quanto à tua pergunta: “Será se sobra tempo pra viver, se a gente tem que aprender tudo outra vez?”

    Vou te responder singelamente: Mas é isso que é viver.

    Desinstala uma coisa e deixa ela percorrer o caminho de saída. Você permitiu a entrada, agora permite a saída. Observa. Você não precisa fazer absolutamente nada. Só ter a intenção.

    Mudou tanto a frequência da Terra que a intenção é agora a mola propulsora.
    Pense nisso, tá?
    Beijo e boa semana,
    ml

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