É preciso um plano estadual de educação, diz mestre

 

O sistema público de educação no Brasil está reduzido a atividade escolar, quando deveria contemplar diferentes agentes da sociedade como a família e os próprios meios de comunicação. A opinião é do professor da Faculdade de Educação USP, especialista em gestão democrática e políticas públicas, Elie Ghanem, entrevistado pelo CBN São Paulo. Nossa conversa faz parte da série que pretende levantar temas para pautar as entrevistas com os candidatos ao Governo do Estado, que começam no dia 8 de setembro, próxima quarta-feira.

De acordo com Ghanem, os governantes devem ser mobilizados a pensar nas práticas educacional e transformar em permanente o debate sobre o ensino público. “São Paulo precisa criar uma Plano Estadual de Educação”, sugeriu.

Questionado sobre a progressão continuada que se transformou em uma espécie de bode expiatório para os maus resultados no desempenho dos alunos, Ghanem lembrou que o sistema foi implantado sem uma discussão e preparação dos professores. “Há uma tradição de desconsiderar o magistério no debate sobre educação pública”, reclamou.

Ouça a entrevista com Elie Ghanem, ao CBN SP, e dê sua sugestão sobre o tema

Veja aqui o calendário das entrevistas com os candidatos ao Governo do Estado de São Paulo

11 comentários sobre “É preciso um plano estadual de educação, diz mestre

  1. Milton,

    O professor Elie levantou um tema muito importante a ser investigado: não temos, em SP, um Plano Estadual de Educação – embora esta seja uma exigência legal há 10 anos.

    E infelizmente, temos pouco ou nenhum acesso às informações sobre as propostas do executivo para essa lei.

    Em 2003, após uma série de debates, o Fórum Estadual em Defesa da Escola Pública (que reúne uma série de entidades) consolidou uma proposta de Plano que passou a tramitar na Assembleia na forma de projeto de lei. Pode ser acessado aqui: http://www.adusp.org.br/PEE/PEE.pdf

    Ignorando a tramitação deste projeto, apresentado pela sociedade civil, o governo (na época Alckmin) apresentou um novo Plano à Alesp.

    Recentemente, o poder executivo retirou seu projeto de tramitação e decidiu enviar um novo ao Conselho Estadual de Educação – sem qualquer consulta a professores, a estudantes, enfim, à sociedade. Quem denunciou em plenária foi um deputado do PSOL. Até agora, não temos acesso a esse documento.

    Vale investigar: que propostas contém esse plano que o governo teria enviado ao Conselho Estadual de Educação?

    Aliás, atitude na contramão de todo o processo que aconteceu na cidade de São Paulo para construção do Plano Municipal – que envolveu plenárias em todas as subprefeituras, envolvendo milhares de mães, pais, alunos, professores….

    Abraços,
    Fernanda Campagnucci

  2. Milton,

    O professor Elie levantou um tema muito importante a ser investigado: não temos, em SP, um Plano Estadual de Educação – embora esta seja uma exigência legal há 10 anos.

    E infelizmente, temos pouco ou nenhum acesso às informações sobre as propostas do executivo para essa lei.

    Em 2003, após uma série de debates, o Fórum Estadual em Defesa da Escola Pública (que reúne uma série de entidades) consolidou uma proposta de Plano que passou a tramitar na Assembleia na forma de projeto de lei. Pode ser acessado aqui: http://www.adusp.org.br/PEE/PEE.pdf

    Ignorando a tramitação deste projeto, apresentado pela sociedade civil, o governo (na época Alckmin) apresentou um novo Plano à Alesp.

    Recentemente, o poder executivo retirou seu projeto de tramitação e decidiu enviar um novo, “secretamente”, ao Conselho Estadual de Educação – sem qualquer consulta a professores, a estudantes, enfim, à sociedade. Quem denunciou em plenária foi o deputado Giannazi.

    Vale investigar: que propostas contém esse plano que o governo teria enviado ao Conselho Estadual de Educação?

    Aliás, atitude na contramão de todo o processo que aconteceu na cidade de São Paulo para construção do Plano Municipal – que envolveu plenárias em todas as subprefeituras, envolvendo milhares de mães, pais, alunos, professores….

    Abraços,
    Fernanda Campagnucci

    • Fernanda,

      Sua contribuição para a discussão é muito importante pois traz conteúdo a ser conhecido para que possamos pautar melhor o tema na entrevista com os candidatos ao Governo. Não me surpreende sua atitude. Jornalista de mão cheia e visão ampla, só poderia mesmo agir desta maneira. Obrigado.

  3. Pelo que já li neste Blog, os problemas de educação no Brasil está do ensino fundamental ao doutorado. Enquanto não aparecer um líder que promova uma cruzada envolvendo toda a sociedade em prol da educação, quem puder pagar escola particular e estudo fora, irá chorar menos. Pior de tudo, é perceber que pais com condições de bancar seus filhos aqui ou em outro país, sentem mais orgulho do que gastaram: Mais importante que a educação, é provar que puderam gastar: O tar di istatus!

    Terrível: Quando percebem a falta de talento de seus filhos, os incluem como condição de fechamento de contrato, ou os transformam em políticos.

  4. Gostaria de aprtoveitar para acrescentar mais algumas coisas sobre a nossa educação publica
    Professores, estado, alunos, salarios, aposentadoria, direitos humanos.
    Os problemas que envolvem a educação no Brasil, evidenciando o ensino publico é de fazer chorar.
    E a cada dia pior.
    Uma vergonha!
    Basta ver em que lugar se encontra o Brasil na educação mundoal em comparação com países até menos desenvolvidos.
    O que mais me chama a atenção e demais cidadãos é o descaso para com os professores.
    Não há necessidade aquji de enumerá-los pois todos smos sabedores.
    Incentivos gerais praticamente inexiste.
    Salarioa baixíssimos fora da realidade.
    Para ter uma ideia, professores a anos recebem somente gratificações salariais e não aumentos reais.
    Quer dizer:
    Quando o professor se aposentar as tais gratificações não serão incorporadas na aposentadoria.
    A carga horária é absurda.
    Sendo necessário o professor, para sobreviver com um pouco mais de dignidade ter que dar aulas e mais de duas escolas!
    Além de os professores terem que “fazer horas extras em suas casas”
    Corrigir provas, etc.
    Porque não voltam aos tempos do científico, clássico no ensino fundamental?
    Estes voltados para quem deseja ingressar em faculdades voltadas a humanas e exatas.
    E o ECA Estatuto da Criança e Adolescente que precisa ser alterado urgente, pois muitos alunos, “di-menor” deitam e rolam.
    Os fatos acima acontecem em qualquer administração, partido politico.

  5. Prezado Milton Yung,

    Educação máxima ou segurança máxima?

    há uma relação inequívoca entre pobre e falta de educação, podendo com isso gerar o fenômeno da violência. Os exemplos existem em nossos bolsões de atraso, infelizmente ainda bastante numerosos no Brasil.

    A educação brasileira é um grande mosaico, formado por uma grande e dinâmica diversificação. Temos sistemas avançados, principalmente no Sul do país, convivendo com esquemas atrasados, sobretudo no Norte e Nordeste.

    Os próprios governantes brasileiros reconhecem que, em virtude da incidência de muitos crimes, os governos são obrigados a dedicar grandes somas às polícia e ao sistema judiciário. Melhor fariam, é claro, se pudessem colocar esses recursos para melhorar o atendimento educacional, oferecendo uma solução de raiz, que falta ao Brasil.

    Nos dias de hoje, há uma descrença generalizada. Os escândalos no Congresso, as falcatruas no governo, a falta de lisura em alguns membros do Judiciário, tudo isso faz crer que a ética está em pane, promovendo a prevalência da tristemente famosa “Lei de Gerson” (a vida é dos espertos). E se o Congresso não cumpre adequadamente as suas funções, o jeito é substitui-lo, por intermédio de eleições democráticas, como as que estão programadas para o mês de outubro deste ano.

    Os assaltos são sucessivos, não se tem garantia de nada, mata-se por qualquer bobagem. A droga comanda as ações desses celerados. Vivemos num país com enormes desigualdades sociais, com altos índices de desemprego e não se espere que não tenhamos um preço a pagar por isso.

    Não pode haver indiferença do Estado, enquanto cresce essa lamentável criminalidade. Se o cidadão fica responsável pela sua própria defesa, fazendo justiça por conta própria, com a privatização do poder de polícia, corremos o risco de uma guerra civil. Não é isso que se deseja – e certamente a solução passa por uma educação de boa qualidade estendida a todos.

    Uma das realidades mais tristes do nosso país é a verificação de que se trata mesmo de uma nação de muitos contrastes. Cidades desenvolvidas e com um nível de vida apreciável convivem com outras, totalmente desassistidas, onde a pobreza, a ignorância, a violência e a miséria fazem parte de seu cotidiano.

    Gostaria de voltar à prioridade de recursos para a atenuação dos graves problemas sociais que enfrentamos. Ninguém pode condenar a idéia de se ter penitenciárias com o rigor desejado, nesse eufemismo da “segurança máxima” – a fim de que não se tenha de chorar a impiedosa ação dos marginais, hoje os verdadeiros donos das ruas e favelas das nossas grandes metrópoles.

    Está na hora de mudar isso. A educação é o caminho, antes que o país afunde de vez na ignorância, miséria e violência.

    (*)Nelson Valente é professor universitário, jornalista e escritor

    Abraços e sucesso!

    Nelson

  6. O REGIME DE PROGRESSÃO CONTINUADA É LEI !

    (*) Nelson Valente

    A proposta deste artigo surgiu através da observação do crescente número de especialistas em educação, educadores e de futuros licenciados não conseguem entender, interpretar pequeno texto após a leitura sobre legislação educacional na História da Educação Brasileira.Toda lei é como um retrato de uma sociedade: tem caráter ideológico, representa interesses de um grupo e como tal reflete as necessidades e as contradições de uma época e de uma determinada população. Não diferente disso, a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) é resultado histórico de um jogo de forças e interesses (Lei Federal n.º 9.394 de 20 de dezembro de 1996) e foi instituída com o objetivo geral de atender as demandas da realidade educacional brasileira neste final de século.
    A nova LDBEN visando a democratização, entendida aqui como garantia de acesso e permanência na escola, trouxe uma novidade no que diz respeito ao tipo de sistema ou regime adotado pelo Ensino Fundamental, sugerindo e estimulando, através do Artigo 32, parágrafos 1º e 2º, da LDEN nº 9394/96, que o ensino fundamental seja baseado no regime de Progressão Continuada e não mais no antigo modo seriado.
    O regime foi adotado no Estado de São Paulo
    No Estado de São Paulo a “sugestão” foi imediatamente acatada pelo Conselho Estadual de Educação que fundamentou-se no referido artigo 32 da Lei Federal n.º 9.394, no artigo 2º da lei Estadual n.º 10.403 de 6 de junho de 1971 e também na indicação do próprio Conselho n.º 08/97, para implantar na rede pública o regime de Progressão Continuada. A estratégia de adoção do regime, de acordo com os documentos oficiais do Estado, contribui para viabilizar a universalização da Educação Básica, que é o impulso para as nações se projetarem e competirem mundialmente, também é um meio de garantir o acesso e principalmente a permanência do aluno na escola. Os documentos também indicam que esta medida é uma forma de otimizar recursos e de regularizar o fluxo de alunos da rede (idade/série), pois a evasão e repetência eram considerados pela Secretaria da Educação como “perniciosos ralos por onde se desperdiçam” os preciosos e poucos recursos financeiros da Educação.
    Para garantir a “aceitação” pelos professores da Progressão Continuada no âmbito escolar, a Secretaria da Educação divulgou alguns outros documentos de cunho pedagógico que explicitavam as bases teóricas como sendo aquelas do Construtivismo, ou seja, os princípios de Piaget, Emília Ferreiro e Paulo Freire, conceitos de que todos são capazes de aprender e que a aprendizagem é ininterrupta e não linear. O Brasil não tem uma Pedagogia. Tem várias, sobrepostas, muitas vezes sem conexão umas com as outras. A história da Pedagogia brasileira é uma espécie de colagem de modelos importados, que resulta em um quadro sem sequência bem definida. Última moda é o Construtivismo, que nem é método pedagógico, mas sim um conjunto de teorias psicológicas sobre as estratégias utilizadas pelo ser humano para construir o seu conhecimento.

    A partir deste princípios não fazia mais sentido reprovar um aluno pela falta de domínio de alguns conteúdos, mesmo porque a avaliação passa a ser constante, contínua e cumulativa e o reforço escolar e a recuperação, se necessários, devem ocorrer ao longo do ano. A retenção de um aluno só acontecerá ao final dos ciclos em casos extremos de não superação dos conteúdos e de faltas acima de 25%.
    O artigo 32, parágrafos 1º e 2º , deverão ser corrigidos por uma Portaria Ministerial, embora seja um remendo lamentável. Como pode uma lei do Congresso ser corrigida por instrumento de menor hierarquia?

    (*) é professor universitário, jornalista e escritor

  7. A capacitação e o aperfeiçoamento do nosso professorado.

    (*) Nelson Valente

    Surge, por iniciativa do MEC, o Pacto Nacional de Educação. Como em todos os demais, não se sabe se dará certo, apesar das suas magníficas intenções, principalmente no que se refere à qualidade de ensino.
    Os debates se sucedem e nem sempre as teses são renovadas. Repetem-se conceitos e reclamações, como se a educação brasileira fosse mesmo um imenso e monótono realejo.
    Como não custa especular, resolvi propor um “Pacto Nacional de Educação”, onde procurei sintetizar o que poderia ser um programa de governo a partir de necessidades mais imediatas do povo brasileiro:
    Pagar condignamente a professores e especialistas (o Brasil dispõe de 1 milhão e 300 mil), fator essencial para se alcançar a qualidade de ensino preconizada pela Constituição.
    Atribuir recursos generosos à Educação de Jovens e Adultos, a fim de erradicar o analfabetismo até em 2012.
    Utilizar na educação, inclusive a distância, os modernos recursos da tecnologia, como rádio, televisão, computador e satélite (este custou 250 milhões de dólares ao povo brasileiro e não está sendo usado para educação, embora disponha de capacidade ociosa).
    Dar prioridade à educação pré-escolar, com um amplo programa de assistência pedagógica e médico-odontológica. Nessa fase, a nutrição é fundamental para formar adequadamente o cérebro das nossas crianças.
    Reduzir os índices de evasão e repetência no ensino fundamental, criando novos estímulos para a permanência das crianças nas escolas urbanas e rurais. E acabar com a praga do absenteísmo, que leva 4 milhões de crianças na faixa dos 7 aos 14 anos de idade e não frequentar escolas.
    Aproximar o ensino médio do mundo do trabalho, abrindo chances de estágio nas empresas brasileiras, adotando-se o moderno conceito de politecnia.
    Garantir o ensino gratuito a todos os estudantes que demonstrem falta ou insuficiência de recursos, inclusive distribuindo bolsas para estimular a sua formação.
    Reformar profundamente o ensino superior, exigindo a qualidade reclamada pela sociedade brasileira.
    Estimular os trabalhos de pesquisa na Universidade, dobrando o número dos nossos cientistas e assegurando desenvolvimento científico e tecnológico autônomo. Temos hoje somente 30 mil cientistas.
    Fazer da educação uma prioridade efetiva na atribuição de recursos financeiros, indo além dos limites estabelecidos pela Constituição de 1988, como atestado de uma decisão política de apoio efetivo.
    Reciclagem permanente dos professores em todos os níveis de ensino em didática e prática de ensino (a maioria dos professores não tem didática e não sabem o que é um planejamento educacional, curricular, ensino e não tem critério em suas aulas – o que é lamentável).
    Já não era sem tempo. Depois de tantas promessas parece que chegou a vez de modificar as condições de as condições de vida dos profissionais de educação, para que finalmente corrija o que talvez seja a maior deficiência na educação brasileira: a capacitação e o aperfeiçoamento do nosso professorado.
    No Brasil, a canoa da educação parece furada, por falta de uma clara vontade política e por uma deficiente mentalidade que nela ainda não enxergou o futuro. Além das questões estruturais, existem problemas concretos, como a valorização do professor, que precisa ganhar mais e deve ser cobrado pelos resultados. É por isso que estamos longe de uma perspectiva favorável.
    Democratização do ensino não é baixar o nível de ensino na escola (igualando a todos na ignorância), mas levar o bom ensino a todos, para que cada um chegue aonde quer e pode chegar.

    (*) é professor universitário, jornalista e escritor.

  8. Prezado Milton Yung,

    Não serão futuros adultos analfabetos?

    Quais são os direitos das crianças que, em idade escolar, se encontram fora da escola ? E as outras que, estando na escola, recebem péssimo ensino? As perguntas me foram feitas na Faculdade Cásper Líbero -São Paulo e são pertinentes quando se sabe que o governo inova suas relações com o problema lançado o "Estatuto da Criança e do Adolescente". Pode ser mais uma prova de boas intenções ( de que o inferno anda cheio), mas pode ser também o início de um projeto ambicioso e inadiável, que fuja ao lugar-comum das campanhas inócuas e demagógicas. O IBGE divulgou relatório sobre a situação da criança, com base em dados de 2006. Há indicadores da tragédia infantil que não devem ser desprezados, como o fato de um terço dos 24 milhões de crianças e jovens entre 10 e 17 anos serem economicamente ativas ( trabalham ou já tiveram intenção de trabalhar) e 22% delas viverem em famílias de somente um salário mínimo. Isso pode explicar de modo claro o abandono prematuro da escola. Aliás, 14% dos 25 milhões de crianças em idade escolar ( 7 a 14 anos) estão fora da escola. De cada 100 que ingressam na primeira série do ensino fundamental, somente 13 chegam ao final do curso. Há um pequeno aumento no índice de escolaridade, mas o número é ridículo diante das comparações que podem ser feitas com países desenvolvidos. Não basta ir à escola. Veja-se o número médio de horas/aula. Nas nações pós-industrializadas, opera-se com a escola de base 8 x 8 , ou seja, cada aluno fica 8 horas por dia na escola, durante 280 dias, num período de 8 anos. Isto em termos de educação básica. Fazendo as contas, dá uma carga horária, no momento do aprendizado, de algo em torno de 17.920 horas ( 280x8x8). O número é comparado com o que ocorre no Brasil: são de 200 dias letivos para 4 horas diárias ( em média) e 8 anos de escolaridade. O total dá 6.400 horas/aula ( 200x4x8). O grevismo, o assembleísmo e o corporativismo sentaram praça nos grandes centros urbanos e o resultado aí está, na falta de cumprimento físico dos calendários escolares, com o consequente rebaixamento dos padrões de ensino. Por tais números pode-se inferir que nossas crianças recebem 1/3 dos conhecimentos que são ministrados nos países desenvolvidos, o que aprofunda uma diferença hoje abismal. Como seremos uma sociedade competitiva ? De que maneira corrigir isso ? O mundo conhece cerca de 30 mil profissões, a quase totalidade proibida a analfabetos ou subalfabetizados, o que hoje corresponde a uma clientela de 44 milhões de brasileiros. Se o analfabeto fala e maneja apenas 2.500/3.000 palavras, como exigir o aumento da sua produtividade? De toda a forma, a raiz do problema encontra-se na educação básica e nas possibilidades de ensinar adequadamente às nossas crianças, em época oportuna. As distorções idade/série são muito grandes entre nós, fruto de um quase abandono dessa fundamental prioridade. Querem um exemplo ? O Brasil tem hoje cerca de 127 mil alunos de pré-escolar com 9 anos de idade e que estão sendo assistidos de modo bastante precário. Não serão futuros adultos analfabetos? Campanhas e projetos espetaculares não resolvem o problema. Sou partidário de uma ênfase na educação básica, para que se estanque a fonte geradora dessa situação deplorável da educação brasileira.

    Abraços,

    Nelson Valente

  9. Senhores boa noite,

    Sou professor da rede estadual a 24 anos. Na verdade, o que esta faltando, é este governo que ai esta, parar de mentir para população, falando que tem 2 professores por sala, falando que os professores estão contentes, que o ensino esta melhorando, que as escolas estão equipadas com computadores. Eu vou usar a mesma frase que eles dizem, é tudo trololo desse governo, é tudo mentira, eles mentem descaradamente. O que temos nas escolas, são: muita drogas de todos os tipos dentro e fora das ues, violencia e vandalismo. Nós professores, ficamos acuados dentro das ues. Todos os dias, somos ameaçados, nossos carros são riscados, muitas vezes quebrados e não podemos fazer nada.
    Com relação a progressão continuada, nós professores, tivemos que emguli-la guela abaixo, não tivemos participaçao na sua implantação. Quando chegamos nas ues, o pacote já estava pronto. A mesma coisa, foi com o novo plano de ensino do estado. Recebemos nas ues os cadernos e disseram para nós tem que ser aplicados pois é dai que vai sair o bonus dos professores.
    Se vcs, não estão acreditando no que estou falando, visitem as escolas estaduais da periferias ai, vcs constatam com seus proprios olhos.

    Abr,

    JS

  10. Prezado Milton Yung,

    lendo e relendo o comentário do professor da rede estadual de Educação – José Sinval, confesso estar preocupado com a qualidade de ensino, não só em São Paulo, mas em todo o território nacional: desde o Ensino Fundamental a Educação Superior, em todos os seus aspectos.

    Milton,

    aqui vai a minha contruição:

    Surge, por iniciativa do MEC, o Pacto Nacional de Educação. Como em todos os demais, não se sabe se dará certo, apesar das suas magníficas intenções, principalmente no que se refere à qualidade de ensino.
    Os debates se sucedem e nem sempre as teses são renovadas. Repetem-se conceitos e reclamações, como se a educação brasileira fosse mesmo um imenso e monótono realejo.
    Como não custa especular, resolvi propor um “Pacto Nacional de Educação”, onde procurei sintetizar o que poderia ser um programa de governo a partir de necessidades mais imediatas do povo brasileiro:
    Pagar condignamente a professores e especialistas (o Brasil dispõe de 1 milhão e 300 mil), fator essencial para se alcançar a qualidade de ensino preconizada pela Constituição.
    Atribuir recursos generosos à Educação de Jovens e Adultos, a fim de erradicar o analfabetismo até em 2012.
    Utilizar na educação, inclusive a distância, os modernos recursos da tecnologia, como rádio, televisão, computador e satélite (este custou 250 milhões de dólares ao povo brasileiro e não está sendo usado para educação, embora disponha de capacidade ociosa).
    Dar prioridade à educação pré-escolar, com um amplo programa de assistência pedagógica e médico-odontológica. Nessa fase, a nutrição é fundamental para formar adequadamente o cérebro das nossas crianças.
    Reduzir os índices de evasão e repetência no ensino fundamental, criando novos estímulos para a permanência das crianças nas escolas urbanas e rurais. E acabar com a praga do absenteísmo, que leva 4 milhões de crianças na faixa dos 7 aos 14 anos de idade e não frequentar escolas.
    Aproximar o ensino médio do mundo do trabalho, abrindo chances de estágio nas empresas brasileiras, adotando-se o moderno conceito de politecnia.
    Garantir o ensino gratuito a todos os estudantes que demonstrem falta ou insuficiência de recursos, inclusive distribuindo bolsas para estimular a sua formação.
    Reformar profundamente o ensino superior, exigindo a qualidade reclamada pela sociedade brasileira.
    Estimular os trabalhos de pesquisa na Universidade, dobrando o número dos nossos cientistas e assegurando desenvolvimento científico e tecnológico autônomo. Temos hoje somente 30 mil cientistas.
    Fazer da educação uma prioridade efetiva na atribuição de recursos financeiros, indo além dos limites estabelecidos pela Constituição de 1988, como atestado de uma decisão política de apoio efetivo.
    Reciclagem permanente dos professores em todos os níveis de ensino em didática e prática de ensino (a maioria dos professores não tem didática e não sabem o que é um planejamento educacional, curricular, ensino e não tem critério em suas aulas – o que é lamentável).
    Já não era sem tempo. Depois de tantas promessas parece que chegou a vez de modificar as condições de as condições de vida dos profissionais de educação, para que finalmente corrija o que talvez seja a maior deficiência na educação brasileira: a capacitação e o aperfeiçoamento do nosso professorado.
    No Brasil, a canoa da educação parece furada, por falta de uma clara vontade política e por uma deficiente mentalidade que nela ainda não enxergou o futuro. Além das questões estruturais, existem problemas concretos, como a valorização do professor, que precisa ganhar mais e deve ser cobrado pelos resultados. É por isso que estamos longe de uma perspectiva favorável.
    Democratização do ensino não é baixar o nível de ensino na escola (igualando a todos na ignorância), mas levar o bom ensino a todos, para que cada um chegue aonde quer e pode chegar.

    Nelson Valente

    Professor universitário, jornalista e escritor.

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