Destacado internacionalmente, o estacionamento do templo religioso no interior de São Paulo recebe quantidade de ônibus que supera a frota da maioria das cidades brasileiras e pode ser considerado um dos maiores terminais de ônibus do mundo.

Por Adamo Bazani
Quatro mil ônibus colocados lado a lado, dos quais 2,5 mil fretados, junto com mais de 6 mil carros, em uma área de cerca de 272 mil metros quadrados, formam o maior estacionamento do mundo que pode ser encontrado na Basílica de Aparecida, conforme registra o Guiness Book, o livro dos recordes.
Para se ter ideia, esse número de ônibus é 10 vezes superior a toda frota municipal de uma cidade como Santo André, no ABC Paulista, que tem cerca de 400. O terceiro maior templo católico do mundo comporta em torno de ¼, mais precisamente 26,6%, da frota que atende a capital paulista onde rodam 14 mil 995 mil ônibus cadastrados.
Sem exageros, a Basílica de Aparecida, na região do Vale do Paraíba, interior de São Paulo, pode ser considerado um dos maiores terminais rodoviários do mundo. Isso sem contar que o templo recebe também fiéis vindos de ônibus urbanos e rodoviários de linhas regulares, não fretadas.
A foto, conservada por Jorge A. Ferreira, mostra que o local é testemunha da evolução da indústria de ônibus e do transporte coletivo em geral. A imagem é de 1961, quando a torre da basílica ainda estava sendo erguida. Nela podem ser vistas preciosidades da história dos transportes, como Monoblocos O321, da Mercedes Benz, os primeiros ônibus integrais, que unem num bloco só motor, chassi e carroceria, de alcance nacional e internacional fabricados no Brasil, além de velhos Carbrasas e Nicolas, entre outros.
E quem quer dar um passeio pelo passado e até mesmo pelo futuro da história dos ônibus, uma volta no enorme estacionamento é uma boa pedida. Isso porque, o local, principalmente no dia 12 de outubro, recebe ônibus do Brasil inteiro, de empresas de diferentes portes e passageiros com situações financeiras distintas. Assim, é possível ver os modelos mais modernos do mercado, com computadores de bordo, ambientes para jogos e entretenimentos eletrônicos, até os veículos mais simples do início dos anos de 1980, às vezes até mais antigos.
A Basílica chega a receber em feriados prolongados como este até 400 mil fiéis. E foi essa demanda e a necessidade de receber de forma mais organizada possível que motivou a construção do atual templo. As movimentações para que a Basílica atual fosse construída começaram em 1926 por romeiros e funcionários do templo da época. A estrutura era pequena para o número de religiosos. Mas os pedidos foram negados pelo então arcebispo de São Paulo, Dom Duarte Leopoldo, que preferiu concentrar esforços para ampliação de igrejas na capital e do Seminário do Ipiranga, também na cidade de São Paulo.
A iniciativa só foi abraçada em 1939 pelo sucessor Dom José Gaspar. Mas a trágica morte do religioso num acidente de avião, em 1943, interrompeu os planos. As obras tiveram um início tímido em 10 de setembro de 1946, quando foi lançada a pedra fundamental que pouco tempo depois foi roubada. As obras só se intensificaram em 1955 e além de dízimos e doações dos fiéis, recursos públicos foram usados.
O Governo Federal ofereceu o transporte de cimento. Com recurso público foi feita toda a estrutura de ferro da torre principal. As obras de canalização da Ponte Alta e do nivelamento do Morro dos Pitas saíram dos cofres estaduais, além do asfaltamento da praça principal. A Basílica só foi concluída quase 40 anos depois do início das obras, em 4 de julho de 1980.
As empresas de fretamento devem muito a fé, pois Aparecida é um dos maiores mercados para o setor. Em contrapartida, a Igreja Católica tem de agradecer ao serviço de ônibus, sem este não haveria como tantos fieis seguirem a caminho da Basílica.
Adamo Bazani é jornalista da CBN, busólogo e escreve no Blog do Mílton Jung
Muito bom artigo. Agora, se a estação do trem bala se concretizar mesmo em Aparecida, como será que o setor de ônibus reagirá, tanto o fretamento como os rodoviários?
Abraços
Olá Hilton, obrigado pelo comentário. Eu, particularmente, ainda não estou convenciodo em relação ao trem bala. E não é papo de busólogo não. è que grandes obras que envolvam soluções caras e milagrosas no setor de transportes me despertam um certo trauma e recordações de exemplos que só foram perda de tempo e dinheiro para os cidadãos.
Ma se por acaso se concretizar, no máximo quem deve ser prejudicado é o setoir de linhas regulares, dependendo ainda do preço da passagem do trem bala. Se for parecido com o do ônibus, aí haverá sim prejuízos às empresas
Quanto ao fretamento, creio que será o segmento menos prejudicado, pois é uma forma de transporte BARATA, principalmente para grupos de romeiros.
Hipoteticamente falando, se uma passagem de um trem bala custar R$ 110,00, atualmente, é possível alugar um ônibus para 48 pessoas por R$ 500, dependendo da distância e da empresa (tipo de veículo empregado).
Além disso, vêm para Aparecida, ônibus do Brasil inteiro, áreas que não seriam cobertas nunca por um trem bala.
Essa é minha visão, posso estar equivocado.
Abraços, Adamo Bazani
Olá amigos!
Realmente é um fato curioso o fato de ser o maior estacionamento do mundo. Independente do credo dos amigos, acho muito legal que fieis do Brasil inteiro façam uma logística para o evento, seja nas carreatas, ou nos fretamentos.
Além da Fé, a economia cresce com isso também, pois empresas lucram, a cidade recebe mais turistas e o templo mantém suas atividades. Uma atividade cultural!
Sobre o trem bala, creio eu que ele facilitará para pessoas que querem viajar em grupos menores e não optem por adquirirem uma passagem pela Viação Pássaro Marron ou embarcar nas excursões de paróquias. Sendo assim, concordo com o Ádamo que o serviço de fretamento não seria prejudicado, uma vez que é tradicional e outras regiões do Brasil não terão trem bala.
Um ponto forte, é que muitas pessoas vão em seus veículos particulares, sejam para pagar promessa, abençoar os veículos, ou pela comodidade.
Parabéns mais uma vez Ádamo, pela reportagem. Você sempre diversifica os temas, demonstrando que o transporte não tem fronteiras para aprendermos!
Abraços a você meu amigo, Milton Jung e demais amigos!!!
que legal