
Jaime Lerner é ex-prefeito de Curitiba, ex-governador do Paraná e ex-político do Brasil. Há oito anos, preferiu se dedicar as carreiras de arquiteto, urbanista e sonhador nas quais tem alcançado resultados impressionantes. Apesar disso, a lembrança da maioria dos brasileiros ainda é do início de sua vida política quando transformou a capital paranaense em referência internacional.
Convidado pelo programa Roda Viva, da Tv Cultura, tive oportunidade de conversar com ele, na tarde dessa segunda-feira, no ar e no bastidores. Tanto em um lugar como no outro é o mesmo otimista de sempre. Acredita na capacidade do homem, por mais que este tenha a tendência de complicar as coisas simples. E na possibilidade de as grandes cidades se transformarem em ambientes de convivência e qualidade de vida, mesmo que identifique em nossa realidade a existência de uma guerra urbana.
“Sou otimista por que já vivi isto, já fiz isto, tenho legitimidade porque fiz algumas coisas, eu sei fazer isto”, ressalta para que este sentimento não se confunda com ilusão.
Lerner fala pausado, parece cansado, mas é extremamente dinâmico nas suas ideias. Desenha uma rua móvel, que se constrói à noite e se desmonta de dia, ou vice-versa. Projeta um carro elétrico para curtas distâncias e para ser usado de maneira coletiva. Desenha soluções para ilhas, cidades e prefeituras. Para São Paulo, também, apesar de a prefeitura ter dado de ombros à sua proposta para a Cracolândia.
Acredita que com a política de acumputura urbana consegue melhorar a qualidade de vida em qualquer ambiente em três anos.
Para resolver catástrofes como a que assola a serra fluminense, entende que precisamos primeiro dar solução às tragédias do dia-a-dia. Lembra que o trânsito e a falta de planejamento urbano matam tanto como as guerras. Na capital paulista, morrem em média 1.400 pessoas por ano. No Rio, já são mais de 600 os enterrados pelas enchentes e deslizamentos de terra.
Não se assusta com a dimensão da capital paulista. Critica autoridades e especialistas que a usam para justificar a falta de ação. Para ele, o tamanho não é desculpa. E diz, fora do ar, que a Cidade do México com seus quase 9 milhões de moradores hoje é bem melhor do que São Paulo, que tem pouco mais de 11 milhões. “Não é a escala, é a visão que interessa”, destaca.
Para falar de solução para as tragédias, fala de habitação e mobilidade. E defende que as cidades copiem a tartaruga – abrigo, trabalho e locomoção no mesmo lugar. “O casco lembra a tessitura urbana, se quebrarmos este casco, a tartaruga morre”, completa a analogia.
Não gosta da ideia adotada pelos Governo e prefeitura de São Paulo que ampliaram a Marginal Tietê e apostam todas suas fichas no metrô. “Em São Paulo, 84% das pessoas se deslocam na superfície, para o metrô funcionar bem a superfície precisa funcionar bem”. Lerner não está no time dos que defendem o fim do automóvel, entende que todos os modais têm sua função. É necessário metrô esperto, ônibus esperto e carro esperto, reforça.
E o que fazer para resolver o problema de agora, quando centenas de pessoas morreram e milhares perderam as casas ?
Quer abrigo imediato para as pessoas, seguro para as casas que serão abandonadas e correm o risco de serem saqueadas, proibição de moradias nas áreas de risco e a criação de uma zona franca que isente de impostos quem se comprometer a criar empregos nas regiões que sofreram os desabamentos.
E para as cidades brasileiras ?
Mobilidade, sustentabilidade e sociodiversidade são a solução, explica de maneira simples.
Ouvir Lerner por uma hora e meia, mais o tempo extra antes e após o programa, nos faz acreditar que as grandes cidades são possíveis, as soluções estão na simplicidade e os homens é que complicam a coisa. E nos dá esperança de que é possível mudar a qualidade de vida no ambiente urbano.
Mas para isso é preciso sonhar: “Você tem de ter um sonho e propor um cenário que seja desejável para as pessoas. Quando as pessoas veem um sonho realizável, elas se transformam”. Não se fruste se o sonho não se realizar, pois se você se dedicar, um dia este sonho vai te cutucar e perguntar: lembra de mim ? – ensina.
Lerner falou q a burocratizacao da margem a corrupcao. em situacoes emergenciais o governo precisaria ser mais agil, por ex, na liberacao de verbas. assim como o legislativo eh agil (e como!!!) para votar o aumento do seus salarios.
Assistí o programa, que foi uma verdadeira aula de visão e criatividade e agradeço suas boas e elegantes intervenções. Achei muito inteligente o Jaime dizer que para a Copa não necessitamos de grandes estacionamentos ao redor dos estádios pois no dia de jogos poderiam focar os onibus existentes para levar as pessoas. Faltou esclarecer(pois ele é muito ético) que a FIFA exige estacionamentos gigantes pois fica com a renda toda… Abraços, Jordão
Curitiba é a cidade que possui melhor qualidade de vida, urbanis, sem sem caos, etc, graças ao Lernes quando foi prefeito.
São paulo como ficou, nem com vinte Lerners teria mais jeito.
mas ainda acredito que um dia “um Lerner” administrarra são paulo com competencia, tecnica e honestidade.
Sou arquiteto e recentemente recebemos o Jaime Lerner para apresentar sua proposta para a cidade de Uberaba. Na proposta ele cria um sistema que permite facilitar a mobilidade das pessoas à serviços e atividades de lazer sem fazer muitas intervenções na malha e estrutura urbana. Suas idéias são resultados de perícia e experiências dos moradores de cada lugar.
Espero que nossa gestão possa concretizar esse sonho que já se tornou vontade de todos da cidade.
O sonho é tudo, basta apenas ter força de vontade dos nossos governantes para desastres como esses não se tornem rotinas.
E com tudo que vem acontecendo e é denunciado
Condominios populares e moradias continuam sendo construidos em locais longe de do centro de SP e em area de
preservaçao … Da uma olhada no mapa do google olha la no tremenbe Serra da cantareira , parque da cantareira.
Ta tudo sendo desmatado.
HÁ MUITO MAIS TEMPO, TIVE OPORTUNIDADE DE PARTICIPAR TAMBÉM, COM O PRIVILÉGIO DE OUVIR E ATÉ ENTREVISTAR JAIME LERNER NA DÉCADA DE 60 QUANDO JORNALISTA EM GOIÂNIA. LÁ ESTEVE LERNER FAZENDO ESTUDOS PARA A CAPITAL. DEVE-SE A ELE PARTE DO QUE GOIÂNIA CONSERVOU DE ÁREAS DOTADAS DE BOSQUES. GOIÂNIA, HOJE, TEM MAIS ÁRVORE POR HABITANTE DO QUE CURITIBA.
A SEGUNDA OPORTUNIDADE, NA DÉCADA DE 70, COMO ASSESSOR DE COMUNICAÇÃO DA PREFEITURA DE DOURADOS, MATO GROSSO DO SUL, OPORTUNIDADE EM QUE LERNER POR LÁ ESTEVE,TAMBÉM COM ESTUDOS PARA ÀQUELA CIDADE.
É REALMENTE UM ARQUITETO DE IDÉIAS MAIS “NATURAIS”:
SIMPLICIDADE, OBJETIVIDADE E DECISÕES POLÍTICAS É O QUE RESOLVE AS QUESTÕES AMBIENTAIS E DA QUALIDADE DE VIDA DO CIDADÃO.
Vi o Roda Viva e gostei. Acupuntura urbana, principalmente. Transportes, achei Lerner algo fora de foco: conceito tartaruga é relativo em cidades que possuem muitas grandes empresas com funcionários de várias especialidades. Ele aponta – prenhe de razão – que o trânsito é das mais importantes tragédias urbanas; o transporte esperto, quero crer, não é mais que “cada modal em seu devido lugar”. Todos os especialistas concordam que uma Grande São Paulo precisa de 400km de trilhos padrão (sinalização, controle, headtime) metrô. A integração entre modais – absolutamente necessária – segue quase incipiente; e depende diretamente do trabalho da Prefeitura, que tem poder para criar um cartão de débito único para todos os modais.
Imagens fortes que me vêm do transporte na Grande SP:
– o eterno atraso/reprogramação de entrega do metrô enterrado;
– o aumento de pistas rodoviárias na Marg.Tietê;
– ônibus com tecnologia/tamanho/agilidade de décadas atrás entupindo pequenas ruas, vazios na maior parte do dia.
– forte disparidade: regiões razoavelmente bem atendidas e regiões caóticas ignoradas;
Uma das regiões ignoradas é Cotia. Rodovia travada e nem sequer mencionada nos planos do governador.
Assisti ontem o Roda Viva da Cultura, da qual você fez parte, e fiquei impressionado com o entrevistado Jaime Lerner. Eu conheço Curitiba, já ouvi muito a respeito do Jaime Lerner mas nunca o tinha visto ao vivo e fiquei impressionado com sua competência, passividade e sabedoria. Juro que deu uma ponta de esperança de que São Paulo pode mudar e melhorar, assim como todo o nosso querido Brasil. Pena que esbarra em política do toma-lá-dá-cá, que é maior que as boas intenções dele, mas mesmo assim fiquei com esperança de um futuro melhor.
Parabéns por sua participação,
O ouvinte-internauta Roberto Haathner – Aclimação – São Paulo – Ator
Olá Milton!
Um momento para refletir!
Chuva, entendê-la faz parte da essência do sagrado da existência , por que fala do símbolo contínuo da essência da vida, a água!Ela também tem a força que constrói e destrói o que formou. Basta ver as notícias das fortes chuvas que destruíram locais e deixaram homens , mulheres , crianças , além do poder público , sem resposta a tanta energia da sua fúria!Arranjar explicações , especular de quem é a culpa, foram as informações mais ouvidas nesses tempos de dor
Assim, as montanhas e os rochedos desmoronaram longe do seu lugar original . Enquanto que as águas escavam a pedra, o aluvião levaram a terra móvel para distante. Com esse movimento as pessoas se misturam e se aniquilam sem esperança e sem vida!Ah! chuva!
Que não seja permitido cair sobre os rios, as fontes, os mares, os lagos, nenhum dejeto que possa poluir esse manancial precioso! Que sejam poupadas as árvores que rodeiam as encostas dos rios, os manguezais, habitat inicial de vida dos animais que faz desse espaço sua morada .
Entretanto, que ela não seja atormentadora e nem ceifadora de vidas! Que os homens e mulheres vivam em locais mais seguros e que a chuva não seja considerada como um problema para a humanidade e sim , como um fenômeno da natureza
Por fim, rogaremos ao alto, que espalhe a chuva fina sobre a terra, e derramem as águas sobre os campos. Acolhendo todos os que sofrem e de modo especial , gerando alegria aos que estão de luto.
Luciah Rodriguez
Eu assisti a entrevista. Sou extrangeiro (paraguaio) que mora em São Paulo.
Achei muito bom o programa, em especial quando o Sr. Jaime deu a ideia (questão logica):
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Não é a cidade que tem que se preparar para os eventos da Copa ou das Olimpiadas.
A cidade tem que resolver seus problemas do dia a dia, que isso ja faiz dela um palco atraente.
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Achei muito bom e logica essa questão.
Muitos condominios fechados estão sendo construidos na grande São Paulo.
Obviamente para os que estão em melhores condições economicas e financeiras mudam para estes condominios
Só que, continuam trabalhando em São Paulo.
Por exemplo:
Cotia existe a Granja viana, outros como alphaville.
Desta forma os desmatamentos nestes locais ão intensos e descabidos.
Vizinho a Granja Viana, na Estrada do são Camilo Recentemente desmataram uma grande área para dar lugar a um grande condominio.
E ficou por isso mesmo, mesmo moradores antigos, recorrendo a justiça, imprensa, abaixo assinados, etc.
Conclusão:
O condominio está lá onde existia mata atlantica e outros em andamento.
Isto comprova o poder das grandes incoprporadoras e construtoras que mandam e desmandam não somente na cidade de São Paulo, mas em todo o estado.
Ai os moradores destes condominios reclamam do transito infernal nas estradas para chegar em seus locais de trabalho em SP
Trocaram seis por meia duzia.
Aproveitem e anotem os endereços da Cruz vermelha caso queiram colaborar na ajuda humanitaria para os desabrigados da Serra do Rio de Janeiro
Vejam no meu blog os endereços
Ajudar não custa nada.
http://blogdoaitalo.blogspot.com/2011/01/ajuda-humanitaria-para-as-vitimas-das.html#comments
Polêmico e criativo.
Essa lufada de ar fresco, vinda de uma personalidade que tem o que dizer, é confortadora.
Lembremos Ben Gurion: “Quem não crê em utopias não é realista”
Acompanhei o Roda Viva nesta segunda, mas o que mais me pareceu como realidade foi à idéia de sustentabilidade e a necessidade de sonhar.
O cidadão tem que ter metas, objetivos e principalmente ter um sonho.
Se um líder conseguir envolver a população em um objetivo de vida como um sonho pode-se chegar a uma realidade melhor.
A realidade para São Paulo é distinta de Curitiba pelas suas dimensões geográficas e o crescimento histórico, mas o envolvimento das comunidades de forma distrital pode alcançar soluções que acrescentem a cidade.
Não consegui entender o que ele quis dizer no momento em que falava sobre como comunicar as metas e objetivos do Governo Municipal. Pareceu-me um pouco evasivo na resposta. Como seria esta comunicação?
Jaime Lerner na sua aula, deu solução para tudo, menos o que fazer com os homens ignorantes,soberbos,invejosos e corruptos,apesar de dizer que precisamos confiar nas pessoas.
Tenho também um sonho! Que desapareçam da face da terra os políticos corruptos e ladrões.
Alberto
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” Do POVO, pelo POVO e para POVO “;
Não assisti, mas pelo seu texto, foi muito proveitoso tal, fico feliz!!!
VC escreveu:
“…nos faz acreditar que as grandes cidades são possíveis, as soluções estão na simplicidade e os homens é que complicam a coisa. E nos dá esperança de que é possível mudar a qualidade de vida no ambiente urbano…”;
pois bem, nunca dúvide que qualquer situação é possível mudar,
lógico que sempre existiram, existem e existirão muitos que provavelmente pensão ao contrário e/ou diferente,
apesar que muitos desses na verdade não sabem o que querem e o que pensam, não pararam e refletiramde uma forma total, ampla, global…
Se eu não acreditasse que VC possível mudar, como de certa forma mostrase o Sr. Ítalo aqui no blog, eu já teria virado terrorista, e terria esplodido diversas repartições públicos e outros orgãos governamentais, com as grandes autoridades [entre aspas, é claro, pois de grande tais não tem nada, muito pelo contrário!!!]…
…porém EU REALMENTE ACREDITO QUE SEJA POSSÍVEL MUDAR, MUDAR PARA UM BAIRRO MELHOR, CIDADES MELHORES, ESTADOS MELHORES e até o nosso planeta !!!
EU tenho certeza que louco não sou, drogas não uso, a não ser pelas drogas de alimentos que existem hoje, bebidas, o nosso combustível [com 5mil particulas a mais de veneno de que de outros países – VIVA A PETROBRAS, rsrs…]…
Então é isso, boa semana a todos, rsrs!!!
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ass: Douglas The Flash
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http://eujafuiprejudicadoporservicospublicos.wordpress.com/
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Assisti a entrevista com o arquiteto Jaime Lerner o qual considero um revolucionário, que luta para realizar os sonhos dos gestores públicos éticos e comprometidos com o bem estar da população. Espero que sua filosofia de vida e de trabalho contamine toda esta nova geração de arquitetos, urbanistas e engenheiros.
Milton, parabenizo pelo seu texto, que, resumiu de forma exemplar a entrevista.
Milton, o que atrapalha o desenvolvimento de Spaulo infelizmente é a chamada “Propina”. E com propina que um predio irregular funciona, é com propina que um ambulante consegue ficar na rua vendendo produtos piratas. É com propina que muitas casas são construidas nas beiras de nanancias e rios. É com propina que um celular chega às cadeias e os bandidos conseguem traficar numa boa suas drogas. É com propina que muitos carros irregulares ou que não pagam impostos trafegam pela cidade numa boa. É com propina que as autoridades fazem vista grossa para muitas irregularidades da cidade de Spaulo. Assim todos perdem.
Sou curitibana e acompanhei desde que me conheço por gente as transformações que esta cidade passou nas mãos deste senhor. Era criança pequena quando urbanistas da UFPR – Lerner fazia parte do grupo – criaram um “Plano Diretor” e fundaram o IPPUC para colocá-lo em prática. Já maiorzinha, ouvia os adultos falarem do Prefeito “menino” que os militares tinham colocado na cidade e que “estava querendo mexer em tudo que é rua, imagine!”. Se hoje nos tornamos uma referência tão boa, é porque o principal papel de um prefeito eleito por aqui (seja ele quem for) é garantir a continuidade do “Plano Diretor” implantado na década de 70 e que se autoregula continuamente. Os interesses da cidade se impuseram como muito maiores do que os de seus administradores. O IPPUC ainda é o cérebro da cidade. Mas se Curitiba tem o rosto de alguma pessoa, ele ainda é o deste homem que – divergências políticas à parte – é uma unanimidade. O cara é um gênio! Parabéns pela entrevista!
Ficaria dias e dias ouvindo e apreciando as considerações sempre criativas e ponderadas de Jaime Lerner.
Soube que São Paulo o contratou por um curto período, mas deu de ombros aos sábios conselhos do urbanista.
Para quem gosta de urbanismo e ainda não teve a oportunidade de ver e ouvir a entrevista, recomendo entrar no site da TV Cultura – Roda Viva e assisti-la. Não é necessário cadastramento.
Prezado Milton Jung,
Assisti a entrevista com o arquiteto Jaime Lerner, profissional a quem respeito, e tenho alguns pontos a ponderar. Peço licença para indicar um texto que coloquei em meu blog e que apresenta as ponderações a que me refiro:
http://carlosaug.blogspot.com/2011/01/jaime-lerner-os-deslizamentos-no-rio-e.html
Espero que seja uma contribuição.
Atenciosamente,
Carlos Augusto.
Carlos,
Parabéns pela sua análise. Recomendo a leitura de seu texto sobre a necessidade da Reforma Urbana. Qto a atuação partidária de Lerner, deixou máculas que, parece, o levaram a se afastar da política há oito anos.
Milton,
Obrigado. Agradeço também a informação sobre a situação política de Lerner. Sucesso na discussão sobre a Reforma Urbana! É uma pauta que não pode mais ser adiada.