Uma conversa do presidente da República Rodrigues Alves com um de seus assessores, no palácio do Governo, no Rio de Janeiro, em 1905, pode ter tirado de um brasileiro o direito de ser reconhecido como o inventor do rádio. O representante do governo havia acabado de visitar o padre Roberto Landell de Moura, de quem ouviu explicações sobre algumas geringonças inventadas por ele. Coisas como telefônio, teleauxifônio e anematofono, espécies de telefone e telégrafo sem fio e de transmissores de ondas sonoras – a maioria já patenteada por ele, nos Estados Unidos, em 1904.
Bem que o padre de 44 anos, nascido em Porto Alegre, se esforçou para convencer o enviado do Palácio que os aparelhos montados por ele poderiam estabelecer comunicação com qualquer ponto da Terra por mais afastados que estivesse um do outro.
Não se sabe se foi devido às limitações intelectuais do assessor, que talvez não tenha entendido o que lhe era apresentado; se pelo fato de o padre ter solicitado dois navios da esquadra brasileira para uma demonstração pública dos seus inventos; ou se o assessor ficou assustado ao ouvir que um dia ainda seriam possíveis comunicações interplanetárias. Certo é que, ao voltar ao Palácio, o burocrata, a exemplo de um carimbo de repartição pública, foi taxativo: “essa padre é um maluco”.
Não era novidade para Landell de Moura que já fora várias vezes transferido de paróquia, ou mesmo de cidade, acusado de ser impostor, herege e bruxo. Acusações dirigidas a ele, em 1892, quando, utilizando uma válvula amplificadora com três eletrodos, transmitiu e recebeu a voz humana. O feito se deu em Campinas, interior paulista, e nem mesmo ouvindo as pessoas foram capazes de acreditar.
Em 1889, Landell de Moura transmitiu a voz do Alto de Santana, a partir do Colégio das Irmãs de São José – lá onde está, atualmente, o Colégio Santana -, à Avenida Paulista.
Irônico que as pioneiras transmissões tenham ocorrido nesta avenida que, atualmente, abriga emissoras e antenas de rádio e televisão, além de faculdade de comunicação. Mais do que uma coincidência, a constatação de que Landell sabia bem o que fazia, e usava a geografia do espigão paulistano em seu favor.
O mérito de Landell de Moura, reconhecido apenas após a morte, em 1928, é evidente quando se pesquisa a história do surgimento do rádio. Do telégrafo, termo que surgiu no fim do século XVIII à telefonia, já no século XIX, muitos avanços levaram à radiodifusão. Estudos sobre a eletricidade e suas características se somaram até chegar ao aparelho que, atualmente, existe na casa da maioria dos brasileiros, e nos carros também.
É saudável, porém, que se aproveite esta sexta-feira, 21 de Janeiro, na qual meu conterrâneo completaria 150 anos de vida, para reforçar a mobilização que busca o reconhecimento da obra científica dele. Uma das frentes deste trabalho é a reunião de assinaturas em favor da ideia no site do MLM – Movimento Landell de Moura.
Neste espaço, que tem a intenção de discutir a cidade e o cidadão, e incentivar soluções para o ambiente urbano, a história do padre-inventor demonstra a necessidade de se impedir que a burocracia e o preconceito sufoquem a criatividade e o conhecimento.
• Parte deste texto foi escrito, originalmente, no livro “Jornalismo de Rádio”(Ed. Contexto)
.
_ Gostei, rsrs!!!
.
ass: Douglas The Flash
.
Q17x2dc1Dougl.Q!&x221Jan111535ISex2111AspPjM11fj5fj5153439
.
http://eujafuiprejudicadoporservicospublicos.wordpress.com/
.
Prezado Milton Yung,
Por volta de 1930, o engenheiro de radiocomunicações norte-americano, Carlos Guthe Jansky (1905-1950), da Bell Telephones, realizou pesquisas sobre interferências consideradas altas para a época (1931), comprimentos de onda da ordem de 10 metros, com uma antena de alto ganho. Constatou acréscimo de ruído, coincidente com a passagem do plano da nossa galáxia a Via Láctea — à frente de sua antena. Interpretou o caso como oriundo de interferências de origem cósmica.
O primeiro receptor para rádio-ondas foi construído pelo norte-americano Grote Reber (1911-____), no quintal de sua casa, com potência de 160 MHz, específico para recepção de rádio-onda originárias de Universo. O astrônomo inglês A.C.B.Lovell (1913-____) construiu um radiotelescópio gigante na Estação Experimental de Jodrell Bank, sendo útil no rastreamento de satélites artificiais.
No início da década de 50, a radioastronomia se espalhou por todo o mundo. As primeiras pesquisas sobre o assunto, no Brasil, foram realizadas pelo grupo da Escola Pilotécnica da Universidade de São Paulo, liderado por Antônio Vieira e Luís de Queiroz Orsini. Em setembro de 1960, o prof. Willie A. Maurer criou o Grupo de Radioastronomia (GRAM), anexo ao Departamento de Física da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade Mackenzie. Construíram um radiotelescópio solar com uma antena helicoidal, em 300 MHz. Em 1970, o Mackenzie montou o novo radioobsevatório, em Atibaia, SP, passando a funcionar em convênio com o Ministério da Aeronáutica, sendo o primeiro do hemisfério sul a ser utilizado em freqüência de 10 mil a 150 mil MHz.
Abraços,
Nelson Valente
É muito oportuno texto que postaste na abertura do blog com dados da história deste inventor cuja criatividade não foi reconhecida em sua época,mas que se situa no começo de tudo o que existe hoje de moderno em matéria de eletro-eletrônicos. Bem que ele merece,mesmo tantos anos depois de sua morte,ter seu nome inscrito como o legítimo inventor do Rádio. Vou entrar no site do Movimento Landell de Moura para assinar o documento que visa à obteção do reconhecimento do nosso ilustre conterrâneo.
Antes tarde do que nunca. Landell Merece esse reconhecimento pela maior invenção que podemos ter: O Rádio. Milton, parabéns pela lembrança e pelo texto.