Fiscalizar, punir e educar para a vida no trânsito

 

Por Mílton Ferretti Jung

Em uma dessas quintas-feiras postei um texto que tratava de uma viagem que fiz com minha mulher até a praia de Tramandaí, onde temos uma casa, na qual costumamos passar parte de minhas férias de verão. Antes era possível visitá-la com alguma freqüência também nos meses frios ou, pelo menos, durante os primeiros quinze dias de março, pois aqui no Rio Grande do Sul a temperatura ainda se mantém agradável. Isso, agora, se tornou perigoso, uma vez que assaltos a residências são comuns. Arrombamentos de casas sempre foram corriqueiros no inverno, quando os veranistas retornam para suas cidades. Estes, entretanto, são praticados por ladrões locais, que somente invadem casas nas quais os proprietários não se encontram. Seja lá como for, realizar um passeio de ida e volta no mesmo dia não é problema. Só fiz o preâmbulo, porém – me desculpem os leitores – porque meu assunto de hoje está, de certa forma, ligado à viagenzinha até Tramandaí.

Impressionou-me o desrespeito aos limites de velocidade cometido, na free-way, por motoristas de caminhões, ônibus, automóveis e motos. Os veículos de grande porte não podem ultrapassar os 80 quilômetros por hora e devem se manter na faixa da esquerda da rodovia. Os demais têm licença de chegar aos 100, rodando pela direita. Li no site do Terra, no dia 8 deste mês, matéria que vai ao encontro do que observei na estrada e que resolvi imprimir para usar, oportunamente, aqui no blog. Fiquei sabendo, pela notícia, que uma das razões para que o índice de mortes no trânsito, em nosso país, seja três vezes maior do que o considerado aceitável pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é, entre outros, a fiscalização deficiente dos órgãos que cuidam do setor em nossas estradas e nas ruas das cidades. Segundo analistas ouvidos pela BBC Brasil, enquanto aqui ocorrem, em acidentes, 18,3 mortes a cada ano, por 100 mil habitantes, na Grã-Bretanha, Suíça e Holanda, países com menor mortalidade no tráfego, este índice é inferior a 6.

O que fazer para diminuir o número desse tipo de mortes?

É certo que a educação para a vida – e o trânsito faz parte dela – começa em casa. Esta última, deveria se estender também aos colégios, porque – provérbio antigo, mas indesmentível – é de pequenino que se torce o pepino. Já fiscalização eficiente é fundamental para punir os que não seguem as regras, seja por dirigir em velocidade excessiva, seja porque se atrevem a conduzir embriagados, sem cinto de segurança, etc. Faz-se necessário, cada dia mais, garantir que os violadores das regras cumprirão as penas previstas pelo Código Nacional de Trânsito. Para tanto, as punições deveriam ser muita mais severas. Não se pode esquecer, por outro lado, as condições das rodovias brasileiras, eis que muitas deixam a desejar. Eu diria ainda, para concluir, que falta ao nosso país, inexplicavelmente (ou,quem sabe,seja explicáve?) ferrovias, sistema de transporte exemplarmente utilizado na Europa e desprezado no Brasil.

Milton Ferretti Jung é jornalista, radialista e meu pai. Às quintas-feiras, escreve no Blog do Mílton Jung (o filho dele)

4 comentários sobre “Fiscalizar, punir e educar para a vida no trânsito

  1. Caro Milton Jung Pai.

    De nada adianta leis severas se recursos são em numero maiores.
    Veja o exemplo do jogador Edmundo.
    Em 1999, Dirigindo sua Cherokee em alta velocidade, não se sabe se estava alcoolizado, causou gravissimo acidente que resultou na morte de tres pessoas.
    Ficou em liberdade graças aos infinitos recursos e brechas existentes nas leis.
    Outro caso do deputado de Curitiba
    Causou outro gravissimo acidente, um das vitimas teve a cabeça decepada tamanha a violenvcia.
    Motoristas saem embriagados, causa terriveis acidentes, são levados a delegacia e depois são soltos por terem pago fiança.
    Se responderem processos será somente como culposos e não dolosos.
    as leis no Brasil parecem que foram feitas e estão sendo “atualizadas” somente para proteger e facilitar a vida quem comete delitos, crimes de toda especie, falcatruas politicas, corrupção, bandidagem.
    Por outro lado se um pai de familia divorciado, honesto, trabalhador, que não deve nada a ninguem , a justiça, tiver a infelicidade de ficar desempregado e deixar de pagar pensão alimenticia a filhos maiores de 21 anos vai preso coercitivamente sem do nem piedade!
    Em quanto quem mata no transito, bebados que destroem familia ficam livre praticamente “ad eternum”

    “A lei?
    Ora a lei
    Dizia Getulio Vargas.

  2. Milton,
    colocaste bem que a causa do desmonte do transito é a Educação. Estamos colhendo anos de abandono do processo de formação das pessoas que queremos para dividir o espaço das cidades.
    Casa e escola é um binômio que não resiste se uma delas falha. Quando em casa a educação afrouxa, não demora e na escola a receita desanda e se a escola falha, menos de uma geração depois não há mais casa que saiba dar limites.
    Ora, a criança testa seus pais. Se não for confrontada com disciplina, não será o velocímetro capaz de fazê-lo.
    Em menos de vinte anos a Coréia mudou sua própria realidade com um esforço que fez para privilegiar a escola. Depois da redemocratização, governo nenhum priorizou a Educação e não o fará se não for por força da nossa vontade.

  3. Prezados Milton Pai e Filho.

    Assisto ao programa do Mílton Jung na CBN diariamente e parabéns pelo sucesso.

    Ótima matéria. Esse assunto de trânsito tem que ser debatido amplamente. As pessoas têm que ter a consciência que devem respeitar a lei maior que é a Constituição Federal do Brasil e tentar conhecer as leis infraconstitucionais, pois é nelas que estão os detalhes que devem ser observados e seguidos.

    Criei o site http://www.proconstituicao.com.br onde, quando tenho tempo, procuro escrever o meu pensamento. Não sei se vale à pena escrever sobre a educação constitucional como ensino obrigatório nas escolas. Às vezes acho que é inútil ficar discutindo esse assunto com a família e amigos.

    De qualquer forma, procuro escrever, pois tenho a certeza de que somente com o ensino obrigatório da Constituição Federal nas escolas é que teremos um povo mais consciente dos seus direitos e deveres.

    Um abraço.

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