
Daniel era amigo à distância. Falávamos muito mais por telefone e e-mail do que ao vivo. Nos últimos tempos, dúvidas profissionais pautavam nossas raras conversas, tendo o rádio como cenário central. Infelizmente, não tivemos tempo para o almoço programado desde que nos encontramos pela última vez na Cidade do Cabo, durante cobertura da Copa do Mundo da África do Sul. Na sexta-feira passada, Daniel Piza teve um AVC e morreu na cidade de Gonçalves, interior de Minas, com apenas 41 anos. Em vida, assim como na morte, tudo parece ter acontecido rápido demais para ele. Tinha pressa para aprender e uma capacidade de ler e escrever impressionantes. Assim como lia quantidade enorme de livros, conseguia absorver o conhecimento e traduzir para o público. Seu talento se revelou ainda jovem nas redações do Estadão e da Folha, na primeira metade da década de 90, trabalhos que o levaram a editar o que já foi considerado o melhor caderno de cultura do jornalismo impresso, o Fim de Semana da extinta Gazeta Mercantil.
Tive a oportunidade de dividir com ele o programa Leitura Dinâmica, na estreia da Rede TV!, em 1999. Além de crônicas e comentários do cotidiano, tinha um desafio que poucos profissionais seriam capazes de fazer com a personalidade e perfil que ele deu ao quadro: criticar a edição das revistas Veja, Isto É e Época. Desde que saiu da TV, o Leitura perdeu a graça. Fomos colegas, também, na CBN quando trabalhou como comentarista de esporte. Corintiano convicto, era capaz de falar do futebol driblando o lugar comum. Nem sempre seu estilo era compreendido pelos “especialistas”. Registre-se: conseguia falar de qualquer assunto sempre com olhar diferenciado e extrema capacidade. Era em busca deste conhecimento que eu fazia questão de abrir a leitura dominical dos jornais pela coluna Sinopse que escrevia no Estadão. Fui apresentado a obras e artistas, conheci músicos e músicas, e tive acesso a um mundo que desconhecia graças a inteligência de Daniel.
A morte precoce deste amigo mexe com os nossos sentimentos pois sempre temos a ilusão de que as pessoas que estão em nosso entorno serão eternas, principalmente as geniais como ele. Daniel nunca acreditou nisso, assim como não acreditava em vida eterna – talvez por isso tenha sido tão intenso como jornalista, marido e pai. Mesmo morrendo, ele tinha algo a me ensinar.
Não tive o prazer de conhecer Daniel Piza pessoalmente. Fui,porém,seu ouvinte e,como tal,fiquei encantado com a sua inteligência,deixada clara em seus comentários,seja os sobre futebol,seja acerca de quaisquer outros assuntos,no rádio e nos textos que escrevia. Agradeço ao meu filho algumas boas chances de ter acompanhado entrevistas concedidas por ele ao Mílton.
Perdemos um excelente profissional. Fiquei sabendo somente hoje.
Confesso que levei um susto muito grande quando abri o portal do Estadão. Chamei a minha esposa e fiquei boquiaberto tentanto acreditar no que havia aconteceido. Achava-o “imorrível” principalmente porque não nos passa pela cabeça perder alguém assim tão precocemente. Como é a vida: Meu pai está internado já faz 3 dias numa semi-uti, vítima dessa loucura que se chama tabagismo. Abro a internet e vejo que somos muito pequenos, principalmete quando nos vemos nos lugar dele e da sua família.
Uma lágrima a você querido amigo
Milton, tempo atrás você me chamava a atenção sobre a qualidade do trabalho de Daniel Piza.
Passei então a redobrar meu interesse na coluna do Estadão e demais performances de Piza.
Cada vez mais me impressionava a precocidade estampada na carreira de Daniel.
E, agora esta desagradável surpresa de sua morte. É incrível que ele tenha tido vida e morte precoces.
Grande perda para o jornalismo brasileiro.