Por Carlos Magno Gibrail

Nelson Rodrigues, em 31 de maio de 1958, na última crônica antes da estreia da seleção brasileira de futebol na copa do mundo na Suécia titulou sua coluna “Personagem da Semana”, na revista Manchete, com o provocativo: “Complexo de vira-latas”. E explicou: “Por complexo de vira-latas entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. Isto em todos os setores e, sobretudo, no futebol”. Ainda assim apostou na vitória, e, como sabemos, veio o primeiro título mundial. Nelson só não acertou nas consequências: “Só imagino uma coisa – se o Brasil vence na Suécia, e volta campeão do mundo! Ah, a fé que escondemos, a fé que negamos, rebentaria todas as comportas e 60 milhões de brasileiros iam acabar no hospício”.
Nem hospício, nem a fé se tornaram referência. Ganhamos cinco copas, temos o maior número de campeonatos mundiais, exportamos enxurradas de craques. Na América Latina o domínio é tanto que decidiram proibir final de campeonatos continentais entre nossos times. Mas, o complexo voltou. Nas vésperas de sediar o próximo mundial, Ronaldo o Fenômeno, legítimo produto nacional, o maior goleador de mundiais, eleito três vezes o melhor do mundo, e hoje Diretor do COL, consegue fora dos gramados o que nunca tinha feito dentro deles, pisar na bola: “O futebol brasileiro não vive o seu melhor momento. Talvez até esteja no seu pior momento da Historia”.
Fora do Brasil, o pessoal do futebol se aproveita. Breitner, alemão campeão do mundo em 1974, na Soccerex do Rio disse que ficamos fora das mudanças do futebol mundial nos últimos anos. E, em relação ao mundial de clubes, a fala em algumas ocasiões é míope ao avaliar o campeonato da FIFA. Quando não é, é até de desprezo. Atitude que alguns conterrâneos nossos tem endossado ingenuamente, pois a simples observação do comportamento dos europeus após os jogos finais no mundial de clubes constata que a fala dos homens precisa sempre ser reavaliada. Explosões dos europeus de alegria ou tristeza relacionadas com vitória e derrota são visíveis a olho nu.
O velho e sábio Nelson Rodrigues viveria hoje uma assertividade invejável, pois enquanto o complexo ainda persiste a paixão também explode. No tricolor campeão que tanto amou e nos “loucos” que chegam amanhã em Tókio.
Felipão tem mesmo que levar este espírito dos clubes à Seleção.
Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos, e escreve às quartas-feiras, no Blog do Mílton Jung
Pois é Carlos Magno, pelo jeito o complexo de “vira-lata” continua vigente. Como corinthiano, percebo que paíra no ar esse complexo contra o Timão!
O curioso é que em relação aos clubes os torcedores não tem, mas quando se fala em seleção ele aparece.
A solução é levar esta aposta nos clubes para a seleção, o que será mais fácil do que tentar alimentar aquilo que você constata, do complexo de "vira lata" contra os clubes adversários.
E não é que o complexo atacou hoje o G1. Com um título de menosprezo dá a notícia que a FIFA não cita a COPA INTERCONTINENTAL, mas mostra o cartaz da mesma com o distintivo dos campeões.
Tudo leva a crer que se não fora o complexo original, é aquele citado pelo Julio. O “vira-lata” alheio.
Olá Carlos Magno, tudo bem?
Parabéns pelo excelente artigo!
Acho incrível e, de verdade, admiro o que os torcedores fazem por essa paixão que move o Brasil (e o mundo) – o futebol!
Porém, não posso deixar de desabafar: teríamos um país muito melhor (ou menos pior) se a população tivesse apenas uns 10% dessa garra e dessa disposição também para lutar por seus direitos, contra a corrupção, enfim…por um país melhor!
Mas isso somente seria possível, penso eu, se a educação fosse levada a sério…mas acho que vai ficar para “a próxima”…risos…
Um forte abraço!
Prezado Ricardo, as vezes fico na dúvida se esta energia do futebol não poderia ser estimulada para a nação, mas se até a seleção que a representa tem dificuldade de estimular a população,. Parece que só mesmo a educação será o caminho.
Boa Noite Milton e aos Colegas Blogueiros,
Bom meu caro Carlos, realmente o seu comentário esta muito legal. Só que infelizmente não sou fâ do Nelson Rodrigues, acho que os cariocas o badalam muito.
Com relação a esses torcedores, grande parte são desocupados e aruaceiros que vão para os locais para mancharem o nome do nosso país. Vamos ver se o time deles perde que é o que tudo indica, o Japão realmente não vai ser o mesmo, vai ser saquiado e quem vai pagar o pato é o povo brasileiro que não tem nada haver com isso.
Abr,
Jose.