Tomai , bebei e rezai, mas sem dirigir

 

Por Milton Ferretti Jung

 

Nunca ouvi dizer que um padre católico fosse flagrado em blitz realizada por policiais federais, estaduais ou municipais dirigindo alcoolizado qualquer tipo de veículo. São tantos os agentes da lei que efetuam blitze  e tantos os padres que, hoje em dia, por força da profissão, necessitam conduzir, pelo menos, automóveis e caminhonetes que, talvez, haja relatos de algum flagrante do tipo desse por mim especulado. Abordo o assunto porque existe preocupação das autoridades eclesiásticas com o rigor da Lei Seca. Aliás, no Brasil é comum que, de uma hora para outra, endureçam determinadas leis de maneira exagerada. Duvido que um religioso, ao celebrar a Santa Missa, se embebede com o pingo de vinho que leva à boca na cerimônia da comunhão.

 

No Paraná, duas paróquias de Maringá e outras quatro de municípios da região, conforme informou o jornal O Diário no último dia 5, com medo da Lei Seca, andaram usando nas missas vinho sem álcool e/ou suco de uva. Já o arcebispo de Passo Fundo, Dom Antônio Carlos Altieri, disse à Zero Hora que o clero ainda não se reuniu para discutir o assunto. Lembrou, no entanto, que o vinho tem um significado muito forte na celebração da missa.

 

Particularmente, entendo que não há como se mudar o que disse Jesus aos seus discípulos na Última Ceia, ao erguer a taça de vinho: ”Tomai e bebei, este é o cálice do meu sangue, o sangue da nova e eterna aliança, que será derramado por vós e por todos”. Fosse hoje, aqui em nosso país, essa frase, que me comove quando assisto à missa, não poderia ser a mesma pronunciada pelo Mestre, pois, no cálice sagrado, haveria apenas vinho sem álcool ou suco de uva.

 

Primeiro, proibiram que nas salas do judiciário gaúcho fossem exibidas imagens de Cristo na cruz. Agora, está em marcha a mudança, por força da Lei Seca, de uma frase do próprio Filho de Deus. O meu médico, Dr.Nelson Venturella Aspesi, por sua vez, não poderá mais me receitar um copo de vinho nas refeições, eis que eu teria de permanecer em casa até passar o efeito etílico dessa santa bebida. Tirante o exagero, viva a Lei Seca! Que seja aplicada, nos maus motoristas, com a eficiência que não pautou os aplicadores das leis destinadas a evitar tragédias como a da amaldiçoada Boate Kiss.

 

Milton Ferretti Jung é jornalista, radialista e meu pai. Às quintas-feiras, escreve no Blog do Mílton Jung (o filho dele)

6 comentários sobre “Tomai , bebei e rezai, mas sem dirigir

  1. Caro Jung Pai,

    Se o padre tiver pressa de ir a algum lugar, ele sempre pode requisitar a ajuda de um dos fiéis!

    Afinal, até onde sei, a missa em que a hóstia é embebida no vinho é cada vez mais rara, só acontecendo em datas muito festivas!

    Abraço!

    • Na minha, também. Até porque nenhum deles acredita que se parado em uma blitze, algum indício haverá de bebedeira. O bom senso está acima de tudo, quero crer.

  2. Da forma como estava a lei seca, estava mais democrática, aliás, se vivemos em uma democracia, tais imposições não deveria ter lugar; bastava uma fiscalização mais intensa, porém, faltam recursos, não temos policiais suficientes…, ora… Contratem, mais trabalho para a população.
    Agora com esta lei seca, conforme se apresenta, logo, logo, veremos bares e restaurantes fechando suas portas, e colocando mais trabalhadores na rua.
    O que mais mata no transiro, é a falta de noção dos motoristas em relação ao transito, senão vejamos:
    Motorista faz o tal curso CFC, e se forma literalmente em condutor, sabendo apenas trocar marchas, acelerar e freiar.
    Não tem noção sobre regras de transito em auto estradas,
    -Velocidade mínima,
    -Velocidade máxima em relação às faixas que se dirige,
    -Faixas de aceleração e desaceleração…(o que são????)
    -Quando se deve utilizas as setas, e de preferência para o lado correto…

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