Conte Sua História de SP: o asfalto chegou à minha rua

 

Por Elene Ap. Franco

 

Ouça esta história contada na CBN com a sonorização do Cláudio Antônio

 

Nasci no ano de 1971 num bairro conhecido como Jardim Aidar. Hoje, ninguém mais conhece assim, apenas sabem do Jardim Danfer – zona leste de São Paulo. Morei neste bairro durante mais de 25 anos e não me afastei muito dali. Ainda moro próximo, mas alguns episódios marcaram bastante minha história em São Paulo, como o asfalto colocado na rua de casa. Na época eu tinha seis anos, porém estava com a perna quebrada por conta de um acidente doméstico. Era terrível ficar sentada ao lado do muro, olhando as crianças e jovens brincando no asfalto com seus carrinhos de rolimã e suas bicicletas. Mas também era maravilhoso ver o progresso chegando. Lembro que brincávamos muito na rua, só entrávamos quando era hora de meu pai chegar em casa. Ele não gostava de crianças na rua.

 

Todos os anos, meus irmãos, meu pai e eu viajamos para o Paraná (todos os parentes do meu pai são de lá), mas a viagem era fantástica porque era de trem.  Íamos de trem da Estação da Luz até Presidente Prudente, no interior de São Paulo, em média dez horas de viagem e de lá seguíamos de ônibus até nosso destino. Na chegada em Presidente Prudente, o sempre e tão esperado lanche, espetinho de frango, servido em uma lanchonete de chineses próximo a rodoviária de lá. Acho que viajamos mais pelo prazer da viagem e do lanche do que pelos parentes. Pelo menos nós crianças.

 

Tivemos uma vida difícil mas muito gratificante pois foi preenchida de amor, carinho, respeito e honestidade. Hoje sou mãe, minha filha tem três anos e, infelizmente, ela não pode brincar na rua, seja pela violência tão presente seja pela irresponsabilidade dos motoristas que passam onde moro como se estivessem em uma pista de corrida.

 

Apesar de alguns problemas causados pelo homem e pelo progresso, São Paulo é maravilhosa por seus edifícios grandiosos, suas ruas iluminadas, sua gente que na maioria é muito acolhedora.

 

Enfim, por tudo isso, não saio de São Paulo.

 

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