Por Maria Lucia Solla

Não vejo a pintura no quadro, mas o quadro que vejo é bonito. Na sacada de um prédio da redondeza, além do cavalete de metal, há plantas. Poucas, mas suficientes para colorir de verde e vermelho o espaço aprisionado entre espaços aprisionados. E sua criadora se estica até o lado superior esquerdo da tela. Se contorce, afasta o olhar, se afastando, até onde o muro da sacada permite, e continua o trabalho, na busca pela luz do sol, que ela quer aprisionar na tela.
Foi o que vi outro dia durante o meu encontro rápido com ele, o sol, na sacada do quarto. Não tenho mais sua luz, o dia todo invadindo o apartamento, mas agora temos uma agenda. Quando me dou conta de que ele está chegando, corro pegar a caminha da Valentina e seu cobertor cor de rosa, e acomodo tudo no lugar de honra. Depois me encaixo e vou mudando de lugar, enquanto ele segue o caminho de iluminar.
Fico ali curtindo o calor na pele, jogando meu olhar para cá e para lá, aproveitando cada pouco da sua visita, até a grade da varanda do sexto andar me mostrar que há limite.
E por falar em limite, voltei a reforçar minha crença na impossibilidade de pensar grande ignorando o pequeno pensamento. Em que não vale a pena ter a perspectiva aumentada se perdermos no processo o detalhe. Ovo não nasce na caixinha, gasolina não nasce da bomba mais próxima da tua casa e nem da minha, e a fonte da água dita potável não é o encanamento das nossas casas, no momento em que queremos um banho quente.
Sonhos grandiosos crescem com a rega da minúcia de passos, olhos nas estrelas e pés no chão, e muita gratidão pela oportunidade da vida, preenchendo cada canto do coração.
Viva a vida!
De bem com ela, mesmo que doa.
Boa semana.
Maria Lucia Solla é professora de idiomas, terapeuta, e realiza oficinas de Desenvolvimento do Pensamento Criativo e de Arte e Criação. Aos domingos escreve no Blog do Mílton Jung
Que lindo! Quanto otimismo! E faz bem, é o que mais precisamos.
Bjs e obrigada por iniciarmos assim este domingo. Maryur
Obrigada, Maryur,
o domingo se foi, meus eletrônicos estão de novo eletronicando, e força na nova semana!
Beijo,
luzinha
Maria Lucia,
É isso mesmo, tenho pensado assim também: não podemos pensar grande ignorando os pequenos detalhes… Sintonia gostosa, né, não?
Bjk
É verdade! Por mais longa ou grandiosa que seja a jornada, assim como as mais modestas, todas elas são feitas de passos. Olhos nas estrelas e pés no chão. Sagitariana típica, sei bem o que e isso. É cada tropeço! E vamo que vamo! Bjim, Maria!
Su,
super gostosa. A sintonia de sempre, né?
Ando tão minimalista!
Às vezes nem eu me acho.
Beijo,
Elizabeth,
então você sabe bem como é
Interessante você me chamar de Maria. Tinha só um amigo que me chama de Maria, o pessoal lá do prédio do Morumbi e meus alunos estrangeiros.
Cada vez eu gosto mais.
Beijin procê também,