Por Mônica Santos
Ouvinte-internauta da CBN
Gostaria muito poder compartilhar com todos os paulistanos sobre a riqueza de conhecimento do meu Nono, Henrique Margulhano, nascido em 1922 na cidade de Mogi Mirim – São Paulo. Após se casar, aos 20 anos, se instalou no Jaçanã onde vive até hoje, ainda é bem conhecido na comunidade, mas era muito mais quando minha Nona era viva e os dois presidiam o curso de Noivos na Paróquia São Benedito. Eles foram casados por longos e amorosos 63 anos e o testemunho de vida serviu de inspiração para muitos casais. O Nono tem uma trajetória brilhante, completamente lúcido, carismático, lembra de todas as fases do dinheiro (do “réis” até o cruzeiro atual), da Revolução de 1932, dos desafios de comprar um imóvel em São Paulo, de como era a saúde, o Viaduto do Chá quando era uma plantação de chá, a chegada do Metrô.
Lembro que, enquanto eu entrava na 1ª série do 1º Grau, meu Nono estava fazendo “Mobral”. Talvez poucos lembrem desse trabalho que trouxe educação aos brasileiros que não puderam frequentar uma escola e foram trabalhadores braçais por longos anos. Depois que saiu da “roça”, como ele mesmo diz, e veio para São Paulo, trabalhou em vários locais desde limpeza de terreno, ajudante geral, linha do trem e, como sempre, amou a natureza, a terra, as plantações. As árvores sempre foram seu encanto, então, conseguiu trabalho no Parque do Ibirapuera e teve o prazer de conviver com Niemayer. Esse capítulo da vida do Nono é fascinante. Conta que ele e o irmão plantaram praticamente todas árvores no Ibirapuera e, semanalmente, eram agraciados com abraço do Oscar Niemayer que, com sua simplicidade, fazia o Sr. Henrique mostrar, uma a uma, quais árvores havia plantando naquela semana. É de brilhar os olhos.
Depois desse trabalho, o Nono entrou na Prefeitura de São Paulo, especificamente no Gabinete do Prefeito. Ele saiu em várias fotos na época porque ficava de terno azul marinho, alinhadíssimo, exatamente em frente a porta de entrada da sala do Prefeito. Como é de se imaginar, o Nono foi muito querido por todos que trabalharam com ele, pela sua humildade e grande sabedoria adquirida durante a vida. Hoje, aos quase 91 anos, sonha ainda em ganhar na Mega Sena e comprar uma chácara, além de ajudar os cinco filhos, netos e bisnetos.
O texto é de Mônica Santos, mas o personagem desta história é o avô dela, Seu Henrique. A sonorização é do Cláudio Antonio. Conte você também mais um capítulo da nossa cidade. Agende uma entrevista em áudio e vídeo no Museu da Pessoa, pelo e-mail contesuahistoria@museudapessoa.net. Ou me envie seu texto: milton@cbn.com.br
Que estória linda, Mônica. Que bom que vc registrou aqui. Assim, aos nossos olhos, seu Nono ficará eternizado através das árvores. Saúde a ele. Elizabeth.