Avalanche Tricolor: foi uma várzea só!

 

São Paulo 2 x 1 Grêmio
Gaúcho – Aldo Dapuzo (Rio Grande)

 

 

A mais de 300 quilômetros da capital, Porto Alegre, e bem ao extremo do Estado, Rio Grande é cidade com vida própria, personalidade conquistada talvez pela posição geográfica e pela força econômica proveniente do porto. Foi, aliás, a primeira capital do Rio Grande do Sul. Lembro das viagens até Rio Grande na época em que jogava basquete pelo Grêmio, que só não eram mais desgastantes do que enfrentar o Ipiranga, time que levava o nome da petrolífera instalada na cidade e de relevância no esporte gaúcho. É de lá, também, o mais antigo clube de futebol em atividade no Brasil, o Sport Clube Rio Grande, fundado em 1900, vinte três dias antes da Ponte Preta, de Campinas. Apesar do feito histórico, o Rio Grande disputa, atualmente, a segunda divisão do Campeonato Gaúcho e o time de destaque na cidade é o São Paulo, assim batizado para homenagear o estado de origem de um de seus fundadores. Foi campeão gaúcho em 1933, coincidentemente vencendo o Grêmio por 2 a 1, mesmo placar da partida disputada no sábado de Carnaval. Pela qualidade do estádio e do campo, imagino que ambos sejam patrimônio daquele época também, pois há muito tempo não assistia a um jogo disputado em local tão impróprio e capaz de colocar em risco a integridade de atletas profissionais.

 

As arquibancadas acanhadas e abertas para oito mil torcedores não chegam a ser um escândalo, pois devem estar a altura do público que costuma assistir às partidas dos dois principais clubes da cidade. No sábado, foram pequenas para tanta gente, especialmente os gremistas que moram na cidade e queriam ver o clube pela primeira vez em 20 anos. Não conseguiram ver muita coisa, além de estar próximo de seus ídolos, já que o alambrado fica encostado na linha lateral, e, se agiram como eu diante da televisão, torceram tanto por uma vitória quanto para que nenhum dos nossos atletas deixasse o campo machucado. O gramado, não bastasse estar enxarcado pela chuva, tem uma quantidade inimaginável de buracos que impedem a troca de passe e surpreendem os goleiros a cada chute a gol. Há um trecho da intermediária em que a grama simplesmente morreu e levou junto a qualidade técnica do futebol jogado, o que talvez explique a dificuldade que o São Paulo está tendo para escapar da zona de rebaixamento. Verdade que ambas as equipes perdem diante deste palco, mas não há como pedir aos jogadores do Grêmio, que tem pretensões que vão muito além do Campeonato Gaúcho, que se exponham a riscos. Aliás, era de se rever a escalação da equipe neste sábado, pois atletas importantes para a campanha da Libertadores estiveram em perigo.

 

Dizer que o jogo foi disputado na várzea não é exagero. Campos de futebol na periferia de São Paulo, e creio que em Porto Alegre, também, têm gramado em melhores condições do que aquele. Sem contar a presença de um árbitro que parecia estar deslumbrado com o fato de apitar jogo do Grêmio e ter entrado em campo com a pretensão de aparecer em cima do time grande da capital. Era agressivo nas marcações de falta, cobrava de forma exagerada bom comportamento dos jogadores e inventou um pênalti que deu a vitória para o São Paulo. Para a várzea ficar completa, o Canal Premier FC, a quem pago para ver às partidas do Grêmio, passou a transmitir o jogo do Atlético Paranaense quando ainda faltavam os três minutos de acréscimo. A imagem só voltou à Rio Grande no lance final de partida.

 

Uma várzea só!

2 comentários sobre “Avalanche Tricolor: foi uma várzea só!

  1. Estádios acanhados assim dão o verdadeiro clima de Campeonato Gaúcho que o Grêmio sempre enfrentou no interior do Estado. Mas o que se viu em Rio Grande foi um completo exagero. O gramado mais parecia um potreiro e realmente o Tricolor deu sorte de não sair ninguém machucado. Sobre o pênalti inventado, é uma sina o Grêmio ser prejudicado pela arbitragem. Esse mesmo árbitro apitou Brasil-PEL x Grêmio, empate em 1 a 1, e no final do jogo também deu um pênalti ao time da casa. Na ocasião, por sorte, o adversário errou.

    Agora vem a maratona de jogos de março. Será preciso avaliar bem quem colocar em campo, pois apesar da diretoria e comissão técnica dizerem que também se importam com o Gauchão, sabemos que acaba sendo da boca pra fora, pois o real e principal objetivo mesmo, é a Libertadores.

    Abs

  2. Não fosse a volta aos velhíssimos tempos,inclusive,Mílton, as tuas lembranças das partidas difíceis que tiveste de disputar contra o Ipiranga,e,se bem me lembro,de má memória para o Grêmio,considerei a derrota no jogo de sábado um fato normal naquele “gramado” e em uma partida em que a integridade física de preciosos jogadores tricolores esteve sempre ameaçada. Não consigo aceitar sem ressalvas a escalação do time titular. Ainda mais,quando essa é apitada por um árbitro mais preocupado em aparecer e metido a enfiar,na cara dos atletas,os múltiplos cartões que sacou do bolso. Aliás,o pênalti assinalado em seu primeiro trabalho com alguma importância no futebol gaúcho, deixou clara a falta de preparo de “sua excelência”,como chamávamos os antigos apitadores,tivessem ou não as qualidades necessárias para soprar os seus “instrumentos de trabalho”.

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