Por Milton Ferretti Jung
Escrevi na semana passada sobre o “bullying”. Essa palavra da língua inglesa não encontrou tradução no português. Podem dizer que,se fico brabo ao ouvi-la,é problema meu. Perguntava-me se seria apenas eu que não consigo aceitar pacificamente o fato de o termo estrangeiro haver invadido o nosso idioma sem dó nem piedade e ser aceito,em especial,pela mídia,que o vem espalhando impunemente pelo Brasil. Já incorporamos várias palavras. Creio que “bullying” seja uma das mais recentes. Lembro-me de outra que não procede do inglês,mas do alemão. Trata-se de “blitz. Essa chega ao cúmulo de ser usada também no plural e obedecendo fielmente à regra da língua estrangeiros enfiados como espantalhos no português.
Volto,porém,ao “bullying”. Encontrei no Google,mais exatamente, no Ciberdúvidas da Língua Portuguesa,uma proposta de tradução do termo que contesto,mas não simpatizei com ela:intimilhação.É a soma de intimidar e humilhar,que permitiria que se usasse as palavras correlatas,isto é,intimilhado, intimilhar e intimilhante. Os franceses,no entanto,têm uma tradução da qual gosto mais,embora necessite de duas palavras:”harcèlement scolaire”,ou seja,”assédio escolar”. Não seria uma saída mais digna para a tradução de “bullying”,ao invés de permanecermos com o termo inglês”?
Seja lá como for agora,no meu tempo de colégio – e foram muitos os educandários que frequentei – não me recordo de sofrer assédio escolar ou de ver colegas sendo humilhados. No máximo ocorriam discussões e briguinhas sem maiores consequências. Hoje em dia,lamentavelmente,por mais que se combata o assédio escolar, esse se faz presente. A propósito,a prefeita de São José,cidade catarinense,tema do texto que postei na semana passada,continuará ainda disposta a pagar cirurgias corretivas de crianças da escola municipal,nascidas com orelhas de abano,visando a evitar que sofram assédio escolar? Espero que não tenha se deixado influenciar pelas psicólogas de plantão.
Milton pai, acredito que o bullying não é coisa fácil de eliminar, embora recentemente há muito mais atenção ao problema do que antes. Esperemos que se combata principalmente as causas antes que se tenha que consertar os efeitos.
Quanto ao inglês, acho que não há solução em virtude da própria evolução da língua e do fato do embate ser entre o português e o inglês. Esta é uma lingua mais rica, tanto que há equivalência entres seus mestres. Camões, Cervantes,e Shakespeare. A diferença está na matéria prima que cada qual usou.
Grande abraço.
Carlos,
Provavelmente o bullying ou o assédio escolar existissem no passado mas não eram percebidos como tal. Importante lembrar que por muitos anos depressão não era visto como doença nem se compreendia as reações das mulheres durante a ebulição hormonal da TPM. Hoje, a psicologia e a medicina nos ajudaram a entender melhor todas essas expressões de sentimentos.
Mílton Pai,
assunto ‘espinhento’ esse, não é?
Você fala de bullying; quer palavra mais feia, ‘insonora’, arrítimica do que essa?
Quando eu era menina, era magrinha, magrinha e tinha tranças compridas.
Na escola o comportamento tinha que ser no mínimo exemplar, por isso não tinha essa história lá, não.
Agora, a Mariza, que era mais para o lado gordinho, puxava as minhas tranças e me chamava de Bacalhau de Porta de Venda. Eu sofria, mas ela era filha do casal mais amigo dos meus pais, e não tínhamos opção.
Eu chamva ela de botina – ela usava botas ortopédicas – e quando dava um jeito, puxava o rabo de cavalo dela.
O irmão dela, o Márcio, – ficamos sabendo depois – amarrava fios de nylon nos quadros do corredor dos quartos, e puxava do quarto dele, fazendo sons de terror.
Mas sabe o quê?
Não fiquei nem um pouco traumatizada.
Lembro disso com muito carinho.
Faz parte.
Bom findi,