Fora da Área: empate do Brasil é resultado do lugar comum

 

 

É jogo de Copa do Mundo.
São onze para cada lado.
Contra o México é sempre difícil.
Todo mundo quer jogar contra o Brasil.
Temos que respeitar o adversário.

 

Jogadores de futebol costumam ser bem mais criativos com a bola no pé do que com as palavras, por isso não me surpreende o desfile de lugar-comum nas declarações ao fim do jogo, como nesta terça-feira, em Fortaleza. Em raras oportunidades encontramos afirmações relevantes ou explicativas, quando muito tiramos algumas “aspas” para escrever a reportagem ou destacar em manchete (tirar aspas, no jornalismo, é reproduzir a frase ou expressão usada pelo entrevistado). Portanto, não me surpreenderam as entrevistas que assisti na televisão com jogadores brasileiros ainda ofegantes e suados, minutos após o empate em zero a zero com o México.

 

Esperava mais deles dentro de campo. Lá, sim, me parece, faltou criatividade para driblar o forte bloqueio mexicano e encontrar espaços que nos permitissem chegar ao gol da vitória. Às vezes, havia dois, três e até quatro jogadores marcando nossos principais talentos, em especial Neymar. Mesmo assim, o camisa 10, com seu topete esbranquiçado, foi responsável por dois dos principais lances de gol que tivemos nos 90 minutos. Na primeiro deles, surpreendeu-nos com um salto que o agigantou diante dos zagueiros mexicanos. A cabeçada foi bonita, a bola – apenas para usar um lugar comum dos locutores de futebol – tinha endereço certo, mas aí apareceu aquele camisa 13 deles para impedir o gol. Ochoa com sua cara de guri novo se esticou todo e conseguiu espalmar para fora. Fez naquele momento, fez depois com Paulinho, fez ainda com Tiago Silva, quando já havia feito, pouco antes e outra vez, com Neymar. Foram quatro defesas incríveis. Nem dava pra reclamar, afinal se os goleiros tem alguma função no futebol esta é a de estraga-prazer. E Ochoa a exerceu muito bem. Roubou o prazer de milhares de torcedores no Estádio do Castelão, em Fortaleza, e de milhões de brasileiros que esperávamos por mais uma vitória na Copa.

 

Há quem tenha ficado muito incomodado com o empate e a falta de solução para superar o adversário, contra quem, aliás, não temos tido muita sorte nas últimas décadas. A sensação se justifica pois estamos muito mal acostumados. Para nós é mais comum assistir ao Brasil vencer. Desde a Espanha’82, por exemplo, vínhamos ganhado as duas primeiras partidas do Mundial. Lá se vão 32 anos. Além disso, Luis Felipe Scolari havia vencido todos os jogos em que comandou a seleção em Copas da Confederação e do Mundo (a propósito, ainda não perdeu nenhum.) Seja com for, eu considerei o resultado de hoje a coisa mais comum do mundo, já que estávamos diante de uma seleção complicada de se passar, o empate nos deixa na liderança do grupo e muito próximo da classificação à próxima etapa. Além disso, prefiro identificar fragilidades agora, quando podemos nos dar ao luxo de sair de campo sem vitória, do que sermos surpreendidos nas etapas eliminatórias quando nos restará apenas chorar em caso de derrota.

2 comentários sobre “Fora da Área: empate do Brasil é resultado do lugar comum

  1. Dois jogos mal resolvidos do Brasil,mas,mesmo assim,somamos 4 pontos. Seja lá como tenha sido,o México nos deixou preocupados. Trata-se,porém, de uma santa preocupação.Sem ela,talvez ficássemos com a crista mais alta do que o recomendável.

  2. Milton, temos alguns jogadores que estão precisando atuar melhor. Fred até agora não jogou nada. Será que não está pagando a linguá do Mauro Betting, que disse que joga melhor que o Luis Fabiano até deitado?
    Brincadeiras a parte, em copa do mundo não dá para perder gols como estamos perdendo. O Jô bem que poderia chutar mais fácil, na direita do goleiro, que foi muito bem, mas várias bolas foram em sua direção. Como a do Paulinho e outra do Neymar.
    A renovação é bem vinda, mas não poderíamos ter pelo menos um jogador mais experiente?

Deixe um comentário