Por Eli Carmo
Ouço a chuva no fim de tarde — as pessoas reclamam da chuva, eu amo a chuva— lembra a minha infância. Nasci no século passado, início dos anos 1970, no Hospital Nove de Julho, mas vivo na zona Leste de São Paulo a vida inteira.
Quando criança, minha mãe sempre levava a gente para a casa dos parentes. Perdi minha mãe este ano, vítima de um AVC. Meu pai já não está conosco há 14 anos. Infarto. Os parentes moravam no bairro da Cambuci. Ah! Cambuci, nunca me esquecerei. Avenida Lins de Vasconcelos.
Lembro-me que pegávamos o ônibus, aquele antiguinho da CMTC, e íamos minha irmã do meio e eu — éramos três menininhas — ajoelhadas no último banco, olhando a paisagem. Como eu gostava de passear na casa dos parentes.
Minha vovó, assim a chamávamos, também morava por ali e geralmente íamos em festinhas de aniversário ou para passar o dia. Tio Toninho morava com ela — que saudades tio!
Minha mãe era muito nervosa, a gente não podia fazer nada de errado senão apanhava quando chegasse em casa. Mas minha mãe tinha também seus momentos de nostalgia, ela adorava levar a gente lá na praça da República para ver os patinhos nadando. Ah! Naquele tempo era tudo tão diferente, existia doçura nas coisas.
E quando inaugurou o metrô da Sé, em 1978? Eu tinha uns 12 anos e fomos todos, inclusive meu irmãozinho que na época já tinha quatro aninhos, e passeamos para lá e para cá gratuitamente. Nossa, que passeio maravilhoso!
Bom, jamais esquecerei também os passeios de escola Íamos no ônibus cantando aquele clássico “vejam essa maravilha de cenário”— Marinho da Vila — brincando com o motorista e com as pessoas na rua, é claro, mas não colocávamos a cabeça fora do ônibus não, a “fessora” chamava atenção.
Nesses passeios, conheci o Zoológico, o Museu do Ipiranga, o Playcenter e até a Teatro Municipal — fiquei encantada.
Onde pude levar meus filhos nesses passeios, eu levei. Hoje, já são adultos e trilham seus próprios caminhos.
Eli do Carmo é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Cláudio Antonio. Envie a sua história da cidade para milton@cbn.com.br.
Eli, vive a década de 80 nesta região, perto da igreja Margaria da Maria, fui tão feliz naquele tempo!
Não sei se a vida era mesmo mais doce ou era só a ingenuidade dos nossos poucos anos que assim a sentia…era bom demais. Abraço.