Por Roseli Nabarrete
Ouvinte da CBN

A turma do Dunga reunida para comemorar mais um ano juntos
O ano era 1967, a revolução cultural estava no seu auge. “The Beatles” comandando a massa de jovens no mundo, Chico Buarque aparecendo nos festivais da TV Record, Roberto Carlos invadindo os domingos — tudo em plena Ditadura Militar no país e nós, vizinhos na Vila Mariana, não éramos diferentes dos jovens do resto do mundo. Queríamos paz, amor, respeito, dignidade e transformar nossos sonhos em realidade.
Certa vez, nosso amigo e vizinho Moacir decidiu que deveríamos formar uma turma, batizada de Equipe Dunga. Juntos frequentávamos todos os bailes para os quais éramos convidados. E quando não havia nenhum, a gente inventava um. Era sempre aos sábados e a maior na garagem da casa do Kalu e da Celinha. Se não, na casa de qualquer colega da turma. A condição era de que no domingo os rapazes teriam que ajudar na arrumação da casa. Cuba Libre era a bebida da moda, claro com mais Coca-Cola do que rum, mas era “ser moderninho” e a gente se sentia adulto — porém sempre sob os olhares atentos dos donos da casa, sede do baile.
Nos fins de semana, jogávamos vôlei na Rua Trabiju, ouvíamos a vitrola manual na casa do Roberto ou ou ainda nadávamos e jogávamos vôlei no CEI, onde todos éramos sócios.
No fim do ano, seguíamos de mãos dadas, de casa em casa, para desejar feliz Ano Novo. E era muito bom, aquele bando de jovens chegando depois da ceia para cumprimentar os vizinhos.
Íamos aos bailes de ônibus, pois ninguém tinha carro. Só nossa amiga Nidia é que, depois dos 18 anos, ganhou um fusca, chamado de “Herby”, é claro.
Muitas vezes ficávamos sentados no muro das casas conversando; e o Marcos tocando violão. Tudo era motivo para rirmos sem parar.
Em época de provas no colégio e depois nos vestibulares, era comum nos verem sentados no chão com livros na mão, estudando.
Aos domingos, logo depois do almoço, era sagrado ver um filme no cinema Sabará ou no Jamour. Quando a turma chegava, ocupávamos fileiras inteiras para nos acomodar.
Amores existiram, mas não passaram de amores da juventude, como uma chuva no verão, que vem e rapidamente se esvai.
Quando nos tornamos adultos, nos separamos e cada um seguiu seu rumo, mas, felizmente, depois de 30 anos, conseguimos nos reunir novamente graças a Internet. E como é emocionante lembrar como a vida era boa naquele tempo e de quanto foi boa nossa convivência.
Ainda moro na Vila Mariana tanto quanto ainda amo os Beatles e os Rolling Stones.
Roseli Nabarrete é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Cláudio Antonio. Conte mais um capítulo da nossa cidade: escreva seu texto e envie para milton@cbn.com.br
Obrigada Milton Jung por contar a nossa história. História da nossa adolescência e juventude que está se estendendo até a nossa terceira idade. A sonorização ficou lindíssima e emocionante. A Equipe Dunga está muito feliz por fazer parte do Conte Sua História De São Paulo. Obrigada pela atenção. Celia Corbett
Que lembranças mais gostosas Roseli, um tempo em que a percepção e interação com o mundo e as pessoas era mais externo, era bom demais!!