Por Carlos Magno Gibrail
No início dos anos 80 nos Estados Unidos, pelo Stanford Research Institute, e na França, pela Rhodia, surgiram os primeiros trabalhos científicos segmentando as pessoas do mercado de consumo pelo comportamento. Surgiram tipologias denominadas de perfis psicográficos, conectando psicologia e demografia.
O significado era que as pessoas não agiam apenas de acordo com a idade ou pelo poder aquisitivo que possuíam. O comportamento individual é que determinava o estilo de vida de cada uma. O significante era que o potencial de estilos de vida diferentes abria novas perspectivas na segmentação do mercado.
As empresas passaram a considerar o estilo de vida das pessoas para orientar serviços e produtos a serem ofertados. A idade não mais representava critério único para segmentação de mercado.
Entretanto, esse conceito de forma geral ficou claro apenas na relação de consumo, e até mesmo empresas cujos produtos respeitavam e respeitam esta segmentação, não seguiam e não seguem o mesmo conceito para o quadro de colaboradores.
Os critérios nas relações de trabalho levam em conta apenas a idade cronológica, e desconsideram a idade comportamental. Essa dissonância traz complicações evidentes para este grupo.
Por isso, o preconceito com a idade ultrapassa a teoria comportamental, e coloca a idade no universo dos preconceitos com uma incomoda peculiaridade, pois a cor, a religião, a raça, a pobreza, etc. são definidas por si, enquanto a idade precisa ser relativizada com o estilo de vida para ser definida.
Precisa, mas não é.
A começar pelo preconceito explicitado pelos próprios integrantes do grupo de idade cronológica avançada, que escondem a idade para evitar o preconceito. É o que Alexandre Kalache, em entrevista a Claudia Colucci na Folha, chama de idadismo.
Kalache, 74, graduado em medicina, doutor em saúde pública pela Universidade de Oxford, ex-diretor do Programa Global de Envelhecimento e Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS), é presidente da Centro Internacional da Longevidade Brasil, membro do conselho consultivo na OMS, no Fórum Econômico Mundial e na Associação Mundial de Demografia e Envelhecimento, adverte para o gerontocídio aos que na Covid-19, ao decidir pelo mais jovem no momento do recurso escasso optam pelo:
‘Deixa morrer! Já viveu muito! E daí? ’
Certamente, o tema dos “idosos” deverá ser mais um dentre aqueles que na onda do coronavírus terá mudanças acentuadas e aceleradas.
Mesmo porque não há como desconsiderar o novo mapa demográfico que se aproxima, quando o bônus se extinguirá; ao mesmo tempo em que comportamento deverá ser incluído e aposentadoria ser aposentada, junto com a palavra idoso.
Por que não?
Michael Skapinker em artigo no Financial Times é o autor da ideia.
A aposentadoria precisa considerar a longevidade real junto com a relação vital para o homem com o trabalho.
A palavra idoso é mal definidora, pois restringe à idade um ser mais amplo. No esporte, temos:
SENIOR ou MASTER.
Que tal?
Carlos Magno Gibrail é consultor, autor do livro “Arquitetura do Varejo”, mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung.