Avalanche Tricolor: alucinações de um torcedor

Grêmio 0x2 Flamengo

Copa do Brasil – Arena Grêmio, Porto Alegre/RS

Reprodução de ClicRBS, foto de André Avila/Agência RBS

Um a zero no primeiro; dois a zero, no segundo tempo. E Grando resolve na cobrança de pênaltis. O roteiro para mais uma virada histórica do Imortal, no Rio de Janeiro, já está escrito no coração do torcedor gremista — aquele que lotou a Arena e cantou e cantou e cantou mesmo após o apito final de uma partida em que perdemos por dois gols de diferença e tivemos de jogar mais de meia hora com um jogador a menos contra o time mais rico e poderoso do Brasil. 

Para quem ainda precisa de mais uma pitada de alucinação, pouco antes de o jogo se iniciar, leio no ex-Twitter de Edu Cesar, titular e editor do @PapodeBola, uma frase clássica de Armindo Antonio Ranzolin, um dos maiores narradores esportivos que o rádio gaúcho já teve: eu disse que acreditassem, eu pedi que acreditassem, eu nunca deixei de acreditar” — o grito do locutor foi proferido ao fim do título da Libertadores da América, em 1983, e virou estrofe de música dos Engenheiros do Hawaii.

Quem me convence de que deparar com essa lembrança em um tuíte (ou agora se chama “xiste”?) sem pretensão, escrito sei lá por qual motivo, não seja um sinal dos céus para apaziguar o coração angustiado deste torcedor que lhe escreve, caro e cada vez mais raro leitor desta Avalanche. 

Acabo de ver meu time ser derrotado em casa,  sair atrás na decisão da vaga à final da Copa do Brasil e perder seu principal zagueiro e capitão, Kannemann, por “duplo” cartão amarelo — aplicado por um árbitro que foi pouco criterioso na distribuição das punições —, no início do segundo tempo, o que lhe tira da próxima partida, no Maracanã. Tudo isso acontecendo em uma noite na qual o futebol gremista pouco apareceu, com exceção dos 20 primeiros minutos de jogo quando Suarez tentou mais uma vez aquele gol antológico à longa distância e Villasanti desperdiçou um gol frente a frente do goleiro quando o placar ainda estava zerado. 

A persistirem os sintomas de alucinação desta Avalanche, pode começar a levantar uma estátua para Gabriel Grando, porque iremos agradecer muito a ele por ter defendido um pênalti ainda no primeiro tempo do jogo de hoje. Será graças aquela defesa que nos habilitaremos a cometer mais um desvario no futebol brasileiro, nos classificando à final contra todos os prognósticos e crenças.

Deixe um comentário