Flamengo 1×0 Grêmio
Copa do Brasil – Maracanã, RJ/RJ

O ano era para ser mediano. No Brasileiro, estar no meio da tabela, no máximo na primeira página como costumamos nos referir aos que aparecem entre os dez primeiros classificados, seria suficiente. Na Copa do Brasil, cada etapa vencida seria bem-vinda — no mínimo, um pouco mais de dinheiro para pagar as contas.
Foi então que o Grêmio decidiu trazer Luis Suárez — o terceiro maior goleador do mundo em atividade. O cara fez três na primeira partida. E a cada jogo revelava uma qualidade técnica para a qual não estávamos preparados — e entre nós muitos dos nossos jogadores. Seguiu marcando gols, dando assistência para os seus companheiros, e proporcionando jogadas de uma inteligência acima do normal. Sua camisa 9 virou orgulho imortal!
Bastaria Suárez para o ano já ser considerado acima da média. Mas teimamos em vencer o Campeonato Gaúcho — o que, convenhamos, “virou goleada”. Novos jogadores se juntaram ao grupo. Os “abominados” foram embora a conta gotas, sem muito trauma. O elenco ganhou qualidade apesar de restrito. Nem mesmo uma sequência de lesões que nos tirou alguns dos melhores, impediu que o time encontrasse soluções para superar seus adversários.
Na Copa do Brasil, vencemos jogos nos minutos finais. Viramos resultados fora de casa. Tiramos da cartola gols que nos permitiram ir para o tira-teima dos pênaltis. E chegamos à semifinal, a despeito dos prognósticos.
Em paralelo, os favoritos marcavam passo e nós, passo a passo, nos aproximamos do G4 do Campeonato Brasileiro. Entramos no seleto grupo da elite do Brasileiro e por lá ficamos. Mesmo com um jogo a menos do que os principais adversários, estamos agora em terceiro e disputando a vice-liderança.
Nem sempre o jogo foi bonito. Nem sempre jogamos bem. Nem sempre havia espetáculo. Às vezes, uma derrota ou um empate azedo tentavam nos empurrar a crueza da realidade, como se questionando nossa condição no campeonato. Os demais resultados mesmo assim teimavam em nos iludir. Nos fazer acreditar.
A partida dessa noite de quarta foi a síntese da temporada até aqui.
A postura do nosso time no lotado Maracanã e contra uma equipe milionária e protegida deu a entender que havia chances de uma virada histórica. Suárez e seus companheiros estavam mais próximos e mais intensos do que no primeiro jogo da semifinal. Chegou-se à frente do gol. Reduziu-se parte dos riscos do ataque adversário. E quando não se tinha sucesso na marcação, Grando foi grande novamente com defesas importantes.
O Grêmio nos fazia acreditar mais uma vez. Até que a bola bateu na mão de nosso zagueiro e o árbitro entendeu que era pênalti —- apesar de termos tido lances semelhantes a nosso favor, nesta mesma Copa do Brasil, e o VAR e o juiz terem interpretado de forma contrária. Contrária ao Grêmio.
Era a realidade se impondo. Não bastava jogar acima do esperado, não bastava superar seus próprios limites. Precisava ser maior do que tudo e de todos. Não conseguimos. Sentimo-nos frustrados. E a culpa deste sentimento é, única e exclusivamente, do Grêmio. Porque o Grêmio sempre nos faz acreditar. Sempre tenta ser mais. Sempre está no jogo.
Independentemente do que a realidade queira escancarar para nós, Grêmio, eu sempre acreditarei!
Milton, você iluminou o céu azul nesta manhã com esse texto brilhante !
Orgulho de ser tricolor e imortal !
Obrigado !