Avalanche Tricolor: suplício, sofrimento e um herói improvável!

Grêmio 1×1 ABC

Copa do Brasil – Arena Grêmio, Porto Alegre/RS

Suárez comemora gol de Galdino, em foto de Lucas Uebel/Grêmio FBPA

Eita, seu! Que coisa! Tudo que eu queria, depois de um dia de trabalho duro, era sentar diante da TV  a espera de 90 minutos de entretenimento e tranquilidade. Aí a bola começa a rolar e você vai vendo a coisa degringolar. O passe não passa como deveria ser passado, o chute não chuta como deveria ser chutado  e a marcação não marca como deveria ser marcada. Todas as vezes que é atacado, um susto. Você fica só chuleando para se ver livre de um gol tomado. Mas é claro que ele vai aparecer. Como apareceu ainda no primeiro tempo. E o jogo que era só pra carimbar passagem para a próxima fase, vira suplício.

Verdade que o Grêmio tentou reduzir o risco ficando mais tempo com a bola no pé, especialmente no segundo tempo. Para isso tem de ter alguém pra conduzir essa bola, outro para se aproximar e um mais à frente para se deslocar. Mas se quem conduz passa errado, quem se aproxima, só tira espaço para a bola fluir e quem se desloca não recebe, a estratégia vai para o ralo. E o que deveria  ser simples, tranquilo e divertido, ganha ares de sofrimento.

Haja sofrimento! A cada escapada do adversário, o perigo era iminente. Você assistia à bola cruzando a sua área e logo imaginava um desvio para as suas redes e a ameaça de termos de decidir tudo nos penaltis. Observava o adversário se jogando para dentro da área e o medo de um pé descontrolado cometer uma penalidade  — como diz o ditado: cachorro mordida por cobra tem medo de linguiça. Aí veio o lance do lado direito que passou por cima de nossos dois defensores e foi para diante do atacante deles. Confesso, ali não via nenhuma possibilidade de a bola não entrar. Pois não é que não entrou. Chocou-se no travessão e se perdeu pela linha de fundo. Foi o ápice do desespero.

Se eu, aqui distante, já estava impaciente, imagine o torcedor na Arena. Cada bola mal passada ou mal marcada era motivo de reclamação, buchichos e vaias. Dentro do campo era perceptível o nervosismo do time. Do lado do campo, também o era a irritação do treinador.

Foi então que o herói improvável apareceu para alívio de todos. 

Everton Galdino, que na partida anterior pela Copa do Brasil havia errado praticamente todos os lances que participou, a ponto de tropeçar na bola em um contra-ataque, recebeu um presente de Suarez na entrada da área —- em tempo, que partida fez o nosso gringo preferido. Galdino poderia escolher: devolver para o nosso craque, o mais provável. Ou encontrar Bitello que entrava pelo outro lado. Não. Galdino ajeitou a bola e bateu lá de fora para estufar a rede, empatar o jogo e acabar com qualquer risco de desclassificação.

O Grêmio empatou e manteve a invencibilidade na Arena. Poderia até ter perdido por um e se classificaria assim mesmo. Independentemente do placar, o que importa é que avançou mais uma casa em direção ao título da Copa do Brasil. Vai precisar repor suas peças, consertar a parte física de jogadores importantes e reorganizar a forma de jogar. Não pode continuar sacrificando seu maior jogador, Luis Suárez, obrigando-o a sair da área, buscar a bola na intermediária e ensinar os colegas mais próximos como funciona um jogo coletivo de alta performance. 

Teremos tempo para os consertos e o departamento médico haverá de liberar, em breve, jogadores especialmente do meio de campo que tem toque mais refinado da bola. Por enquanto, é comemorar a classificação depois de um jogo sofrido em vários sentidos.

Avalanche Tricolor: precisamos falar de Bitello 

ABC 0x2 Grêmio

Copa do Brasil – Frasqueirão, Natal/RN 

Bitello comemora o gol em foto de Lucas Uebel/GrêmioFBPA

João Paulo de Souza Mares é o nome de batismo. Dito assim, porém, talvez poucos sejam os gremistas capazes de dizer quem é e qual a importância deste jogador para o time. João Paulo já chegou ao clube marcado pelo apelido de infância que surgiu de uma brincadeira com um amigo na sala de aula, Bitello. E é por Bitello que gritamos na arquibancada para reverenciar aquele que  atualmente é o melhor jogador do elenco gremista.

Alguém haverá de precipitadamente me criticar pela afirmação feita na última frase do parágrafo anterior, afinal no comando do ataque temos um dos maiores goleadores do mundo. “Como, Milton, você acha que Bitello é melhor do que Suárez ?” Explico. Luisito, por tudo que estamos vendo nos gramados, pela sua história e méritos, é “hour concour”, expressão que costumávamos usar para aqueles que de tão especial que nasceram estão acima de qualquer comparação. E Suárez está entre eles, está em um patamar diferenciado, só oferecido àqueles que nasceram abençoados pelos Deuses do Futebol.

Dito isso, voltemos a Bitello, o craque do momento. 

Na noite de ontem, ele brilhou em um jogo de futebol ofuscado pela qualidade do gramado e pela forma desconsertada que o Grêmio entrou em campo, devido as dificuldades para escalar o time. Especialmente no segundo tempo foi o responsável pela melhoria na qualidade do jogo, cadenciando a bola, se deslocando para se aproximar dos companheiros, melhorando a troca de passe e permitindo que o Grêmio dominasse a partida, praticamente anulando os riscos de o adversário chegar ao nosso gol. 

Foi de Bitello o segundo e mais bonito gol da partida, ao acertar no ângulo um chute de fora da área, depois de uma cobrança de escanteio ensaiada. Um gol que nos trouxe tranquilidade, em uma partida de alto risco — cabe lembrar que o adversário já havia eliminado um time da séria A, na fase anterior da Copa do Brasil, e não perdia, frente a sua torcida, desde janeiro do ano passado.

Fazer golaços e gol decisivos, são duas tarefas que já aparecem no currículo de Bitello, apesar de ainda ser tão jovem.  Foi dele o gol que abriu a vitória gremista na final do Brasileiro de Aspirantes, em 2021, levando o Grêmio a um título inédito. Foi dele um golaço parecido com o de ontem, em um dos Gre-nais do Campeonato Gaúcho de 2022.  Ainda no ano passado, na segunda divisão, foi, também, a maior revelação do futebol brasileiro. E neste 2023 conquistou o bi no prêmio de Craque do Gauchão — sim, ainda com 22 anos já havia se destacado como o melhor da competição, logo que estreiou no time principal. 

O guri está jogando muito e fazendo a diferença com uma maturidade que chama atenção. Foi fundamental para a volta à Primeira Divisão e é peça essencial para nossa campanha no Campeonato Brasileiro que se inicia no fim de semana. Se não bastasse cumprir seu papel à risca, ainda demonstra irreverência nas comemorações, reproduzindo os gestos e danças de seus ídolos da NBA — o que demonstra ser craque de bola e ter excelente referências.

Vida longa para Bitello!

São Bernardo, 457 anos contados a bordo de um ônibus

 

Acompanhe a primeira de duas reportagens em homenagem ao aniversário de São Bernardo e clique nas imagens para saber a história de cada um desses ônibus.

RIACHO GRANDE

Por Adamo Bazani

De um pequeno povoado na região das terras ocupadas pelo português João Ramalho, passando por ponto de pousada de tropeiros, fazenda de religiosos, núcleos coloniais até chegar a um dos expoentes da indústria e da economia nacional. É assim a rica história de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, que nesSe dia 20 de agosto, completou 457 anos.

A cidade, antes mesmo do progresso industrial e de ser um dos palcos da fabricação de automóveis brasileiros, a partir dos anos de 1950, dependeu e muito dos serviços de transportes coletivos para seu desenvolvimento e integração com as áreas que também registravam crescimento econômico, possibilitando para a população o acesso a mais oportunidades de renda e melhor qualidade de vida.

Neste aspecto, várias famílias, principalmente de imigrantes se destacaram para que São Bernardo se tornasse o que é hoje: um dos maiores PIBs do País, apesar da perda de boa parte das indústrias,  a partir da Guerra Fiscal entre Estados e Municípios, intensificada na segunda metade dos anos de 1990.

Entre as famílias de transportadores estão Setti, Braga (que depois de uniram pelos laços do romantismo), Locosselli, Aldino, Romano, Luchesi, Fogli, Breda, entre outras, que mesmo antes de São Bernardo se tornar propriamente urbana, tiveram a visão de que a cidade se desenvolveria e não tiveram medo do ineditismo e das dificuldades de transitar com ônibus de madeira montados sobre chassis de caminhão, as velhas jardineiras, que atolavam e quebraram nos caminhos de barro que ligavam as vilas recém criadas a partir dos anos de 1920, época em que núcleos habitacionais com características urbanas ainda se mesclavam com áreas de plantações e sítios.

E são dessas famílias que surgiram nomes de empresas de ônibus que marcaram a história de São Bernardo do Campo e ainda são muito conhecidos da população: Auto Viação ABC, Viação Cacique, Auto Viação Riacho Grande, Viação Triângulo, Viação Cacique, Breda Transportes e Serviços, Trans-Bus Transportes Coletivos Ltda, Expresso São Bernardo do Campo, entre outras.

É bem verdade que, por causa das transformações econômicas e políticas, principalmente por conta da inflação dos anos de 1980 e das ondas de municipalização dos transportes no início dos anos de 1990, além de problemas internos e específicos, algumas dessas famílias não resistiram e saíram do ramo, empresas deixaram de existir, ou mudaram de donos, quando houve no ABC Paulista a entrada de novos grupos, principalmente de empresários mineiros. Já outras famílias, no entanto, conseguiram vencer estes desafios e adversidades e as empresas ainda continuam sendo administradas pelos herdeiros, algumas já chegando à quarta geração destas famílias.

São Bernardo do Campo, no entanto, deve muito ao empreendedorismo e coragem destes investidores de transportes, que aproveitaram o crescimento econômico viram além do seu tempo e também se beneficiaram e muito com este desenvolvimento.

Mesmo antes da existência dos ônibus, no entanto, São Bernardo do Campo já tinha vocação para os transportes.

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Corredor ABD quer ser maior e mais verde

 

Renovação da frota e ônibus maiores e menos poluentes trarão qualidade ao serviço que é tido como referência na América Latina que une cidades do ABC e a capital paulista.

Caio Millennium II da Metra

Por Adamo Bazani

Os passageiros de ônibus e trólebus da capital paulista e região do ABC, servidos pelo corredor metropolitano ABD, vão contar com uma série de inovações para o sistema, ainda no segundo semestre deste ano. O corredor liga o bairro de São Mateus, zona leste, ao Jabaquara, sul, passando pelas cidades de Santo André, São Bernardo do Campo, Mauá e Diadema. Em breve, terá veículos urbanos novos e articulados com o que há de mais moderno em termos de operação e acessibilidade. Ações ambientais serão implementadas pela empresa operadora Metra e haverá a conclusão das obras que acrescentarão mais 12 quilômetros de vias segregadas aos 33 existentes.

Já está na garagem da Metra uma parte do lote de pelo menos 11 ônibus novos que vão passar a rodar no corredor metropolitano. Apesar de movidos a diesel, trarão vantagens em relação ao impacto no meio ambiente provocado pela frota atual. Com motorização eletrônica a emissão de gases atende padrões europeus.

Trata-se do modelo com carroceria Caio Millennium II, chassi Mercedes Benz O 500 UA, motor Mercedes Benz OM – 457 LA, de 360 cavalos.

A alta potência do motor confere ao veículo rentabilidade e bom desempenho, principalmente nos trechos de via segregada. Com pistas melhores, a queima de combustível é menor. Isoladamente, este tipo de ônibus pode gastar mais que os convencionais, em compensação substitui de dois a três ônibus de dimensões comuns. Portanto, o mesmo número de passageiros é transportado com menos ônibus circulando. Menos ônibus rodando significa menos combustível queimando, melhor para o meio ambiente.

Caio Millennium II da Metra

O Caio Milleniumm II Mercedes Benz segue todas as regras previstas na Resolução 316, do Contran – Conselho Nacional de Trânsito – e na NBR 15570. Os dois dispositivos levam em consideração itens e tipos de prestação de serviço que visam maior conforto, segurança e acessibilidade, como distâncias mínimas entre os bancos e largura de corredor, ventilação, sinais de alerta de defeitos do sistema para o motorista e saídas mais eficientes de emergência.

O novo ônibus é do tipo Piso Baixo Central, ou seja, o assoalho do ônibus entre a porta da frente e a porta do meio, no primeiro carro (cada ônibus é formado por dois carros por ser articulado), fica na altura da guia para facilitar o acesso de idosos, gestantes e pessoas com deficiência.

Os passageiros com cadeira de rodas, além de contar com esse embarque mais fácil, têm espaço preferencial dentro do ônibus, que é dotado de um dispositivo de cintos e presilhas que fixam a cadeira com segurança junto as paredes. Há também um lugar especial para os acompanhantes e, se o cadeirante estiver sozinho na viagem, na hora de descer não vai precisar da ajuda de ninguém, se assim preferir. Existe um botão de acionamento de parada na altura da cadeira de rodas e o ônibus não tem degrau com embarque e desembarque na altura da guia.

Os deficientes visuais também serão beneficiados pelo novo ônibus articulado que rodará pelo corredor ABD. O veículo tem ferros de apoio com relevo especial para quem não consegue ter boa visão, e espaço adequado para cão guia. O Caio Millennium Mercedes Benz possui bancos especiais para obesos, uma peça única, sem divisória, que pode ser usado por gestantes, também. Esses bancos, assim como os reservados para idosos, têm detalhes de cor amarela para identificação e conscientização dos demais usuários.

O ônibus, cujo peso bruto total chega a 28 toneladas, tem ainda faixas refletivas ao longo da carroceria, para melhor visualização, conforme determina lei federal para veículos de grande porte.

Os articulados começarão a rodar já neste segundo semestre. Eles estão sendo revisados pelos órgãos públicos de transportes e recebendo os últimos detalhes para a operação. Os motoristas estão sendo treinados pela montadora para se adaptarem ao veículo, que traz algumas inovações na maneira de dirigir.

Atualmente, o motorista de ônibus não pode se limitar a aprender a dirigir, ele tem de possuir noções de eletrônica e até de sistemas informatizados, pois os ônibus modernos trazem todos estes elementos em sua concepção.

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Passarelli: Da indústria de móveis à dos automóveis

 

Por Adamo Bazani

Sebastião Passarelli, empresário do setor de ônibus, assistiu a transição entre duas fases importantes da indústria no ABC Paulista e a expansão da região metropolitana. Temas deste segundo capítulo da história deste empresário de ônibus, de 81 anos.

No início dos anos 60, a região do ABC Paulista era um dos principais centros de fabricação de móveis do Brasil. Devido a proximidade de Santos, o principal porto comercial da América Latina, e a vasta plantação de eucaliptos, a região, principalmente São Bernardo do Campo, fabricava todo o tipo de mobília, que não só era vendida no Brasil, como no exterior.

A indústria moveleira demandava na época mão de obra mais simples e menor. E os transportes para São Bernardo do Campo refletiam esta realidade, tendo crescido para atender essa segmento. Mantinha linhas de ônibus mais curtas para transportar número restrito de operários.

Com o advento da indústria automobilística, a realidade mudou. As fábricas eram maiores, a mão de obra mais qualificada e abundante. Segundo Passarelli, isto influenciou ativamente os transportes urbanos. Com mais gente para transportar, e gente que exigia maior qualidade no serviço, o empresário de ônibus teve de investir pesado na modernização do sistema.

O serviço, até o início da indústria moveleira quase artesanal, teve de se profissionalizar para atender as necessidades que surgiam de maneira muito rápida: bairros eram criados da noite para o dia, as distâncias entre trabalho e casa aumentavam. O poder público, de diversas cidades da região, principalmente de São Bernardo do Campo e Santo André, teve de intervir para organizar o sistema de transportes. A relação entre empresários e autoridades foi pautada muito mais por questões técnicas. Não se criava linhas por simpatia com determinado empresário ou apenas de forma experimental, como ocorria até então. Teve de haver planejamento.

Sebastião Passarrelli lembra os principais passos dessa transição. O serviço tinha ainda de atender aos trabalhadores da indústria de móveis, mas também aos que iam atuar nas fábricas de carros e peças de veículos. Algumas linhas, que serviam os centros moveleiros tiveram de atender, num primeiro momento, uma grande mão de obra da construção civil, formada por migrantes, principalmente das regiões Norte e Nordeste do Brasil. Esse trabalhadores atuavam na construção dos parques das indústrias de carros. Depois, era necessário atender aos operários que atuavam diretamente na industria automobilística.

Passarelli ressalta que essa mudança não aconteceu da noite pro dia. “Fabricação de móveis e de carros conviveram de maneira intensa no ABC Paulista, por alguns anos, na década de 1960. Uma crescia e outra diminuía. Não podíamos, no entanto, simplesmente abandonar as linhas que serviam pólos moveleiros, mas também não podíamos perder a oportunidade de atender a demanda da indústria automobilística, que era o futuro da demanda dos transportes. Tivemos de resolver rapidamente equações de demanda/número de carros/número de linhas. As vezes tínhamos de priorizar algumas linhas em detrimento de outras. Foi necessário dar uma nova cara aos transportes no ABC Paulista e remanejar linhas e veículos”.

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Sebastião Passarelli, a história do transporte

 

Por Adamo Bazani

A família dele fundou a maior parte das empresas de ônibus que serviu o ABC Paulista. Desde cedo, desbravou cidades e ajudou no desenvolvimento viário de parte do interior do Estado e da região metropolitana. Com tanto a se contar, a história de Sebastião Passarelli será apresentada em capítulos a partir de hoje.

Viação São José, nos anos 60

O setor de transportes de passageiros passou por várias fases ao longo da história. A começar pela época em que os donos de ônibus, a maior parte pequenos empresários, tinham de colocar a mão na graxa e dirigir os próprios veículos, além de abrir com enxadas e com as rudimentares jardineiras, pequenos caminhos no meio do mato, que depois se tornaram estradas importantes, e ajudar a povoar pequenos vilarejos, muitos dos quais conhecidos bairros da região.

Depois, veio a fase do crescimento industrial, no qual o setor enfrentou duas realidades: a da modernização das cidades e frotas e uma organização trabalhista mais forte, que exigia dos donos de viações, agora não mais pequenos empresários, poder de negociação. Isso tudo até chegar a fase do empresário que não suja a mão na oficina mas que é mais exigido nas negociações com autoridades públicas para a prestação de serviços e que também é obrigado a se adaptar as mudanças que ocorrem numa velocidade muito maior que a época dos desbravadores. A cada ano são apresentados modelos novos e de um ano para outro um ônibus pode se tornar obsoleto, tanto por causa das exigências legais, como das necessidades operacionais. E nada melhor do que quem viveu e vive estas etapas para contá-las melhor para a gente.

Um dos personagens que presenciaram e participaram desta história é o empresário Sebastião Passarelli, hoje com 81 anos. Só no ABC Paulista, ele fundou e adquiriu pelo menos 16 empresas de ônibus, entre elas Viação São Lucas, Viação São Victor, Viação São Luis, Viação Humaitá, Viação Campestre, Viação Bartira, E.A.O.S.A.- Empresa Auto- Ônibus Santo André -, Viação Ribeirão Pires, Viação Barão de Mauá, Viação Santa Terezinha, Viação São Camilo, Penha, Viação Tucuruvi, Viação Santa Paula, Viação São José, Expresso Guarará, entre outras.

O dom de transportar está no sangue dos Passarelli há várias gerações. Nos anos 30, o pai, Antônio, e o avô, Andrea, já atuavam no ramo de passageiros e de carga. Em 1938, o pai de Sebastião fundou a primeira linha de ônibus, época das jardineiras entre São José do Rio Preto e Araçatuba. A jardineira comprada na antiga concessionária Ford, Germano Sestini, de São José do Rio Preto, cortava pequenos caminhos de terra. Não havia, em muitos trechos, vias públicas. A jardineira tinha de cruzar sítios e fazendas, com a permissão dos donos. O pequeno veículo dividia espaço com rios, nascentes e rebanhos, sempre rodando em baixa velocidade. As dificuldades de trajeto na região eram grandes. Os atoleiros em dias de chuva, inevitáveis.

E foi neste contexto que Sebastião Passarelli cresceu.

“Vi o meu pai e meu avô desbravarem a região chamada de Alta Araraquarense. Era difícil, mas muito gostoso também. Comecei a admirar ainda mais meu pai e meu avô, dos quais não herdei apenas a vocação pelos transportes, mas a vontade de fazer as coisas, que é genética, e a capacidade de acreditar. Hoje, há muitas pessoas que não tem essa capacidade, de crer, de acreditar e superar as adversidades” – conta Passarell, com disposição e bom humor de dar inveja a muitos jovens. Ele nunca chega depois das 8 da manhã ao Terminal de Vila Luzita, do qual é proprietário do único sistema de corredor segregado de ônibus do serviço municipal de Santo André.

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Biarticulado começa a rodar no ABC Paulista

Ádamo Bazani

Ônibus biarticulado B5 577

Com aproximadamente 2,5 milhões de habitantes, segundo estimativa do IBGE de 2007, o ABC Paulista contará com os primeiros ônibus biarticulados da história da região.

A empresa de ônibus Januária, do Grupo Barão de Mauá, já preparou um destes veículos para fazer linha municipal de alta demanda em Mauá. O ônibus veio da VCD (Viação Cidade Dutra) e faz parte de investimento da empresa para atender aos usuários em horários nos quais nem mesmo os  articulados são suficientes.

Um Caio Top Bus, motor Volvo, está na fase de finalização para começar a trabalhar e um Marcopolo Vialle, também Volvo , ainda está sendo preparado na garagem do grupo, em Mauá, na Grande São Paulo.

As linhas intermunicipais do grupo são operadas pela EAOSA – Empresa Auto Ônibus Santo André. A preocupação com a demanda maior em alguns horários também fez com que a empresa investisse em veículos maiores para as linhas.

Pelos menos três carros, que serviram a região Sul do País, estão na fase final de preparação para atender linhas que fazem a ligação entre Mauá, Santo André, São Caetano do Sul e o Terminal Sacomã, com o Expresso Tiradentes (ex-Fura Fila). Entre os destaques estão os modelos Busscar Urbanuss, motor F 94, consideradod um dos mais potentes da categoria.

Adamo Bazani é jornalista da CBN e busólogo. Toda terça conta o que se passou no transporte de passageiros em São Paulo, mas hoje antecipa um capítulo desta história.

Da semente do café nasce uma empresa de ônibus

Por Adamo Bazani

ônibus da Parque das Nações

Fundada em primeiro de agosto de 1956, a empresa Transportes Coletivos Parque das Nações, é uma das mais antigas do ABC Paulista, ainda em operação. Sempre teve a mesma garagem, na Praça Chile, onde,  havia brejos e ruas de terra, sinais de que a região pouco se desenvolveria. Não para quem era visionário. E otimista.

Apesar de a empresa ter sido criada em Santo André e ter sua história ligada ao crescimento do ABC e da capital paulista, a viação começa mesmo em Laranjal Paulista, interior, em uma lavoura de café. Os irmãos Antônio Sófio e Eunízio Sófio davam duro na plantação, desde as cinco da manhã até o cair da tarde. De família italiana, os dois eram obstinados pelo crescimento e não se conformavam com pouco.

No período pós-Segunda Guerra Mundial, a crise econômica afetava todos os setores. A indústria do café não era mais a mesma. No entanto, o fluxo de imigrantes para as plantações não parava. Os irmãos, que já eram casados e tinham família para sustentar, não tiveram dúvida: é na cidade que vai dar pra fazer a vida.

Depois de obter informações sobre as cidades que cercavam a capital com os próprios vendedores de café, viram que, apesar da crise, um setor não iria parar: o de transportes. As pessoas precisavam se locomover, enquanto a indústria dava sinais de que seria a solução nacional para uma economia que sucumbiria no pós-guerra, se continuasse majoritariamente agrária.

Foram 16 anos de luta: entregando leite em caminhões Ford surrados, levando operários por conta própria em peruas velhas, até que, “raspando todas as economias da família até o osso”, os irmãos conseguiram fundar a empresa de ônibus.

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Adote um Vereador está no Grande ABC

Diadema e Mauá são duas das cidades de onde surgiram voluntários interessados em acompanhar e divulgar o trabalho do vereador. Aliás, de Mauá partiu uma das primeiras adesões ao projeto de iniciativa do CBN SP com um blog que registra as ações dos parlamentares na Câmara Municipal, o Mauá News. Em Diadema, já há registros de eleitores atuando no programa.

A participação dos padrinhos motivou o jornal Diário do Grande ABC a registrar a campanha Adote um Vereador através do site desta que é uma das principais publicações jornalísticas da região metropolitana de São Paulo.

Incentivado pela reportagem do jornal, o vereador Edgard Grecco Filho (PDT-Mauá) escreveu ao CBN SP sobre o interesse em se engajar no projeto: “entendemos ser de grande relevância à população a transparência das ações de seu representante junto ao Legislativo”.

Evidentemente que a participação na campanha tem de ter a iniciativa do eleitor, mas o parlamentar pode colaborar divulgando todas as informações possíveis (e, principalmente, as impossíveis) em um blog ou mesmo um site, como a lista completa dos seus assessores, a função de cada um deles no trabalho legislativo, o salário que paga, a publicação das contas com as notas fiscais, dados referentes a gastos da própria Câmara, os projetos que estão em discussão, os engavetados, os temas debatidos nas comissões, entre outras tantas.

A ação parlamentar na campanha Adote um Vereador pode ir além, com o legislador se propondo por exemplo a encaminhar projetos de lei de interesse popular, motivando as comunidades a levantar as questões prioritárias e denunciando irregularidades cometidas por colegas e pelo Executivo, mesmo que isto possa representar o afastamento de indicados a cargos na prefeitura.

Acompanhe aqui a reportagem da jornalista Tatiane Conceição sobre a campanha Adote um Vereador: