Santos Futebol Clube paulistano

 

A Vila é a sede, Santos é a cidade. Desculpe-me, porém, torcida peixeira, mas temos de admitir que cada vez mais o tricampeão da Libertadores é um time paulistano. Ter decidido o mais importante título de sua história pós-Pelé no estádio municipal do Pacaembu não é mero acaso.

Das oito conquistas neste milênio, apenas duas foram em casa e ambas pelo Paulistinha que não costuma mesmo ser muito exigente nem levar tanta gente assim para a arquibancada. Em quatro delas, a festa foi na capital como na noite desta quarta-feira em que quase 37 mil torcedores do Santos tomaram o Pacaembu e de lá saíram a comemorar um justo título pelas ruas da cidade.

Leia este texto completo no Blog Adote São Paulo, da revista Época SP

Fragmentada, São Paulo terá rota de bicicletas

 

Bicicleta na Paulista

Antônio Bertolucci não tinha cargo nem idade para ser ciclista em São Paulo. No imaginário da cidade, são os jovens e os operários que pedalam; são pessoas com o senso de responsabilidade não muito apurado; uma turma que parece não ter gosto pela vida, pois se mete a andar em lugar destinado a carros e caminhões.

Sendo presidente do Conselho de Administração do Grupo Lorenzetti e estando com 68 anos de vida, o lugar de Bertolucci teria de ser dentro de um carro com vidros escuros, blindado e conduzido por motorista particular. É o senso comum.

E por pensar assim é que a cidade se desenvolve fragmentada. Cada pessoa no seu lugar, sem compartilhar conhecimento nem espaço, cercada por seus conceitos e vítimas do preconceito. Estamos todos condenados a não pensar “fora da caixa”.

A batalha do trânsito reflete esse nosso comportamento e o atropelamento e morte de Bertolucci, na manhã de segunda-feira, dia 13/06, expôs mais uma vez estas diferenças. Cada um se juntou a seu grupo e defendeu sua tese, sem direito a réplica ou reparações.

Jornalista e tendo coberto o tema no Jornal da CBN, que apresento todas as manhãs, recebi uma série de mensagens de cidadãos comentando o caso. Houve quem dissesse que a morte ocorreu porque a cidade não tem estrutura para bicicleta; quem criticasse o atrevimento das pessoas que se arriscam a pedalar; quem tivesse culpado o motorista de ônibus sem sequer entender o caso; quem reclamasse da mídia por destacar o fato apenas quando a vítima é importante.

Leia o texto completo no Blog Adote São Paulo, da Época São Paulo

Moradores de rua ajudam na segurança de pedestres

 

Morador de rua ajuda em travessia

Os moradores de rua são invisíveis para a maioria dos cidadãos que vivem em São Paulo. Costumam não ter cara nem história; quando percebidos, é pelo estorvo que provocam ocupando praças e calçadas. Com a chegada do frio alguns ganham destaque no noticiário, principalmente quando morrem. A prefeitura calcula que cerca de 13 mil pessoas vivam nessas condições, número considerado bem abaixo da realidade por entidades assistenciais.

Para alguns privilegiados pela sorte e oportunidade, a situação melhorou um pouco nesta semana, graças a programa público que pretende mudar o comportamento do paulistano em relação a faixa de pedestres. Aliás, estas são tão invisíveis quanto os sem-teto, não apenas porque a prefeitura deixa a desejar na manutenção da pintura, mas, também, porque os motoristas não têm o hábito de parar e permitir a travessia das pessoas – uma das causas dos 7.007 atropelamentos e 630 mortes que ocorreram no trânsito da capital, em 2010.

Conheça esta história, acessando o meu Blog Adote São Paulo, no site da revista Época SP

São Paulo tem 50 mil microcâmeras de olho em você

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Os telejornais estão tomados de imagens captadas por câmeras de segurança. Não escapa uma edição sem que flagrantes de ataques a caixa eletrônico, agressão contra pessoas, acidentes de carros ou assaltos a residências surjam na tela. Hoje, são mais eficientes do que os antigos cinegrafistas amadores que faturavam um bom dinheiro vendendo cenas exclusivas às emissoras.

Dia desses, uma televisão de São Paulo pagou R$ 1 mil por imagens exclusivas com a ação de bandidos que invadiram a loja de conveniência em um posto de combustível e explodiram o caixa eletrônico. São tantos os detalhes revelados que a impressão que temos é que as câmeras estavam lá apenas para registrar o cotidiano dos ladrões e torná-lo em espetáculo.

Parece impossível passearmos na cidade sem que um desses olhos eletrônicos estejam nos perseguindo na porta de casa, na saída do prédio, diante da agência bancária, dentro da academia de ginástica, no pátio da escola ou quando cruzamos a esquina.

Leia o texto completo no Blog Adote São Paulo, da revista Épocas São Paulo

São Paulo tira saco plástico e segue tendência mundial

 

Lixo no Jardim Independência

Texto publicado, originalmente, no site Adote São Paulo, da revista Época São Paulo

Faz algum tempo as sacolas plásticas praticamente sumiram da parte de baixo da pia da minha cozinha. Era lá que as mantinha depois de trazer as compras do supermercado. Serviam para cobrir as lixeiras menores nos banheiros e no escritório e depois eram descartadas dentro de outro saco maior que seria depositado na calçada a espera da coleta.

Meu hábito começou a mudar há cerca de oito anos. Deixei de usá-las no mercado, onde antes de fazer a escolha do que vou comprar busco as caixas de papelão que costumam estar depositadas em algum canto qualquer. Quando não as encontro, peço a algum funcionário.

No carro, tem sempre uma ou duas sacolas retornáveis, pelas quais devo ter pago cerca de R$ 3,00 cada uma. Costumam ser suficientes para as passagens rápidas na padaria e armazéns (ainda existe armazém, em São Paulo ?).

Mesmo com todos estes cuidados, às vezes sou surpreendido saindo de uma das lojas com sacolas de plástico nas mãos. É quase impossível ficar livre delas, assim como da enorme quantidade de embalagens que nos é entregue quando compramos uma roupa, um eletrodoméstico, um objeto por menor que seja. Sempre tem um papel a ser retirado, um plástico cobrindo e placas de isopor protegendo, dependendo do produto.

O que vai para dentro da minha casa, sai em menos de uma semana para contêineres de reciclagem no pátio de um supermercado próximo. Mantenho duas latas de lixo grandes, uma para o material reciclável e a outra para o lixo comum. A primeira sempre enche bem antes do que a segunda.

Passei a cuidar melhor desta questão por vergonha. Meu irmão mais novo, o Christian, havia chegado de Porto Alegre, e me perguntou em tom de puxão de orelha: “Você não tem um lugar para o lixo seco?” – tema comum para quem vivia na capital gaúcha. Sem dar o braço a torcer, puxei a primeira caixa que vi e disse que ele podia jogar tudo ali dentro. Anos depois, com a taxa do lixo pesando no bolso, este processo apenas se acelerou.

A cidade de São Paulo agora tem uma lei que proíbe a venda e distribuição de sacos plásticos no comércio. Foi sancionada e publicada, nesta quinta-feira, pelo prefeito Gilberto Kassab, após discussão e briga na Câmara Municipal. Briga mesmo, pois vereadores se agrediram verbalmente e não fosse o “deixa disso” teriam partido para o tapa, no plenário.

A retirada das sacolas plásticas dos supermercados e comércio começa em 1º de janeiro de 2012. A adaptação com incentivo para o consumidor mudar esta prática se inicia agora. Mesmo assim, ainda tenho dúvidas se a lei vai vigorar por muito tempo, pois a indústria do plástico questionará a constitucionalidade da regra, assim como faz em Belo Horizonte.

Tem muito paulistano que também questiona o efeito da lei. Reclama que esta foi criada apenas para beneficiar os supermercados transferindo o custo das sacolas para o consumidor. Entende que será obrigado a usar os saquinhos pois não haveria onde acondicionar o lixo. E que terá dificuldade para levar as compras, principalmente quando não estiver de carro.

Mudar comportamento é mesmo complicado. Bateu-se pé quando a cidade impôs o rodízio de carros e, atualmente, ninguém tem dúvida que sem ele a cidade estaria inviabilizada. Houve protestos quando fomos obrigados a usar cinto de segurança no automóvel e sabemos que a medida impediu a morte de milhares de pessoas. Não seria diferente na questão das sacolas plásticas.

Os fabricantes muito bem organizados e tendo como principal porta-voz a Plastivida – Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos alegam que não há alternativas consistentes para substituir as sacolas plásticas. O presidente da instituição Miguel Bahiense me disse, com base em estudo britânico sobre o impacto ambiental de diversos tipos de sacolas, que o plástico tem o melhor desempenho ambiental em oito das nove categorias avaliadas. Em entrevista comentou, ainda, que as sacolinhas plásticas têm a menor geração de CO2 em seu processo produtivo e consomem menor quantidade de matéria-prima diante das demais opções.

Gritam, porém, contra uma tendência mundial. A Itália já proibiu. Estados americanos aumentam o cerco. E a Comunidade Europeia lançou consulta pública para decidir o melhor caminho para reduzir o uso de sacolas plásticas. No Brasil, Rio e Belo Horizonte também criaram restrições, além de algumas cidades pelo interior.

Para Fábio Feldman, fundador da SOS Mata Atlântica, a decisão de São Paulo é emblemática e influenciará a forma de se produzir lixo nas cidades brasileiras. “Sinaliza a necessidade de gerar um conjunto de medidas e chama a responsabilidade do setor empresarial, o que levará fabricantes, importadores, comerciantes, além do próprio consumidor, a produzir menor lixo”.

Na conversa que tivemos, Feldman chamou atenção para o fato de que o plástico não é o único problema na questão ambiental. Tem toda razão. É preciso mudar o nosso comportamento em relação a produção de lixo – tema que tem se tornado uma constantes neste blog.

Ainda jogamos bituca de cigarro no chão, acumulamos entulho sobre a calçada, não nos dignamos a separar o material reciclável, sequer pensamos na forma com que consumimos, nem nas embalagens que usamos. Assim como a prefeitura – que adora criar uma lei para os outros – segue lenta na implantação da coleta seletiva.

Dúvidas e polêmicas à parte, comece agora a repensar seus hábitos, inclua na próxima compra algumas sacolas recicláveis, cobre do supermercado a disposição de caixas de papelão, peça para retirar as embalagens em excesso e não esqueça de enviar um e-mail para o prefeito, subprefeitos, secretários municipais e vereadores reclamando medidas mais práticas e urgentes para melhorar a gestão do lixo na cidade.

Melhor isso do que continuar passando vergonha quando receber visita em casa.

Como o lixo do condomínio recicla gente

 

Reciclando

Estou de volta ao lixo, assim como faz um sem-número de famílias pobres da cidade mais rica do país. Levo vantagem, porém, sobre todas elas. Volto por escolha e por retórica, enquanto essas são obrigadas a enfrentar a situação vexatória por sobrevivência.

Há duas semanas, escrevi sobre os lixões residenciais que se formam diante dos condomínios mais luxuosos da capital. Criados por gente que não se dá o trabalho de separar lixo seco do úmido nem se envergonha de ver pais e filhos esfarrapados sentados na calçada vasculhando os sacos depositados cheios da sujeira produzida por eles. De sujeira e de dinheiro, também.

Em cada um desses sacos plásticos, geralmente pretos, é possível encontrar lata de alumínio, garrafa PET, potes de vidro ou quantidade considerável de papel que não tenham sido contaminadas pelos restos de comida. Resíduos que levados à reciclagem se transformam em renda mínima capaz de sustentar famílias carentes.

A boa notícia é que há paulistanos convictos de que é possível mudar este cenário.

Há dez anos, Célia Marcondes e um grupo de vizinhos decidiram organizar a coleta seletiva nos bairros de Cerqueira César e Jardins. Convenceram donos de apartamentos a separar lata, garras, PETS, papel e plástico e colocar tudo em sacos de cores diferentes dos usados para o lixo. Conseguiram os caminhões que, desde então, recolhem este material que está armazenado em conteineres e fazem a entrega na sede Cooper Viva Bem, responsável pela triagem, separação e limpeza. Atualmente, 400 prédios integram esta rede.

“A gente pode resolver dois problemas de uma só vez: ambiental e social. Esse povo que vem rasgar saco na porta dos prédios, vem porque falta alternativa de vida. É o alimento que ele precisa para o dia-a-dia. Não podemos condenar este pobre coitado que vive de catar restos dos outros. Na cooperativa, ele tem dignidade e renda”- explica Célia.

Hoje, a Cooper Viva Bem tem cerca de 100 famílias reciclando em torno de 100 toneladas de resíduos por mês, suficientes para gerar a cada uma algo como R$ 800,00. Se a prefeitura ampliasse a área de coleta e aumentasse a quantidade de centrais de triagem, o número de pessoas beneficiadas seria bem maior na cidade de São Paulo.

Por enquanto, temos apenas 21 centrais que recebem o material coletado pelos caminhões das duas concessionárias contratadas da prefeitura, Loga e Ecourbis. Eles ainda não circulam em todos os 96 distritos da capital nem mesmo em todas ruas e avenidas dos 76 distritos que são atendidos pelo serviço. Mesmo assim, muitas vezes têm de deixar de coletar ou misturam no lixo comum o material reciclado por falta de espaço nos pátios das cooperativas.

De acordo com os dados oficiais da prefeitura, das 10 mil toneladas de “lixo” produzidas pelos paulistanos, todos os dias, cerca de 2 mil toneladas poderiam ser reaproveitadas. Deste total, cerca de 7% são coletados de forma correta. O resto desperdiçamos.

Em tempo: ambientalistas dizem que dos resíduos sólidos produzidos na cidade, no máximo 1,5% vai para as centrais de triagem.

Valdecir Papazissis, homem da prefeitura que tem o desafio de organizar a coleta seletiva na cidade, considera “lamentável a situação dessas famílias que vão para frente dos condomínios procurar material reciclável”. Ele mora em casa, faz a separação e entrega em um dos pontos de coleta da cidade que fica, aliás, no mesmo local em que trabalha, o Limpurb – o Departamento de Limpeza Urbana.

Não diz com todas as palavras, mas sabe que São Paulo poderia estar muito mais bem atendida pela coleta seletiva com mais famílias integradas ao sistema, se os contratos assinados pelas concessionárias não tivessem sido renegociados no início do governo Serra/Kassab. “Marcos foram postergados”, se limita a comentar o diretor de Coleta Seletiva do Limpurb.

Quando foi assinado, em 2004, pela administração Marta Suplicy, as duas empresas receberiam R$ 20 bilhões em 40 anos. José Serra achou caro de mais, pagou cerca de R$ 940 mil para FGV analisar os textos e negociou redução de 17% nos valores, em 2005. Aceitou, porém, mudar os prazos para a realização dos serviços propostos como distribuição de conteineres na cidade, recolhimento de lixo porta a porta em áreas de favela e coleta seletiva. Ou seja, pagou menos em troca de menos serviço.

A atual administração também tem sido lenta no sentido de expandir o programa, apesar de Papazissis insistir que os investimentos têm sido feitos. No ano passado eram 16 centrais de reciclagem, hoje temos 21, estão prometidas mais duas até o fim de 2011 e mais três até o ano que vem.

Sobre a participação dos condomínios, Papazissis diz que 1.870 aderiram ao programa da prefeitura e 3 mil conteineres estão disponíveis para a coleta. Quanto ao investimento para aumentar a participação dos donos de apartamentos, alega que existem explicações no site do Limpurb e que são realizadas palestras. Não parece ser suficiente, haja vista termos algo como 30 mil condomínios na cidade.

Não há previsão de campanhas pedagógica e publicitária para mudar o comportamento do cidadão.

“Infelizmente, a prefeitura não contribui como poderia. Estamos abrindo mão de matéria prima de alta qualidade e deixando de integrar esta gente à sociedade. É preciso que todos se convençam de que o maior avanço que temos neste trabalho é a reciclagem de pessoas” – ensina Célia Marcondes.

Deixo, assim, o convite a você que lê este texto agora: comece por reciclar o seu comportamento. Eu comecei, em 1991, quando adotei São Paulo como minha cidade.

A foto deste post é de autoria do jornalista Marcos Paulo Dias e faz parte do meu álbum digital no Flickr.

O poder do lixo

 

Por Devanir Amâncio
ONG Educa SP

Catador de reciclável 1

Se houvesse um concurso de grafite no centro de São Paulo, o grafite no tapume que cerca a interminável e confusa reforma do Teatro Municipal, na Praça Ramos de Azevedo, seria um dos escolhidos: a imagem de um catador de papelão com o peito estufado puxando a sua carroça carregada de recicláveis.

A grande verdade para muita gente que observa a obra de arte , está nos dizeres da carrocinha: ” Um catador faz mais que os Ministros do Meio Ambiente. Nada !”

Em meio aos recicláveis, ao lado de malas, a imagem de um homem mascarado e engravatado – com um cifrão no paletó – chama a atenção.

O tapume é assinado por Mundano_SP

Condomínios de luxo mantém “lixão doméstico”

 

Lixão residencial

O desmoronamento de parte dos 600 mil metros cúbicos de lixo amontoados no aterro sanitário de Itaquaquecetuba, na Região Metropolitana de São Paulo, que ocorreu segunda-feira (25/04), é apenas uma das cenas que revelam a forma incompetente com que o Brasil administra os resíduos sólidos.

Despercebida pela maioria de nós, outra imagem desta tragédia urbana se reproduz diante de alguns dos mais ricos condomínios da capital paulista, todos os dias. São famílias pobres, muitas desgraçadas, que ficam a espera do “lixo” despejado pelos moradores de bairros como o Panamby e o Morumbi, na zona sul da capital.

Sacos se acumulam aguardando a empresa de coleta. Antes que o caminhão chegue, mães, pais e crianças pequenas cercam o local. Como se estivessem diante de gôndolas de supermercado – nem mesmo o carrinho para as compras é esquecido – escolhem o que de melhor têm a disposição.

Latinhas de cerveja e refrigerante são as preferidas da maioria, pois têm saída mais fácil. Garrafas PET e de vidro, também ajudam a formar a renda familiar. Os papéis nem sempre são aproveitados pois ficaram contaminados pela mistura com o lixo comum. Comida, muito pouco (ainda bem).

Em São Paulo, capital, conseguimos substituir os lixões por dois aterros sanitários que, hoje, esgotados, geram até 20 mega watts por hora de energia elétrica, cada um, a partir da captação dos gases metano e carbônico, numa demonstração de que poderíamos gerenciar melhor esta questão.

No entanto, ainda fazemos da porta dos condomínios uma espécie de lixão doméstico, sem que isto cause, aparentemente, constrangimento aos seus moradores. Gastamos fortunas para manter as salas de ginástica, quadras de tênis, áreas de lazer, piscinas enormes mas somos incapazes de nos organizarmos para a separação dos resíduos sólidos. Preferimos jogar tudo fora transferindo aos outros a responsabilidade pelo que consumimos.

E como o consumo está em alta, produzimos sete vezes mais lixo em 2010 do que no ano anterior, conforme estudo divulgado nesta semana pela Abrelpe – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. Foram 61 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos, em todo o Brasil. Você que lê este texto foi responsável por cerca de 378 quilos de lixo, em média. Se mora em São Paulo, acumulou 1,328 quilo por dia – pois vive na região que mais “sujeira” fez no ano passado.

Responsabilizar o aquecimento da economia pelo aumento da produção de lixo é varrer para baixo do tapete o verdadeiro problema enfrentado pelo País.

As prefeituras investem pouco em políticas de coleta seletiva. Na capital paulista, existem apenas 16 centrais de reciclagem para atender os 96 distritos – número que não cresce faz seis anos. Do material que é recolhido pelos caminhões da coleta seletiva mais de 1/3 vão parar no lixo comum. Faltam campanhas que incentivem a separação e programas pedagógicos que preparem a população. A cobrança da taxa do lixo, que poderia trazer pelo bolso a consciência que nos falta, quase causou uma revolução na cidade.

A esperança de que isto mude está na Lei de Resíduos Sólidos, a Lei do Lixo, em vigor desde o ano passado e que impõe responsabilidade aos municípios e ao poder público, mas também às empresas que fabricam e vendem, assim como às pessoas que compram e consomem.

Temos o compromisso de acabar com os lixões até 2014. Você pode começar a fazer isso agora na porta do seu condomínio.

Texto originalmente escrito para o Blog Adote SP, da revista Época SP