Avalanche Tricolor: lição de casa feita!

Grêmio 2×0 Brasil Pel

Gaúcho – Arena do Grêmio, Porto Alegre RS

Cristaldo comeora o gol em foto de Lucas Uebel/GrêmioFBPA

O Grêmio termina o domingo com a lição de casa feita. No jogo de hoje, evitar riscos, não tomar gol de preferência e mostrar evolução do meio para frente eram os objetivos da equipe que está sendo construída ao longo da competição.

A retranca esperada e armada pelo adversário foi sendo avariada aos poucos e  com toques de bola de um lado para o outro. Às vezes com insistência de mais por um lado e se esquecendo que o time pode trabalhar bem pelos dois, especialmente com as escalações de Pavón, na direita, e Gustavo Martins, na esquerda. 

Do lado direito o entrosamento de João Pedro, lateral que tem melhorado bastante a cada partida, era maior com Pavón, do que no esquerdo, em que um comedido Mayek, assumindo a posição de titular com a lesão de Reinaldo, servia bem menos a Gustavo Martins. 

Curiosamente, foi deste lado direito e dos pés de Mayek que surgiu o passe para o gol aos 45 minutos do primeiro tempo. Nessa altura, o time já percebia que precisava variar mais a bola e jogar com velocidade no passe para quebrar a marcação. 

Franco Cristaldo recebeu desmarcado na entrada da área. Os zagueiros estavam mais preocupados com Diego Costa. O argentino, puxou para o lado direito e bateu com categoria para fazer o seu terceiro gol na temporada, o 14º com a camisa do Grêmio. Cristaldo é discreto, há quem reclame do desempenho dele, mas os números são claros:  é goleador e garçom, como já havia mostrado no ano passado.

No segundo tempo, o Grêmio melhorou ainda mais, foi seguro nas poucas tentativas de ataque do adversário e começou a empilhar jogadas por todos as partes do campo. 

O segundo gol chegou aos 23 minutos premiando o bom entrosamento de Pavón e João Pedro, e o esforço de Diego Costa. Nosso centroavante brigou com o zagueiro, venceu a dividida, chutou uma e precisou chutar a segunda vez para estufar a rede. Sua comemoração sinalizou ao torcedor que ele está “esfomeado”, não quer perder a oportunidade de mostrar porque fez a fama pelos clubes que passou. Duas partidas, dois gols. E que venham muito mais!

O Grêmio poderia ter feito mais, desperdiçou algumas jogadas e foi preciosista em outras. O placar poderia ter sido mais elástico, mas o desempenho do time mostra melhoras e soluções em relação a outros jogos do campeonato. Ainda há peças para serem mais bem encaixadas, um aproveitamento melhor nas tabelas de Diego Costa e seus colegas que entram na área, e demonstrar consistência no setor defensivo, que começa na marcação lá no campo do adversário. 

O importante é que a lição de casa está feita! Agora é começar a semana com o foco na semifinal do Campeonato Gaúcho que será em duas partidas.

Avalanche Tricolor: “o bicho é bom!”

Grêmio 1×0 Brasil de Pelotas

Gaúcho – Arena Grêmio, Porto Alegre/RS

Suárez cercado pelos marcadores em foto de Lucas Uebel/GrêmioFBPA

Um jogo inteiro jogado se fez necessário para que os quase 30 mil torcedores que foram à Arena, no fim da noite de quarta-feira, tivessem a oportunidade de explodir em festa com o gol de Luis Suárez. Até aquele instante de felicidade, assistíamos à uma partida truncada, catimbada e violenta. Enquanto o adversário tinha como única intenção impedir que o futebol se realizasse, o Grêmio tentava, com paciência e pouco repertório, impor a sua superioridade. 

Ao longo dos 90 minutos —- usar o tempo de jogo é apenas força do hábito, porque com tantas paralisações, sequer os 12 minutos de acréscimo no segundo tempo devem ter sido suficientes para completar a hora e meia regulamentar —-, o Grêmio era mais esforço do que entrosamento, o que se justifica diante da necessidade de o técnico reconstruir a equipe. Nem todo o esforço, porém, tornava o gol mais próximo.

Aos torcedores restava-nos, mais uma vez, esperar pela bola fatal, aquela que seria entregue a Suárez para que ele resolvesse, como já havia feito no fim de semana, em Caxias do Sul. Mas como fazer a bola chegar até ele, se o atacante uruguaio estava cercado por marcadores? Tentou-se de diversas formas e sem muito sucesso. 

Às vezes, Suárez deixava a área em busca dos companheiros, mas por enquanto, ele dança milonga e os colegas vanerão. Os passos não estão suficientemente coordenados. A tabela não sai com a precisão que a retranca adversária exige. Restava ao atacante lamentar a falta de entrosamento. Para ter ideia da dificuldade gremista de chegar ao gol, até o gol propriamente feito, Kannemann era quem mais havia finalizado, graças a cabeceios sem muita direção, em lances de escanteio.

O primeiro tempo já havia ido embora —- em meio a um entrevero envolvendo Suárez e Piton, o goleiro adversário —, e o segundo recém estava de volta, quando uma falta dura ainda na nossa defesa, resultou em cartão vermelho e expulsão, deixando o Grêmio com vantagem numérica em campo. Nem isso foi suficiente para mudar a cara da partida.

Das muitas tentativas de trocas na equipe — as cinco substituições foram feitas —, a presença do estreante argentino Franco Cristaldo foi a que mais fez diferença, dando um outro ritmo para o nosso ataque. O meio de campo ganhou talento, o passe melhorou e a velocidade aumentou. Mas nada de o gol sair.

Nas arquibancadas, o incômodo se expressava em reclamações e vaias ensaiadas contra um ou outro jogador. A maioria de nós, porém, ainda estávamos a espera do lance genial. O problema é que o cronômetro seguia correndo contra nossas pretensões e o jogo parando diante da nossa indignação. Temíamos que o prazo de validade de Suárez fosse expirar antes do fim. 

Com as dificuldades impostas, o atacante que demonstra um comprometimento contagiante com o time, desta vez, seria mantido até o apito final. E com isso nossa esperança se estendia mesmo com a partida quase se encerrando. 

Os acréscimos começariam a ser contados no relógio do árbitro quando Bruno Alves, nosso zagueiro, fazendo às vezes de meio-campo, lançou para Ferreirinha que entrava pelo lado esquerdo da área. O ponteiro foi um dos jogadores mais acionados na partida e quase havia marcado um gol um pouco antes. Desta vez, em lugar de chutar direto, depois de vencer com velocidade o marcador, passou para Suárez.

O tempo, então, parou!

E fomos recompensados àquela hora da noite. Tivemos o privilégio de  apreciar o que estaria por vir. O que aconteceu naquele pequeno espaço de grama, dentro da pequena área adversária, com marcadores por todos os lados e o goleiro quase aos pés de Suárez, foi esplêndido. Ele dominou a bola e tabelou com ele próprio, trocando a bola de pés, duas vezes, e impedindo com o corpo o assédio dos adversários. Com uma barreira de homens à sua frente, ele recorreu ao bico da chuteira para elevar a bola o mínimo possível para escapar das mãos do goleiro, o máximo necessário para não se chocar contra o travessão. 

O estufar da rede acionou o botão euforia na Arena — aqui onde eu estava, também — e ofereceu aos torcedores o prazer que somente os craques são capazes de saciar. Uma alegria muito além da importância do jogo, do resultado e da competição. Que se expressava como êxtase pela presença de um dos gigantes do futebol mundial que agora é o dono da camisa 9 do Grêmio.

Adjetivos não faltariam para definir o que representa Suárez para os gremistas. Poderíamos explorar as hipérboles da língua portuguesa para descrever o sentimento de assistir à Suárez em campo. Quis, porém, a ironia que o destino oferecesse a uma das vítimas do atacante e protagonista do antijogo que imperava na Arena a oportunidade de melhor descrever, naquele instante, o fenômeno Suárez: : “o bicho é bom mesmo!”, disse o goleiro Marcelo Pitol, do Brasil de Pelotas.

É muito bom! E é do Grêmio!!!

Avalanche Tricolor: a Elias o que é de Elias

Brasil 1×1 Grêmio

Gaúcho – Estádio Bento Freitas, Pelotas/RS

Elias cobrando pênalti. Foto de Victor Lanner | Grêmio FBPA

Coube a Elias mais uma vez marcar o gol do Grêmio na segunda rodada do Campeonato Gaúcho. Havia feito os dois, na estreia, um deles de pênalti. Da mesma forma que no primeiro jogo, sofreu o pênalti ao receber a bola em velocidade dentro da área e provocar a falta do adversário. Também cobrou com segurança e colocou a bola no fundo do poço. Fez mais: demonstrou ter repertório variado na cobrança. No meio da semana bateu forte, no alto e do lado direito do goleiro; desta vez usou a força, chutou rasteiro e do lado esquerdo. 

Elias é destaque da base há algumas temporadas. Chegou a Porto Alegre em 2018, depois de surgir no Guarani de Campinas, cidade em que nasceu. Começou jogando pela ponta, aproveitando-se da força e velocidade. Passou a ser usado no meio da área. Foi goleador e campeão brasileiro de aspirantes, em 2021. A fama chegou aos olhos do torcedor que passou a pedir a presença dele na equipe principal. Teve poucas chances. Jogou nove partidas no ano passado e marcou dois gols. 

Internamente, a avaliação era que o atacante oscilava na qualidade de suas apresentações. Nos dois jogos, em que marcou os três gols gremistas, demonstrou que ainda precisa aprimorar o passe. É melhor recebendo a bola do que devolvendo-a aos colegas. Revela boa visão dos companheiros mas tem de melhorar na execução. A despeito disso, tem o faro do gol, como se dizia em um tempo em que Elias sequer havia nascido. O guri acabou de fazer 20 anos. É de novembro de 2001.

Está pedindo passagem. E, certamente, será mais bem aproveitado por Vagner Mancini. Talvez não saia como titular, mas tem tudo para ser esta a temporada da consagração de seu futebol. 

Avalanche Tricolor: uma estreia para respirar aliviado

Grêmio 4×1 Brasil RS

Gaúcho – Arena Grêmio

Foto Lucas Uebel Grêmio FBPA

Quase um ano após uma sequência de sufocos, sofrimentos e empates, bem que eu merecia assistir à tranquilidade de uma partida como desta noite, que marcou a estreia do Grêmio no Campeonato Gaúcho de 2021. Sim, o ano de 2020 ainda não se encerrou —- domingo temos a final da Copa do Brasil — e o ano novo do futebol já se apresenta com a mediocridade de sempre das competições estaduais.

Neste ano ao menos não teremos o que reclamar do público que costuma só se apresentar nas partidas finais —- e com toda razão. Com a Covid-19 influenciando comportamentos e escalações, as arquibancadas seguirão vazias no Gaúcho. De resto, é aquele jogo de futebol sem o glamour das competições principais. Não tem bola no pedestal para a entrada dos times no gramado.  Não tem banner com patrocinador fazendo cenário para a entrevista no intervalo. Não tem VAR para aliviar a culpa do árbitro. É futebol raiz, como costumam dizer. 

Independentemente das condições e do adversário, como disse na abertura desta Avalanche, eu e toda a torcida gremista estávamos mesmo precisando de um dia de calma. Com gol logo no início da partida e goleada antes de o intervalo chegar, respiramos aliviados mesmo com um time bastante modificado e a presença de vários jovens recém-saídos da base. Lucas Silva fez de pênalti, Ferreirinha de cabeça, Guilherme Azevedo só completou para as redes e Isaque eliminou qualquer risco de reação.

Para mim, por curiosidade que seja, nem era jovem nem marcou gols o jogador que mais se destacou: Pinares, chileno, prestes a completar 30 anos, que chegou com boa fama por ser titular da seleção do Chile, mas que teve poucas oportunidades na temporada, fez um partidaço, tomando conta do meio de campo, dominando a bola com qualidade e metendo duas assistências para consagrar os atacantes. 

Nem Pinares nem outro de seus companheiros desta noite devem sair jogando no domingo quando decidiremos o título da Copa do Brasil de 2020. O time de Renato já está escalado e teve uma rara semana de preparação, avaliação de erros, correção de problemas e mobilização interna. O desempenho nessa estreia e a goleada conquistada, porém, são importantes para desanuviar o ambiente pesado dos últimos tempos. Assim como é motivador saber que, independentemente do que acontecer domingo —- e torço para que o melhor se realize —- Renato permanecerá no comando da equipe.

Avalanche Tricolor: é sempre bom voltar para casa

 

Brasil-Pel 0 x 0 Grêmio

Gaúcho — estádio Bento Freitas/Pelotas-RS

 

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Pepê em destaque na foto de LUCASUEBEL/GRÊMIOFBPA 

 

Foram apenas alguns dias, mas foram dias intensos esses que fiquei em Porto Alegre. Fui para lá na sexta-feira e voltei no domingo. Se insistir de ficar mais um ou dois dias —- e esta é a vontade que não me falta —- logo estarão espalhando por aí que estou de férias. Por isso, ontem à noite já estava em casa, aqui em São Paulo.

 

É curiosa essa sensação do “estar em casa”.

 

Deixei Porto Alegre em 1991 quando vim embora para a capital paulista. Se minhas contas estiverem certas e meus planos se realizarem, desde metade do ano passado já vivi mais tempo em São Paulo do que no Rio Grande do Sul.

 

Aqui me fixei profissional e pessoalmente. E me realizei. Minha carreira de jornalista se expandiu. A mim foi oferecido espaço no rádio, na TV, na internet e em revista. Muito mais importante, porém, foi que aqui encontrei a mulher amada e com ela tive filhos amados — e com eles convivo até hoje. É na casa de São Paulo que recebo amigos e para a qual convido a família para aproveitar seus dias. É o meu lar.

 

Apesar disso, ainda teimo em dizer, sempre que tenho viagem marcada para Porto Alegre, que vou para casa. Refiro-me a casa onde morei na Saldanha Marinho, em Porto Alegre, na qual hoje vive meu irmão com a família dele — minha cunhada, meu sobrinho e minha afilhada —-, que me recebe sempre com muita generosidade

 

Foi lá que passei a maior parte dos meus dias de infância e adolescência. Onde minha mãe trocou minhas fraldas, vestiu minha primeira calça de brim coringa e nela bateu com chinelo, sempre que fiz por merecer. Corri atrás de galinha no quintal da casa da Saldanha. Brinquei de esconde-esconde na calçada, em frente. Deixei meus pais de cabelo em pé, atravessando de bicicleta a rua de paralelepípedo.

 

Quando acreditava ter idade para tal, deixava minha casa para me divertir nas discotecas da época, no encontro com os amigos na mesa de bar e na paquera na Cidade Baixa — programas que contribuíram, e muito, para o número de cigarros consumido pelo pai, que só dormia depois que eu voltava para casa.

 

Lá da casa da Saldanha, saía ao lado do pai para ver os jogos do Grêmio, no vizinho estádio Olímpico — onde também treinei futebol, joguei basquete e criei raízes. E essa sequência de experiências —- e tantas outras que deixei de registrar aqui —- impregnaram na alma a ideia de que quando chego na Saldanha, estou em casa. Estou mesmo. Uma sensação que em nada desmerece a ideia de que meu lar está em São Paulo, daqui de onde escrevo essa Avalanche.

 

Ops, perdão, somente agora lembrei que este texto ocupa o espaço dos posts que fazem referência ao Grêmio e seu desempenho em campo — e fora dele. Infelizmente, porém, a viagem de volta a São Paulo deu-se no momento em que o Grêmio começava mais um compromisso pelo Campeonato Gaúcho. Mal consegui assistir aos minutos iniciais na tela do celular. A comissária de bordo logo anunciou o fechamento das portas do avião. Assim que aterrissamos ainda consegui ver o apito final da partida em que empatamos jogando fora de casa — resultado que nos mantém isolado e distante na liderança da competição.

 

Semana que vem, segunda-feira, o Grêmio volta aos gramados e, dessa vez, jogando em casa. E estar em casa é sempre muito bom. Não é mesmo!?

Avalanche Tricolor: o Grêmio é cruel!

 

Grêmio 4×0 Brasil-PEL
Gaúcho – Arena Grêmio

 

Jael

Jael comemora com Everton o 3º gol (reprodução SPORTV)

 

A goleada na primeira partida da final dá a dimensão da diferença técnica entre o Grêmio e os demais times que disputam o Campeonato Gaúcho. Mesmo aquele que teve a melhor campanha até aqui na competição não foi capaz de conter o talento tricolor e acabou praticamente nocauteado, nessa tarde de domingo.

 

Haverá alguém que questione esta diferença e justifique o placar ampliado pela expulsão do zagueiro adversário pouco antes do fim do primeiro tempo. É verdade, o cartão vermelho facilitou nosso serviço. Mas se aconteceu, pode colocar na conta do Grêmio.

 

A velocidade das jogadas, a forma como o time se movimenta em campo, a quantidade de passes trocados e a precisão desses passes faz com que os espaços se abram. Por mais esforçado que seja o adversário é preciso correr mais, dobrar a marcação e ser muito cirúrgico na roubada de bola.

 

É cruel!

 

A paciência do marcador diminui com o passar do tempo, as faltas ocorrem com mais frequência e por mais permissivo que seja o árbitro as punições ocorrem. Um amarelo aqui, outro ali, uma bronca acolá e, daqui a pouco não tem mais opção: vermelho.

 

Foi o que aconteceu na Arena, mais uma vez.

 

O Grêmio entrou em campo com dois volantes que dizem muito sobre a qualidade do time. Geralmente as equipes têm um volante com algum talento na saída de bola e outro no desarme. Maicon e Arthur rodam pelo meio de campo e conduzem a bola com uma habilidade impressionante.
É cruel!

 

À frente dos volantes aparece Luan que é perseguido por um, dois, três … hoje chegou ter cinco jogadores em volta dele … e não perde a bola por nada neste mundo. A cabeça está sempre erguida para enxergar um companheiro mais bem colocado. A corrida pelo gramado é elegante. Dificilmente é desarmado. E só resta ao marcador derrubá-lo. Ou atropelá-lo, como fez o zagueiro justamente expulso no fim do primeiro tempo.

 

É cruel!

 

Pelos lados aparecem Everton, um velocista, e Ramiro, um incansável. Everton finaliza mais, Ramiro marca mais. Cada um com sua características, sempre aparecem livres para receber, pois têm agilidade e conseguem dar boa sequência na jogada.

 

Everton, aquele que nos colocou na final do Mundial, dá sinais que vai pelo mesmo caminho de seu antecessor Pedro Rocha. Muitas vezes cobrado por desperdiçar jogadas de gol, começa a se posicionar melhor em campo e finalizar melhor. Hoje marcou dois.

 

Ramiro descobriu-se cobrador de falta. Mais uma vez soube aproveitar o chute de longa distância, bateu forte na bola e deu a ela efeito capaz de “driblar” o goleiro.

 

É cruel!

 

E lá na frente …. bem, lá na frente tem o Cruel em pessoa.

 

Jael faz cara feia quando não marca, faz cara feia quando recebe falta e faz cara feia para o adversário. Mas sorri como nenhum outro quando percebe a utilidade de seu futebol para o time do Grêmio.

 

Hoje, foi imprescindível no passe. Sempre recebendo de costas para o zagueiro, toca para um companheiro mais bem colocado e, com a humildade que o caracteriza, os deixa em condições de fazer o gol. 

 

Colocou a bola por trás dos marcadores para Everton fazer o primeiro, forçou a defesa do goleiro permitindo que Alisson fizesse o segundo e deu passe de letra magistral para Everton fazer o terceiro. Só não participou do quarto gol porque já não estava mais em campo.

 

O Grêmio que já havia vencido a primeira partida das quartas-de-final por 3 a 0, a primeira da semifinal por 3 a 0, começa a decisão do Gaúcho com uma goleada clássica: 4 a 0.

 

O Grêmio é cruel com seus adversários!

Avalanche Tricolor: prazer em revê-lo!

 

Brasil 1×3 Grêmio
Gaúcho – Centenário/Caxias do Sul

 

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Foto:Lucas Uebel/Álbum oficial do Grêmio, no Flickr

 

O estádio era o velho Centenário, na Serra Gaúcha, onde assisti a muitos jogos pelo Campeonato Gaúcho – e lá também trabalhei, nas épocas de repórter de campo pela Rádio Guaíba de Porto Alegre. A imagem da vizinhança sobre a laje das casas que rodeiam o local, transformada em arquibancada, permanece. A impressão é que os arredores, no bairro de Marechal Floriano, pararam no tempo, apesar do crescimento da cidade de Caxias do Sul.

 

O adversário na estreia do Campeonato Gaúcho também era bem conhecido, aliás é um dos mais tradicionais do Rio Grande: o Brasil de Pelotas, que teve de migrar para Caxias, neste primeiro jogo, devido a punição imposta pela Federação Gaúcha de Futebol, ainda na competição do ano passado. O time tem sido o melhor do interior gaúcho nas últimas temporadas, acaba de subir para Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro e sempre é empurrado por uma fanática torcida

 

Apesar de Caxias, o Centenário e o Brasil de Pelotas me trazerem boas lembranças dos tempos em que morei no Rio Grande do Sul, a saudade que sentia, até a bola começar a rolar, era do Grêmio que encantou o futebol brasileiro no ano passado. Era daquele estilo de futebol que Roger nos ensinou a gostar: marcação sobre pressão, pouco espaço para o adversário jogar, time se movimentando com rapidez, bola saindo de um pé para o outro sem precipitação e muita precisão.

 

Já havia assistido às duas partidas anteriores, o amistoso contra o Danubio e a estreia na Copa Sul-Minas-Rio, ambos sem muito entusiasmo, seja porque a primeira nada valia, seja porque a segunda era com time reserva, que pouco se entendia.

 

Hoje, não! Hoje começava a temporada propriamente dita.

 

Time titular em campo e competição tradicional em disputa faziam desta partida a mais importante até aqui. As circunstâncias do jogo tornaram o resultado ainda mais relevante, pois encaramos um adversário esforçado e com marcação persistente, um árbitro metido a disciplinador e um gramado que se desmontava a medida que era pisoteado pelos jogadores. Não bastassem essas intempéries, ainda falhamos na marcação logo no início da partida e saímos atrás no placar.

 

Apesar das dificuldades iniciais e da irritação aparente de alguns jogadores, o Grêmio não abriu mão de sua maneira de jogar. O pouco espaço que restava em campo, devido ao sistema defensivo bem montado pelo técnico adversário, era usado para fazer a bola rolar de pé em pé.

 

O time parecia consciente de que somente tendo o domínio total da bola é que conseguiria chegar ao gol. Apesar de ter criado poucas chances, no primeiro tempo, o talento foi premiado com a jogada pelo lado direito em que Luan foi forte na marcação e veloz para encontrar Maicon, que corria em direção à área. De presente, Luan recebeu o passe de volta e empatou a partida.

 

No segundo tempo, ficou evidente que a conversa com Roger no vestiário mais uma vez colocou as coisas nos seus devidos lugares. Luan e Maicon voltaram a ser protagonistas ao servirem com categoria Everton e Pedro Rocha, no primeiro e no segundo gol, respectivamente.

 

O Grêmio está de volta!

 

Foi um prazer revê-lo!

Avalanche Tricolor: paciência, muita paciência!

 

Grêmio 0 x 1 Brasil de Pelotas
Gaúcho – Arena Grêmio

 

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Ganha uma, perde outra, ganha uma, perda outra …! Paciência! Assim será por algum tempo e enquanto estivermos em construção. No time, muitos jogadores novos e muitos novos jogadores. Alguns apesar de recém-chegados, estão apenas voltando. Há os velhos conhecidos, também. Essa mistura impõe tremendo desafio em um início de temporada. Especialmente, em uma temporada como esta na qual o Grêmio além de acertar a equipe em campo terá de acertar as contas no banco. Com essa receita, esportiva e financeira, não é possível esperar resultados extraordinários.

 

Verdade que eu esperava bem mais do que assistimos na noite de hoje, principalmente por estarmos jogando em casa. Mas, convenhamos, parece que o tal fator casa tem pesado muito pouco a nosso favor desde que nos mudamos para o Humaitá. Não que eu não goste do novo estádio, não! Nada disso. É um orgulho saber que aquela é a nossa nova casa. Apenas ainda não conseguimos criar um clima favorável, que impactasse o adversário – exceção a alguns raros momentos. Parece que os times vão jogar na Arena como se estivessem em campo neutro, mesmo com o grito forte da torcida no ouvido. Nos últimos dois jogos que fizemos em Porto Alegre, por exemplo, até as torcidas adversárias se motivaram a ocupar seu espaço. A impressão é de que todos se sentem confortáveis por lá. Conforto para os torcedores nas arquibancadas eu entendo e concordo, mas dentro de campo …!?

 

Hoje, vimos mais uma vez alguns ensaios de boas jogadas, uma ou outra iniciativa individual e raríssimas chances de gol. E se não as criarmos, teremos que contar com a sorte. Esta, porém, costuma estar do lado dos que mais acertam passes, jogam pelos flancos, se movimentam com velocidade e lutam incessantemente. Por enquanto, a luta da maioria dos nossos é com a bola e para se manter entre os titulares. E enquanto isso não mudar, será este ganha uma, perde outra, ganha uma, perde outra …! Paciência, muita paciência!

 


A foto deste post é do álbum oficial do Grêmio no Flickr