Leilão de famosos ajuda alfabetização em Paraisópolis

 

Doações

Emerson Fittipaldi, Giselle Bündchen e Bono Vox são três das personalidades que aceitaram o convite para ajudar o programa de alfabetização de jovens e adultos realizado na favela de Paraisópolis, onde 80 mil famílias vivem, ao lado do rico bairro do Morumbi, na zona Sul de São Paulo. Assim como eles, uma centena de pessoas doaram objetos pessoais para o leilão que se realiza nesta noite, no Budha Bar, da Daslu, que arrecadará dinheiro para a Escola do Povo.

“Este ano, ainda não conseguimos abrir uma turma por falta de dinheiro”, disse Gilson Rodrigues, presidente da Associação de Moradores de Paraisópolis, na conversa que tivemos, nesse sábado. Ele explicou que há cerca de 15 mil analfabetos morando na região e o leilão “é o grande momento desta comunidade, pois com o dinheiro queremos garantir as turmas de 2011”.

Ouça a entrevista de Gilson Rodrigues para o CBN SP

Na lista do site Dutra Leilões, além dos objetos que aparecem nas fotos, é possível encontrar doações de Mick Jagger, uma guitarra autografada por ele; Anna Hickmann e Fausto Silva, que participam com relógios de suas coleções; e do presidente Lula, o terno azul-marinho que usou na primeira posse.

Os lances podem ser feitos on-line através do site ou participando do jantar beneficiente com convites para casal a R$ 250,00. Mais informações na página da Escola do Povo, na internet.

Da maloca querida à favela temida

 

Por Carlos Magno Gibrail

Foto da Galeria de George Campos no Flickr

Saúde, educação e habitação, trinômio básico para o bem estar de qualquer população. A acrescentar apenas mais três necessidades urbanas contemporâneas: segurança, transporte e previdência social. Temas adequados ao momento nacional, véspera de eleições estaduais e federais.

As variações climáticas extremas ocorridas recentemente, tal qual no passado, quando antecederam e aceleraram rupturas, como a Revolução Francesa, ressaltaram o problema habitacional brasileiro com o alastramento das favelas, extensa e intensamente.

Em 1897, Prudente de Moraes decidiu exterminar Canudos e seu líder Antonio Conselheiro arrasando a “Cidadela” para mostrar ao mundo que o Brasil tinha reconquistado o território do “incompreensível e bárbaro inimigo” como descreveu Euclides da Cunha. A desinformação governamental existente ficou evidenciada na duração da batalha de junho a outubro daquele ano, travada contra a população instalada em morros, entre eles o Morro da Favela, batizado com o nome da planta que o cobria, favela.

De volta ao Rio, sem o soldo prometido, os combatentes se instalaram no Morro da Providência e levaram a alcunha de favela trazida de Canudos. Com a Lei Áurea de 1888, e as reformas urbanas de Pereira Passos em 1902, o Rio iniciou a era das favelas. Ex-combatentes, ex-escravos e ex-moradores do centro da cidade passaram a ser favelados.

De lá até cá, somos a 8ª economia do mundo, mas dos 200 milhões de brasileiros 50 milhões vivem em favelas. Do Rio a São Paulo, que viu no processo de industrialização e urbanização a partir de 1950 o início do problema das favelas, a questão é efetivamente considerada como algo negativo a ser resolvido, embora visto de diferentes ângulos. De origem e de tratamento.

Os que consideram os favelados migrantes se integrando ao meio urbano e criando lugar que possa lembrar o campo, sugerem que é preciso treiná-los e reurbanizar o espaço, fazendo com que gradativamente passem a se incorporar ao mercado de trabalho e à cidade.

Outros visualizam as favelas como local onde se obtém votos, e neste aspecto visitam-nas constantemente, fazendo promessas e interferindo na vida da comunidade, agindo com acentuada demagogia, colocando o interesse eleitoreiro em primeiro lugar.

Há quem veja as favelas apenas como território de marginais e defende a total destruição, tipo Canudos.

Alguns mais criativos e românticos se inspiraram e compuseram sucessos musicais. Dorival Caymmi: “Eu não tenho onde morar. É por isso que eu moro na areia. Eu nasci pequenininho como todo mundo nasceu. Todo mundo mora direito. Quem mora torto sou eu.” (ouça aqui)

Jota júnior e Oldemar Magalhães: “Favela amarela. Ironia da vida. Pintem a favela. Façam aquarela. Da miséria colorida.”

Adoniran Barbosa: “ …O dono mando derrubá.Peguemo tudo a nossas coisa.E fumo pro meio da rua…” (ouça aqui)

Os mais técnicos como o economista Sérgio Besserman, em recente entrevista a Veja, tendo em vista a tragédia carioca, sugere que em casos de risco de terrenos contaminados ou íngremes, inevitavelmente a remoção é a saída correta. Em casos como as grandes favelas, tipo a da Rocinha no Rio, onde há uma enorme população é prudente reurbanizar. Quando não há este empecilho defende categoricamente a remoção: “Em contradição com a opinião dominante, acho que há muitos casos em que a remoção se justifica. Encarando uma questão de fundo econômico que é central: as áreas favelizadas provocam uma acentuada degradação da paisagem da cidade, um ativo cujo valor é incalculável. Portanto quando uma análise de custo-benefício revelar que a realocação de uma favela trará retorno financeiro e social elevados, por que não cogitar sua remoção?”

Besserman ressalta, todavia a fundamental questão da autoridade do Estado e do ordenamento jurídico no âmbito das favelas: “É preciso fazer primeiro o básico do básico: o Estado deve recuperar o monopólio da força nos territórios hoje dominados pelos bandidos. As favelas são lugares em que milhões de pessoas vivem sob outras leis que não a do estado de direito democrático. Na prática elas não estão sob a órbita da Constituição Brasileira.”
Considerando que o Brasil estará sendo observado dentro em breve em função da Copa e das Olimpíadas, e ainda este ano em eleições, é imprescindível absorver a lição de Canudos. É preciso discernir no uso das armas adequadas. Os canhões para os bandidos, a técnica para a estratégia e honestidade acima de tudo para o país e para a nação.

Carlos Magno Gibrail é doutor em marketing de moda e escreve às quartas no Blog do Mílton Jung

Da República de Canudos ao Parque da Serra do Mar

 

Devastação da Serra: JT de 1985 e Folha de SP de 2009

Devastação da Serra: JT de 1985 e Folha de SP de 2009

 

Por Carlos Magno Gibrail

Favela é o nome de origem de planta rasteira encontrada na mata de transição entre a caatinga e a região de serrado. Antonio Conselheiro instalou a República de Canudos onde existiam muitas favelas. O governo ameaçado e os empresários amedrontados com a perda de mão de obra providenciaram tropas de combate para acabar com a crescente progressão do líder nordestino. Os soldados estacionavam num morro repleto desta planta tornando conhecido como Morro da Favela.

Após a ultima batalha, uma das maiores carnificinas da História do Brasil, tão bem narrada por Euclides da Cunha, a enorme quantidade de ex-combatentes foi para o Rio de Janeiro em busca de moradia, o prometido pagamento. O governo não cumpriu e os locais aos pés dos morros começaram a serem ocupados num processo natural de subida, já que a direção ao centro urbano não era viável. Daí não demorou muito para chamar os ex-combatentes de favelados e os locais de favela.

Quarenta e nove anos depois (1940) a ocupação da Serra do Mar começou em acampamentos de operários que iniciaram a construção da via Anchieta. A população se adensou a cada nova estrada. Mais 42 anos (1989) a segunda pista da Imigrantes terminou e os trabalhadores repetiram a história, que ocorre em todas as estradas recentes, como no Rodoanel de São Paulo.

Às construtoras dever-se-ia cobrar a remoção dos trabalhadores. Cobrar e controlar, pois o ambientalista Condesmar Fernandes de Oliveira lembra que a Ecovias deveria, em 1989, investir 2% do valor da obra da Imigrantes na remoção dos trabalhadores e mais 2% na preservação do meio ambiente . Não cumpriu. Em valores da época, aproximadamente 28 milhões de reais.

Hoje, as grandes cidades brasileiras estão cercadas por favelas e o Parque Estadual da Serra do Mar, abriga 7.500 famílias e 30.000 pessoas, graças não só ao descaso das construtoras, ao descontrole do Estado como também aos políticos locais. “A cada trecho construído e a cada eleição temos um novo surto de introdução de moradores” é o que assinala Mario Mantovani, diretor da SOS Mata Atlântica, desanimado e assustado, pois o IPT já adverte seriamente a possibilidade de uma catástrofe de desmoronamento total, estradas e moradias.

A Prefeitura de Cubatão, uma das maiores responsáveis pela grave situação é míope em relação ao tema, o que é facilmente verificado numa visita ao seu site. E Cubatão é a área mais complexa de ocupação do Parque e do Programa de Recuperação Sócio Ambiental da Serra do Mar e Mosaicos da Mata Atlântica.

O Parque Estadual é a maior unidade de conservação de proteção integral da Mata Atlântica abrigando 373 espécies de aves, 111 de mamíferos, 144 de anfíbios e 46 de répteis, muitas delas ameaçadas de extinção, além de fornecer água e espaço para lazer.

O programa custou R$ 1 bilhão, dividido entre Banco Inter-americano de Desenvolvimento – BID (45%), governo estadual (45%) e governo federal (10%). Seu objetivo é restaurar e conservar as funções ambientais das áreas inadequadamente ocupadas da Serra do Mar. Segundo o coronel Elizeu Eclair Teixeira Borges, comandante da Polícia Militar e um dos principais coordenadores do programa, a primeira ação desenvolvida pelo governo foi “congelar” as ocupações, aumentando a fiscalização nos bairros e proibindo que qualquer reforma ou construção fosse feita sem autorização ambiental.

São 315.000 hectares que vão de Cubatão até Caraguatatuba, cuja parte nevrálgica o Cel. Eclair garante que, a partir de 2007 com 76 homens e 11 viaturas, não foi admitida mais nenhuma família às 7.500 existentes. Acredita que 70% da população irão para a nova área a ser entregue com casas de 49 a 60m2, a um preço de 30mil reais, já com subsidio de 50% do Estado a serem pagos em 25 anos, dando mensalidades em torno de 100 a 130 reais.

Bom negócio, não fosse discurso anterior de políticos que vinham prometendo gratuidade nas cessões das moradias, além de facilidades primitivas, como não pagar água, luz e esgoto.

É talvez a grande dificuldade da desfavelização, embora como lembre Sergio Abranches, sem o ordenamento do Estado qualquer aglomerado humano sempre estará a mercê do poder de bandidos, afinal a autoridade é necessária para compor e harmonizar as relações urbanas.

É hora de política e não de políticos.

Carlos Magno Gibrail é doutor em marketing de moda, às quartas-feiras escreve no Blog do Milton Jung e sabe que promessa não cumprida é o que mais floresce nas nossas matas

Canto da Cátia: Famílias, fora !

 

Reitegração de posse em São Paulo 

Policias militares foram mobilizados para retirar cerca de 800 famílias que ocupavam terreno na região do Capão Redondo, Zona Sul de São Paulo, conforme decisão da Justiça. Houve resistência, a polícia invadiu o local e barracos foram incendiados, a princípio pelos próprios moradores. A repórter Cátia Toffoletto registrou a ação.

(16:37)

Tem novidade aqui no post: além de outras imagens disponíveis com as famílias retiradas do terreno, você pode ver vídeo gravado pela Cátia Multimedia Toffoletto.

Foto-ouvinte: OVNI na Favela da Paz

Carro não identificado Inspeção veicular, licenciamento e seguro obrigatório é coisa de outro mundo, não o do proprietário deste OVNI que apareceu na entrada da Favela da Paz, no Portal do Morumbi, esta semana. O carro faz parte da frota de coletores de material reciclado que transitam na cidade. Cada vez que cruzo por um desses, penso o que faz a fiscalização de trânsito na capital paulista.

*OVNI: Objeto Voador Não Identificado

Foto-ouvinte: Lanche rápido no McFavela

McFavela é sucesso na zona leste

McFavela Placa

Criatividade para seduzir o consumidor de baixa renda foi aplicada pelo dono desta lanchonete na favela Vila União de Vila Nova, em São Miguel Paulista, na zona leste de São Paulo. A McFavela atraiu a atenção do ouvinte-internauta Gilberto Travesso que publicou as imagens no Blog Notinhas de São Miguel

Travesso comenta em mensagem enviada ao CBN São Paulo que na Vila foram instaladas pelo governo de São Paulo cerca de 40 famílias, na década de 80. Hoje vivem aproximadamente 30 mil pessoas.