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Foi a ouvinte-internauta Eloiza Silveira quem me chamou atenção e enviou por e-mail trecho da reportagem que denuncia parte da ocupação do Jardim Pantanal, extremo leste de São Paulo, que está em baixo d’água desde a enchente da semana passada. O texto foi publicado no Jornal da Tarde de 14 de junho de 2007, portanto há mais de dois anos e meio:
Moradores ganham R$ 20 dos caçambeiros que despejam toneladas de entulho, depois espalham os resíduos e demarcam lotes de 120 m2 para vender
NAIANA OSCAR, naiana.oscar@grupoestado.com.br
Enquanto o Estado calcula ter de investir mais R$ 3 milhões em obras para melhorias no Rio Tietê, um crime ambiental, às margens do rio, pode causar danos irreversíveis à Cidade. Diariamente, caçambas despejam entulho na várzea do Tietê, desde o Jardim Romano até o limite com Itaquaquecetuba, Zona Leste.
Segundo moradores, por dia, cerca de 50 caminhões , com capacidade média de 4 toneladas, despejam entulho na região, que em 1998 foi decretada Área de Proteção Ambiental (APA). E não é de agora que isso acontece. Duas lagoas já foram completamente aterradas e sobre elas hoje há uma ocupação irregular.
Três homens se disseram responsáveis pelo aterramento do local. Eles ganham R$ 20 dos caçambeiros para receber o entulho, depois espalham os resíduos e demarcam lotes de 120 m² para vender. Cada um custa R$ 1 mil. “Alguém tem de organizar os lotes”, disse o líder do grupo, Izaías Xavier, 46 anos. A expectativa deles é de que até o final do ano toda a lagoa esteja aterrada.
Para os moradores da área invadida, as caçambas são um benefício para a comunidade. “As enchentes acabaram, os pernilongos e as cobras também. Do jeito que o terreno era antigamente, a gente não podia construir”, disse Cícero, 41 anos, morador do local há 20.
A reportagem do JT flagrou, ontem pela manhã, a chegada de uma caçamba onde antes era a Lagoa do Porto. O motorista descarregou a terra e deixou o local em menos de 10 minutos. Questionado sobre a legalidade do seu ato, disse que era autorizado pelos moradores.
Uma região entre o Jardim Helena e o Jardim Pantanal, em São Miguel Paulista, também está sendo aterrada. Na área, que também pertence ao Estado, seria construído um parque ecológico. Mas os moradores falam até em abrir estradas depois que o aterro for concluído.











