O zoneamento de Haddad é um retrocesso

 

Por Carlos Magno Gibrail

 

marta-suplicy-fernando-haddad-sao-paulo-20110812-03-original_Fotor

 

Marta Suplicy, justificando a sua decisão de sair do PT, apresentou uma série de críticas à atuação do partido. Apontou resultados desastrosos inegáveis. Embora possa haver aí ressentimentos por preterimentos anteriores a que foi submetida, na área de urbanismo é inquestionável a sua experiência. E o Plano de Haddad, convenhamos, é um prato cheio para quem busca análise técnica e isenta. Por isso, a Lei de Zoneamento é a escolhida por Marta para provocar indigestão nesta questionável administração petista.

 

O “Acorda, São Paulo”, artigo de 19 de junho da Folha, escrito por Marta, é um primor sob o aspecto urbanístico, difícil até de acreditar, que a autora, é a mesma que optou pelo túnel da Faria Lima com a Cidade Jardim.

 

Dentre as inúmeras questões levantadas, há o destaque positivo na atuação de Jorge Wilheim, que executou os Planos Regionais em 2002, para refletir as peculiaridades de cada região. E as lembranças de que o bairro do Butantã tem a população de Bauru, Campo Limpo a de Londrina e Pirituba de São José do Rio Preto são suficientes para se optar pela diversidade, que não está contemplada agora.

 

De outro lado, a questão das ZERs é um dos pontos cruciais desta ocupação de solo proposta. Para quem criou várias ZERs em regiões populares ao identificar riscos para todas as existentes é inevitável o alerta:

 

“Um dano irreparável serão as zonas estritamente residenciais (ZERs), que deveriam ser protegidas, mas estão ameaçadas pelo excesso de corredores comerciais com impacto devastador e algumas serão extintas”.

 

Neste momento de crise nacional, em que todos os nossos principais setores estão pagando alto preço pela má administração pública, não há como discordar de Marta: é preciso reagir. São Paulo não pode ficar atrás das grandes cidades do mundo.
Este Plano não é sustentável.

 


Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung, às quartas-feiras.

E as ciclovias!?

 

Por Julio Tannus

 

Ciclovia_Fotor

Trabalhei desde 1975 com o sistema de transportes na cidade de São Paulo: SISTRAN – Sistema de Transportes para a cidade de SP, no governo Olavo Setúbal na Prefeitura e Paulo Egídio Martins no Estado. Participei de projetos no Metrô e coordenei projeto para um novo sistema de trólebus. No governo Franco Montoro (governador) e Mário Covas (prefeito) atuei no projeto Participação e Descentralização.

 

Tudo engavetado!

 

Mudam-se os personagens e a peça é outra! O que é preciso mudar é essa estrutura política infame!

 

Lutei ferozmente, enquanto presidente e fundador da Sociedade Amigos da Região da Praça-do-Pôr-do-Sol para um novo Plano Diretor para a cidade de São Paulo, no governo Marta Suplicy: só faltou sair tiros, não fosse a intervenção da polícia, pois em uma das reuniões descobriu-se que o lobby imobiliário havia “comprado” alguns participantes para que votassem a favor de seus interesses.

 

Falando das ciclovias: essa medida é totalmente irresponsável, pois não há nenhum controle sobre as bicicletas, não se tem qualquer registro de quem é o proprietário, de quem está dirigindo, e assim por diante. Afora a questão da (in)segurança: se somos assaltados dentro de nossos carros, o que dirá em cima de uma bicicleta!

 

E há quem a defenda, citando como referêcia algumas cidades europeias. Amsterdã, por exemplo, é uma cidade totalmente plana, com uma população incomparavelmente menor e socialmente diferente da nossa.

 

E as ciclovias foram construídas nesse período totalmente atípico de falta de chuva.

 

Como diz o sociólogo Zygmunt Bauman sobre os dias atuais, quando, na visão dele, a experiência e a maturidade não têm mais vez: “aprender com a experiência a fim de se basear em estratégias e movimentos táticos empregados com sucesso no passado não funciona mais”.

 


Julio Tannus é Consultor em Estudos e Pesquisa Aplicada e co-autor do livro “Teoria e Prática da Pesquisa Aplicada” (Editora Elsevier)