Boa notícia não dá audiência

 


Por Carlos Magno Gibrail

O Brasil conquistou seis medalhas de ouro, três de prata, duas de bronze e dez certificados de excelência no maior torneio de educação profissional e tecnológica do mundo. Ocorrido em Londres no mês de outubro. Tirou o segundo lugar, ficando na frente do Japão, da Suíça e demais países desenvolvidos. Atrás apenas da Coreia do Sul.

Esta notícia não foi estampada com o merecido destaque em nenhuma das mídias, que, coincidentemente, abrem as primeiras páginas para alardear os rankings de educação que tem colocado nosso país em constrangedoras posições.

A mesma imprensa que brada a necessidade do ensino técnico, não abriu espaço para informar que a dupla gaúcha Christian Alessi e Maicon Pasin, do Centro Tecnológico de Mecatrônica, do SENAI, em Caxias do Sul, ganhou o ouro em mecatrônica e foi o destaque da equipe brasileira, vice-campeã do 41º Worldskills, que reuniu 944 competidores de 51 países e receberam mais de 200 mil visitantes. Assim como deixou de informar que Willian Grassiote do SENAI de Taguatinga é o melhor profissional do mundo em mecânica de refrigeração. Jecivaldo de Oliveira é excelência na aplicação de revestimento em cerâmica, após três anos treinando dia após dia, sem feriado, sem fim de semana no SENAI DF. Guilherme Augusto Franco de Souza do SENAI Mooca SP, é ouro em desenho mecânico em CAD. Gabriel D’Espíndula do SENAI Paraná é o melhor do mundo em eletrônica industrial. Natã Barbosa é ouro em web design pelo SENAI de Joinville. Também de Joinville Leandro Duarte e André Peripolli programaram um robô móvel e ganharam certificado de excelência. Do SENAI do Rio, Rodrigo Ferreira da Silva, filho de segurança de joalheria, é o melhor do mundo na ocupação de joalheria.

À falta de informação temos o oposto quando, por exemplo, na CBN, ao lado de qualificados comentários de Lucia Hipólito, Miriam Leitão, Max Gehringer, Arnaldo Jabor, etc. comandados por Mílton Jung, há a intromissão de um repórter anunciando acidente fatal de algum anônimo no trânsito paulista. Como se a má-noticia, mesmo que sem pedigree, tenha que comparecer no cardápio jornalístico.

Há, entretanto uma boa notícia, pois a tecnologia através da pressão dos dois bilhões de internautas ou dos cinco bilhões de proprietários de celular no evoluído mundo atual, abrirá definitivamente a customização da editoria. Ou seja, vamos selecionar a pauta de interesse. Por segmento, e individualmente.

Carlos Magno Gibrail é doutor em marketing de moda e escreve, às quartas, no Blog do Mílton Jung

Confortar os aflitos e afligir os confortáveis

 

Por Carlos Magno Gibrail

… Ou confortar os menos favorecidos e desconfortar os mais abastados. É a função do jornalismo, idealizada por Finley P. Dunne, jornalista do século 19, lembrada pelo Estadão no sábado, ao comentar a queda dos tablóides ingleses.

Murdoch, o poderoso do 4º Poder, que até então vinha no mercado inglês dos tablóides deleitando as multidões com as intimidades e desgraças dos confortáveis, cometeu o erro definitivo ao desrespeitar o público que deveria servir. O NoW – News of the World – 2,8 milhões de exemplares, no afã de notícias, se intrometeu em investigação de britânicos comuns causando danos irreparáveis. Afligiu a quem deveria confortar e se viu aflitivo tendo sido obrigado ao fechamento e consequente demissões, que no domingo já tinham chegado até a Scotland Yard e envolvendo membros do governo.

Na segunda, o primeiro repórter do NoW a denunciar as escutas ilegais foi encontrado morto. Sean Hoare foi afastado por uso de bebidas e drogas, mas sua morte ainda é uma incógnita.

Ontem, enquanto Hoare era autopsiado, Murdoch conseguia uma audiência de final de Copa do Mundo ao depor no Parlamento com direito a sabão de barba no rosto.

Entre nós neste período assistimos ao Pão de Açúcar e ao BNDES entabulando negociações que geraram reação imediata da mídia, a tal ponto que em poucos dias a proposta era desfeita. As jornalistas do jornal da CBN Lucia Hipólito e Miriam Leitão em conversa com Milton Jung deram contribuições importantes.

Dilma Rousseff com a recente experiência do caso Palocci, nas primeiras manifestações dos jornalistas ao caso do ministério dos transportes, decidiu rápido e não houve pizza, houve demissões.

Diante destes fatos tão positivos quanto à ação do 4º Poder fica a pergunta: por que não se faz sempre assim?

Fernando de Barros e Silva, ontem na Folha, respondeu a pergunta de Juan Arias de “El País” que indagava: por que os brasileiros não reagem à corrupção?

Silva atribui ao bem estar geral e ao controle governamental de entidades que poderiam reivindicar acompanhamento e punições aos gestores públicos.

Tendo em vista o sucesso atual das ações do 4º Poder, sim, a imprensa, depois do executivo, do legislativo e do judiciário, tem poder equivalente e pode mudar o curso combatendo a corrupção. E ainda se der sorte consegue extraordinária audiência nas TVs, rádios, jornais, revistas, sites, blogs e, por que não, nos tablóides.

Carlos Magno Gibrail é doutor em marketing de moda e escreve às quartas no Blog do Mílton Jung.

Presidenta, por favor…

 

Por Carlos Magno Gibrail

Como se não bastasse o ineditismo protagonizado por Dilma Rousseff como mulher a ocupar o mais alto cargo da nação, experimenta agora uma questão semântica.

A mídia, ao invés de considerar o aspecto mais simples, na medida em que “presidente” ou “presidenta” estão corretos, e atender a vontade da própria, decidiu trilhar por contingências políticas e machistas.

Adversários criticam a dubiedade da campanha, quando se usou “presidenta” em ações de menor amplitude e “presidente” para TV e a grande mídia, para não atritar o conservadorismo do eleitorado clássico. Como se o contingencial uso de técnicas de Comunicação e Marketing fosse impróprio.

Machistas ironizam e antevêem a avalanche de preciosidades como “dependenta”, “assistenta”, “gerenta”, carne de boi, carne de porca. Esquecendo que prefeita, governadora, diretora já são de uso comum, além do que melhor seria realmente indicar as carnes de macho e fêmea, pois há diferença de sabores.

Aurélio e Houaiss, dicionários relevantes, há tempos definem presidenta como mulher que preside. Porém uma parte da espécie que se define como “humanidade”, precisará de um avanço etimológico para assimilar as mudanças sociais e políticas introduzidas contemporaneamente. Das quais, exemplo significativo é exatamente a vitória feminina no pleito presidencial.

Luiza Erundina ao assumir a Prefeitura de São Paulo no ano de 1988 como a primeira mulher eleita para o cargo, não titubeou em exigir a troca de todas as sinalizações de “prefeito” para “prefeita”, da placa de seu gabinete até as de rua. Decisão tomada, execução acatada.

Em 2001, “Cacá” estreou no Morumbi em final de Rio São Paulo, marcou dois gols, conseguiu seu primeiro titulo como profissional e, empolgado, pediu para que mudassem seu nome para Kaká. Foi atendido imediatamente, a ponto de hoje certamente poucos saberem que um dia houve um “Cacá”.
Em 2010, uma das recentes revelações do futebol brasileiro, Marcelinho, após o jogo que revelou seu talento solicitou aos jornalistas que atendessem a mãe, que pedia que o chamassem de Lucas, seu nome de batismo. E, ninguém mais ouviu falar de Marcelinho.

Sábado, no Congresso Nacional em posse oficial, Dilma Rousseff declarou solenemente: “A partir deste momento sou a presidenta de todos os brasileiros, sob a égide dos valores republicanos”.

Não vingou. A direção editorial dos grandes veículos decidiu optar pela preferência dos “editores-chefe”, cargo que, diga-se de passagem, também ocupado por mulheres.

Carlos Magno Gibrail é doutor em marketing de moda e escreve às quartas-feiras no Blog do Mílton Jung

NB: A foto foi feita por Beto Barata da Ag. Estado e faz parte do álbum sobre a posse disponível no site do Estadão

Ex-Observer aposta em jornalismo no “livro eletrônico”

Kaplan aposta na paixão americana por novos brinquedos. O brinquedo eletrônico certo, ele promete, pode salvar a indústria da mídia e tirar do exílio bons editores que vão oferecer ao leitor uma nova estética e preservar o poder democrático do jornalismo.

Texto de Lúcia Guimarães publicado no caderno dominical Aliás, do Estadão, sobre entrevista com Peter Kaplan, consagrado como editor-chefe do New York Oberver e agora na editora Condé Nast Traveler, na qual ele aposta que a solução tecnológica do tablete, leitor eletrônico que deve ser lançado pela Apple, será uma espécie de tábua da salvação do jornalismo impresso. Para ele, os anúncios se tornarão mais atraente e será criado um novo modelo de receita. Otimista, fala, também, em novo modelo de jornalismo.

Rádio na Era do Blog: Aliados na liderança da credibilidade

 

Foi o colaborador do Blog, Marcos Paulo Dias, quem leu e gostou do texto que compara rádio e internet, a partir de pesquisas divulgadas recentemente. Os números já haviam sido tratados anteriormente por aqui, o interessante está mesmo na opinião de professores de comunicação que analisam os dados e vão ao encontro de pensamento com o qual trabalhamos há algum tempo: a internet é um novo oxigênio para o rádio.

O texto é da jornalista Izabela Vasconcelos, de São Paulo, e está na área restrita do Portal Comunique-se, no setor 1o. Caderno, por isso reproduzo na íntegra, caso contrário ofereceria apenas o link para você ler o artigo por lá. Uma curiosidade na minha busca pelo link do texto foi ver que muitas pessoas simplesmente publicam a informação sem se preocupar em oferecer a fonte para os leitores.

Mas vamos ao que interessa:

Pesquisa divulgada no começo deste mês mostra que o rádio e a internet lideram em credibilidade, na frente da TV, jornais impressos, revistas. Para especialistas nas duas mídias, o amadurecimento do público da web, a modernização e integração entre os dois meios são responsáveis pelo resultado.

O estudo Vox Populi, encomendado pela Máquina da Notícia, apontou que, em uma escala de 1 a 10, o rádio lidera em credibilidade com nota (8,21), quase empatado com a internet (8,20), seguidos por TV (8,12), jornal (7,99), revista (7,79) e redes sociais (7,74).

De acordo com o jornalista Alvaro Bufarah, pesquisador e coordenador do curso de pós-graduação em Produção e Gestão Executiva de Rádio da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), outra pesquisa do Instituto Marplan revela que o rádio se integra muito bem à internet. “O rádio é o meio que melhor se adapta às novas mídias, porque é um meio de companhia, que as pessoas usam pra se informar e entreter. A internet e o rádio se somam de forma ímpar. O rádio se potencializa ainda mais com a internet”, explica.

Pollyana Ferrari, especialista em mídias digitais, autora do livro “Jornalismo Digital”, concorda com Bufarah, e acredita no poder da integração das mídias. “O caso mais recente é o do apagão. O Twitter e o rádio que deram suporte o tempo inteiro, porque os brasileiros gostam de compartilhar e trocar informações, e isso atinge todas as classes. Esse é um case muito interessante”, destacou.

Para Bufarah, o uso de Twitter, torpedos SMS e blogs mostra que o rádio está se modernizando na interação com os ouvintes, mas ainda existe um problema de gestão em algumas emissoras, que nesse caso pode transformar a internet em concorrente. “A internet é uma gigantesca aliada, mas poucos empresários estão atentos a essa transformação. Há emissoras que não investem, têm sites ruins, aí a internet passar a ser um veículo de competição”.

Outro problema, segundo ele, é a administração das emissoras, que por serem muito tradicionais, acabam deixando de pensar como empresas, restringindo investimento em comunicação interna, planejamentos de marketing e carreira.

O especialista também acredita que a modernização do rádio abre espaço para a segmentação, com a criação de diferentes canais no rádio e na internet, o que permite acompanhar o perfil de cada público pela web e traz novas possibilidades para que o mercado publicitário invista nas rádios.

A confiança na internet

De mídia altamente criticada pela instantaneidade e pelo aspecto factual das notícias, a internet passou a encabeçar a lista de credibilidade dos meios de comunicação. Para Pollyana, três fatores explicam essa mudança de cenário. “De 2000 até hoje tivemos um amadurecimento do perfil do usuário, o crescimento da banda larga e o aprimoramento do jornalismo multimídia, que desde 2005 tem feito um trabalho muito interessante nos portais”, afirma.

Pollyana lembra que a web já foi muito criticada como meio de informação. “Sofremos durante muito tempo por criticarem o conteúdo dos meios online, mas agora os leitores perceberam que existe muita coisa boa nos portais”. Com o avanço das novas mídias, a especialista aposta e defende o uso de outras plataformas pelas empresas, até mesmo na cobrança de conteúdo nas redes e mobile. “Poderia se fechar anúncios pelo Twitter e cobrar pelo pagamento de conteúdo diferenciado, mobile, um conteúdo diferente do impresso e dos sites. Eu pagaria por um conteúdo exclusivo”, conclui.

Rádio Na Era do Blog: A credibilidade do rádio

 

O rádio é a mídia na qual o cidadão tem maior confiança de acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Vox Populi, contratado pela agência de comunicação Máquina da Notícia. Em uma escala de 1 a 10, a nota média para o veículo foi 8,21, superando por muito pouco a internet que recebeu 8,20. O índice de confiança de todos os veículos de comunicação foi alto, mas o resultado surpreende por dois fatores: primeiro, os jornais sempre estiveram no topo da lista; segundo, a internet avançou sobre meios mais tradicionais, como a própria televisão.

O rádio também aparece bem na lista das mídias mais acessadas pelo público. A televisão é assistida por quase todos os entrevistados alcançando índice de 99,3%; o rádio vem atrás com 83,5%; o jornal impresso com 69,4%, está em terceiro lugar; a internet tem 52,8%; revista impressa 51,1%; redes sociais 42,7%; versão online de jornais 37,4%; e versão online das revistas impressas 22,8%.

Quando a pesquisa fala em internet, relaciona sites de notícias e blogs de jornalistas; ao tratar de redes sociais, inclui os conhecidos Twitter, Facebook e Orkut.

Da festa ao comedimento: o resultado de pesquisas de opinião dependem muito da metodologia usada e podem apresentar diferenças enormes entre uma e outra dependendo a forma como as perguntas são elaboradas, por exemplo. No entanto, com o alcance deste trabalho da Vox Populi é importante verificar como as redes sociais são fortes para influenciar a opinião pública.

Para chegar a este resultado foram ouvidas 2.500 pessoas, entre 25 de agosto e 9 de setembro, todas com mais de 16 anos, no distrito Federal e nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Fortaleza, Recife e Salvador.

Neste sábado, às 15h40, estarei na Mobile Fest, a convite da CBN, para a palestra o “Rádio na Era do Celular”. Ouça as reportagens do festival que se realiza no MIS, em São Paulo.

Lavar as mãos para a gripe suína

 

Um sem-número de vezes lavei as mãos na última semana a bordo de um navio que corria sobre o Oceano Atlântico. Antes e depois da refeição sempre foi comum, mas, desta vez, não havia uma sala, um corredor, restaurante nem em pensamento, no qual um totem contendo líquido antibacteriano e alerta para a importância do ato de lavar as mãos não estivesse no meio do caminho. Para entrar e sair do navio, uma moça com borrifador estava a sua espera. Pegar o prato de comida sem passar pela maquininha era considerado pecado mortal com direito a saltar da prancha ao mar.

De acordo com uma das funcionárias da empresa de navegação, o cuidado é adotado há algum tempo e não tem relação com a gripe suína. Turistas que haviam viajado pela companhia há um ano disseram que a atenção, desta vez, foi redobrada. Quadruplicada, talvez.

No embarque tive de preencher uma ficha com dados para contato, responder sobre sintomas como febre e dor no corpo, além de informar se havia viajado nas últimas semanas para o México ou áreas infectadas pelo vírus que provoca a gripe suína. Ao retornar para Nova York, nenhum alerta, nenhuma pedido de informação. Sequer funcionários com máscaras ou luvas, como alguns começaram a cobrar no Brasil.

Aliás, a paranóia da mídia americana parece ser bem menor do que a brasileira. Se tivesse navegado na edição eletrônica dessa segunda-feira do “The New York Times”, você não encontraria informações sobre a “swine flu” na página principal do jornal, não veria destaque na editoria de saúde ou encontraria notícias sobre o surto entre as mais populares dos leitores-internautas – ao contrário do que ocorreria se você acessasse os principais portais de notícias do Brasil.

A principal notícia sobre o vírus H1N1 no TNYT era da preocupação dos americanos com o reflexo na economia, conforme pesquisa da Harvard Scholl of Public Health. Seis de cada 10 americanos ouvidos acreditam que haverá um aumento no número de casos de pessoas infectadas com a chegada do outono, em setembro, quando se encerra o período de férias. Antes, porém, de pensarem na possibilidade de serem vítimas da doença, imaginam o prejuízo que poderão ter se tiverem de ficar em casa, longe do trabalho ou com escolas fechadas devido a medidas de restrição de circulação das pessoas. De acordo com dados publicados pelo jornal 44% dos que responderam a pesquisa imaginam que perderão dinheiro e 1/4 teme ficar sem emprego. (Leia a reportagem completa).

Um médico com que conversei antes da viagem, me disse que o ideal seria evitar áreas com aglomeração e passeios para locais em que haja maior número de infectados. Mas me tranquilizou: se a passagem está comprada e o pacote turístico fechado, aproveite o máximo que puder as férias. O risco de contrair o H1N1 é pequeno.

Preocupados ou não com a gripe suína, temos de ter consciência de que as mãos são vetores para uma série de doenças. Estudo publicado pela revista Proceedings of the National Academy of Sciences, ano passado, comprovou a mão tem, em média, 150 tipos de bactérias. Os pesquisadores da University of Colorado at Boulder “afirmam que lavar as mãos com produtos feitos especificamente para combater bactérias ainda é uma forma eficaz de minimizar o risco de doenças”.

Assim, ao terminar de ler suas notícias e blogs preferidos, vá a torneira mais próxima e lave bem suas mãos. Outros estudos mostraram que o nosso teclado pode ter mais bactérias e sujeira do que a tampa do vaso sanitário.

Voto na rede

Por Carlos Magno Gibrail

Enquanto o número de brasileiros que usam a internet é estimado em 65 milhões, dados da comScore, suas previsões apontam para 100 milhões em 2010, ano de eleições.

Nos 54 milhões de pessoas que acessaram a internet até três meses antes da realização da pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br)  em 2008, 25,8 milhões usaram lanhouses; 22,8 milhões acessaram em seus domicílios; 11,3 milhões no trabalho; 11,8 milhões em casa de amigos; 7,8 milhões na escola; 1,9 milhão em telecentros e 149 mil em outro lugar.

O Congresso Nacional está em vias de referendar reforma eleitoral, já aprovada no plenário da Câmara, que disponibiliza a internet para propaganda e arrecadação política e eleitoral.

Tudo indica que teremos mudanças radicais no processo eleitoral. Podemos estar diante de rupturas na estrutura de poder da Nação a partir da introdução da rede eletrônica como divulgação e interação dos candidatos.

O presidente do TSE, Carlos Ayres Britto disse ontem à Folha que o projeto  fragiliza a transparência das eleições.

O relator da reforma eleitoral, deputado Flávio Dino discorda “Ao contrário. Na medida em que houve franqueamento da internet para partidos, candidatos e eleitores é um mecanismo de transparência”

A proposta restringirá a compra de publicidade online, mas permitirá que candidatos divulguem informações sobre suas campanhas além do próprio site oficial, “Blogs, Twitter, Facebook, MSN Messenger, torpedo, vale tudo”, afirmou Dino. A liberação significa que candidatos poderão criar perfis no Twitter, promover encontros de correligionários em redes sociais como o Orkut ou Facebook, informar eleitores por mensagens de SMS e promover blogs próprios.

As doações online também serão permitidas, restritas a 10% da renda pessoal do eleitor. O valor foi alterado por Dino após o texto original da reforma eleitoral ser criticado por permitir doações máximas de mil reais.

A medida difere da legislação norte-americana, que permitiu, por exemplo, que o então candidato Barack Obama, comprasse links patrocinados atrelados a buscas sobre o boato de ser mulçumano. A estratégia foi usada para oferecer links a conteúdos que esclareciam a religião e a história pessoal do candidato.

Conseguiu 750 000 voluntários e arrecadou US$ 1,2 bilhões.

Os jornalistas profissionais nem bem adaptados a nova regulamentação da profissão, estão diante de uma nova época da comunicação eleitoral.

Da não exigência do diploma de graduação – tão mal comparada à profissão de cozinheiro pelo Ministro, tão bem comparada à profissão do administrador pelo colunista Marx Gehringer, – à era da eleição interativa.

Não obstante a competição com outros profissionais não jornalistas, entra agora o próprio leitor como interlocutor e autor.

Muda a mídia, muda o conteúdo?
Adapta-se ? Cria-se um novo?
Ou o conteúdo é o mesmo, muda-se apenas o meio ?

Era de se esperar que num mercado  de segmentação, de nichos e de customização , o jornalista também tivesse que enfrentar a diversidade da evolução dos conteúdos e da proliferação das mídias , tratando-as com pertinência.

As Escolas de Jornalismo rápidas e inteligentemente preparam-se para uma valorização e atualização dos cursos. Focam na diversidade da mídia e apostam na contemporaneidade dos currículos. “Curso de Jornalismo se torna mais multimídia” Fuvest, ontem.

McLuhan deve estar assessorando-as, pois “O meio é a mensagem”.

Carlos Magno Gibrail é doutor em marketing de moda e escreve, às quartas, no Blog do Milton Jung

Por que teve essa explosão de violência em Paraisópolis?

Reproduzo texto e título de post escrito por Joildo Santos, morador da Paraisópolis, envolvido na Escola do Povo e outras ações sociais na favela que reúne pouco mais de 80 mil pessoas e foi cenário de confronto com a polícia.

Não me surpreendo mais em ler nas mal traçadas letras de jornalões paulistas, de assistir em canais da TV tradicional e ouvir nas rádios, as mentes iluminadas da imprensa brasileira, que a serviço sabe-se lá de quem preferem esconder a realidade da população, transparecendo que fatos como que os que ocorreram em Paraisópolis são fatos isolados e que para resolvê-los basta a ocupação policial permanente e intensiva.

À exceção do jornalista Mílton Jung que publicou um post sobre o que ocorreu ontem e de mais alguns poucos que conseguem não se contaminar pelo discurso preconceituoso contra nossa comunidade.

A tese de muitos é exemplificada da seguinte maneira: “Ao encontrar sua filha transando no sofá, o sujeito joga fora o sofá”, resolvendo assim um problema eminentemente de educação sexual.

Não adianta virar a cara para o outro lado e achar que bloqueando a comunidade esses problemas vão ser resolvidos, fingir que se preocupa também não adianta, o problema continua lá. O que falta é comprometimento e descer do pedestal de senhores iluminados e buscar arregaçar as mangas em prol da população.

A ameaça do Morumbi é aumentar a pressão sobre Paraisópolis. Costumamos dizer que “Não existe Morumbi bom com Paraisópolis Ruim.”

Movimento espontâneo que se descontrolou ou ação manipulada não importa, porque o que devemos nos atentar agora é a razão que leva a ocorrência de atos deste tipo.

Julguemos que sejam presos os tais responsáveis por orquestrar essa ação, o que fazer daqui para frente? Deixar para lá? Fingir que nada aconteceu? Barril de pólvora é assim quanto mais é pressionado tem cada vez mais chance de explodir. Deve-se lembrar que ali residem mais de 80.000 pessoas, cidadãos que precisam ser assistidos pela sociedade, ser inclusos para exercerem plenamente sua cidadania.

Agora a polícia ocupa Paraisópolis por tempo “indeterminado”, até prender os responsáveis [dizem os comandantes]. Espero que os direitos dos moradores, falo daqueles que saem as 5 da manhã e voltam às 18-19 horas e não estavam naquela baderna não sejam mais uma vez violados à guisa de “encontrar” os responsáveis pela ação.

Tem um detalhe que gostaria que analisassem, o estopim que está sendo relatado na imprensa, o suposto assassinato de um trabalhador [ou de um bandido, como diz a PM] teria ocorrido por volta do meio-dia do domingo, e a manifestação de ontem ocorreu bem próximo dos horários dos programas polícias da TV aberta [Brasil Urgente, SP Record e logo mais o SPTV da Rede Globo], ou seja mais de 24 horas depois do ocorrido.

Acredito que o que realmente ocorreu foi a demonstração de poder de uma facção que o Governo do Estado de São Paulo já disse não existir mais, e que a imprensa prefere encampar o discurso oficial. Ao ver um dos “seus” ser assassinado, precisavam dar uma resposta ao fato e demonstrar que “quem manda” são eles.

Neste fogo cruzado quem é a verdadeira vítima é a população que vive nesta comunidade, com índices baixos de violência, com histórico de atuação dos movimentos sociais em rede entre outras ações.

A violência tem raiz e é ela que deve ser atacada, não os frutos, pois assim as razões dos problemas permanecem intactos.