De partidos partidos 2015

 

Por Maria Lucia Solla

 

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Olá, “caro e raro leitor”,

 

este texto foi escrito e publicado aqui no blog do Mílton Jung, em novembro de 2007. Foi publicado novamente aqui em abril de 2014, e eis que insiste em voltar, e volta lindo, leve e jovem como se tivesse sido escrito ontem.

 

Triste, né?

 

Tem-se discutido muito, e acaloradamente, sobre partidos e parlamentares e o fato de esses trafegarem por aqueles, ao aceno da mínima vantagem. Ser de direita, ou de esquerda, não é mais uma questão de sentar-se à esquerda ou à direita do plenário, como em idos tempos. Os partidos por sua vez querem que o mandato e o parlamentar lhes pertençam para terem munição(estamos em guerra e não percebi). De todo modo, fica claro que se foi o tempo de convicções e de construção da democracia. Romântica e femininamente, imagino um tempo em que alguns governavam (trabalhavam) enquanto outros fiscalizavam. De olho, implacáveis. Ao menor deslize, a turma no comando pulava miúdo. Mas se houve esse tempo, durou até que alguém percebesse que, do outro lado ca cerca era possível dar menos duro e ganhar mais mole.

 

E foi como água mole em pedra dura que a idéia fixa dessa meta se infiltrou e se alastrou feito praga, por todos os lados. A gente, então, começou a vender os próprios pensamentos, a entregar as paixões, crenças e a própria identidade, em troca de não viver, já que isso dá um trabalho danado. Ficou anestesiada de tanto fingir que estava tudo bem, para não sair do conforto da poltrona. E a coisa foi crescendo tanto, e tão velozmente, que se romperam os diques, e a lama transbordou, nos cobriu e sufocou. E a gente? Acostumou.

 

Nosso país é de terceiro mundo, somos pobres, não temos água, luz, estradas, transporte, saúde pública, educação e comida para todos. E o que fazemos? Mantemos aparências esfarrapadas com uma criadagem (políticos) despreparada, sem experiência, sem cultura nem educação, que oferece, em bandejas de plástico, migalhas aos seus patrões (nós, e mais modernamente: nós e eles), e nós os tratamos a pão-de-ló, com água mineral e bebida importada, servidas por copeiros em bandeja de prata, mesa farta, carro de luxo, um batalhão cada vez maior de subalternos, e avião importado.

 

Minha sogra abominava o tipo de gente que comia mortadela e arrotava peru, como ela dizia. Pois é, dona Ruth, parece que nossa nação não anda bem de digestão.

 

Enquanto isso, países de primeiro mundo, com população mais rica, com pleno acesso a educação e saúde, e onde nem se imagina o que seja a dor de passar fome, têm muito menos empregados (políticos, employees) do que nós.

 

Mas voltando aos partidos, eles também geram aberração e mensalão. É o tal do cada um por si, do salve-se quem puder, coisa de republiqueta de quinta.

 

Portanto, enquanto nós, viventes do mesmo chão, continuarmos a contratar a corja (maus políticos), ela continuará oferecendo privilégios e benesses aos que estão abaixo, acima, à direita e à esquerda, para eternizarem a farsa e o assalto miúdo às nossas carteiras e à nossa dignidade, as quais temos entregado de bandeja, como se nada valessem. Não é para isso que supostamente evoluímos como seres humanos, e que somos considerados cidadãos.

 

Pensa nisso, ou não, e até a semana que vem.

 

Maria Lucia Solla é professora de idiomas, terapeuta, e realiza oficinas de Desenvolvimento do Pensamento Criativo e de Arte e Criação. Escreve no Blog do Mílton Jung

De viagem, vida e leveza

 

Por Maria Lucia Solla
(escrito em 2008)

 

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Imagina que está arrumando as malas para passar um mês num país distante.

 

Calcula o tempo necessário, pensa se começaria a separar o que pretende levar com antecedência, ou se faria tudo de véspera. Imagina também que você mora sozinho e é o único responsável pelos pagamentos de contas e tudo o que envolve a administração da casa. Não estou de brincadeira, não, faz isso por alguns minutos. Elenca mentalmente o que levaria e como deixaria as coisas organizadas, para não ser surpreendido na volta pelo caos. Garanto que o exercício vale a pena. Sente o que não daria para deixar para traz. Que livros, roupas, jóias e o computador. Os brinquedinhos de cada um. Analisa tua personalidade, se é mais para o social ou esportivo. Da tua casa só dá para levar duas malas que precisam se encaixar nas medidas e no peso determinado pela companhia aérea, e é com isso que você vai viver, por um mês.

 

Eu já deixei minha casa para traz mais de uma vez para morar longe, e da última foi por um tempo bem longo. O interessante desses deslocamentos é dar-se conta de como é preciso pouco para viver e ser feliz. Em casa, no que chamamos de ‘minha casa’, tendemos a criar raízes e achar que tudo em volta é nosso, e que não se pode viver sem nem um alfinete que seja. Engano agudo, se por sorte não for crônico. Dá para viver, sim, e muitíssimo bem. O fato de dispor de espaço limitado e ter que escolher o que levar, leva a pensar, a optar por isso em vez daquilo, e avaliar a necessidade.

 

Cada um é diferente, e não há receita de tamanho único.

 

A única coisa da qual tenho certeza, e que poderia oferecer como receita, é que o melhor é viajar leve nas viagens e na vida. Se carregamos muita coisa, nos transformamos em seus escravos, tendo que arrastar um peso enorme e cuidar para que ninguém nos tire o que chamamos de nosso.

 

Nas viagens e na vida.

 

Sempre que meus filhos viajam, repito o mesmo conselho, feito disco riscado. Digo, filho, abre bem os olhos do corpo e os olhos da alma.

 

Fotografar faz parte da nossa cultura, mas muitas vezes, enquanto a gente se preocupa em enquadrar bem uma cena, está perdendo tudo o que está fora do quadro. Equilíbrio é fundamental, e as fotos não devem exceder, em número, as situações em que a gente se deixa encharcar pelo momento. Aquele momento em que se agradece pai e mãe por estar vivo e poder vivenciar a beleza, o sabor e a alegria de cada nova experiência.

 

Quando viajo, começo a descarregar meus pesos antes da partida. Levo comigo o mínimo possível e parto de mãos dadas com a curiosidade que é assim comigo: unha e carne. Quero viver a vida do povo do lugar, comer suas comidas, entender sua maneira de pensar e de sentir, e principalmente falar a sua língua. Observar e aprender.

 

Levo muito mais o que mora em mim, do que aquilo que considero meu. Levo pensamentos, sentimentos, e emoções. Levo muito pouca saudade dos que ficam, porque na realidade, aqueles que amo não ficam. Estão comigo sempre, onde eu estiver.

 

Maria Lucia Solla é professora de idiomas, terapeuta, e realiza oficinas de Desenvolvimento do Pensamento Criativo e de Arte e Criação. Aos domingos escreve no Blog do Mílton Jung

Pais idosos

 

Por Julio Tannus

 

Cada vez mais a idade média da população aumenta. E surgem várias questões. Entre elas: os filhos tem obrigação de cuidar dos pais idosos?

 

Para responder a esta pergunta nada melhor do que o Estatuto do Idoso, em alguns artigos específicos:

 

Art. 1º. É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.
Art. 3º. É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
Art. 37º. O idoso tem direito a moradia digna, no seio da família natural ou substituta, ou desacompanhado de seus familiares, quando assim o desejar, ou, ainda, em instituição pública ou privada.
Art. 43º. As medidas de proteção ao idoso são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:
I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
II – por falta, omissão ou abuso da família, curador ou entidade de atendimento;
III – em razão de sua condição pessoal.
Art. 45º. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 43, o Ministério Público ou o Poder Judiciário, a requerimento daquele, poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
I – encaminhamento à família ou curador, mediante termo de responsabilidade;
II – orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III – requisição para tratamento de sua saúde, em regime ambulatorial, hospitalar ou domiciliar;
IV – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a usuários dependentes de drogas lícitas ou ilícitas, ao próprio idoso ou à pessoa de sua convivência que lhe cause perturbação;
V – abrigo em entidade;
VI – abrigo temporário.

 

À medida que crescemos e que os nossos pais envelhecem, os papéis dentro da família acabam por se inverterem: os mais velhos tornam-se cada vez mais dependentes dos mais novos. Ainda assim, estima-se que 85% da população idosa quer continuar a viver na sua própria casa.

 


Julio Tannus é consultor em Estudos e Pesquisa Aplicada e co-autor do livro “Teoria e Prática da Pesquisa Aplicada” (Editora Elsevier). Às terças-feiras, escreve no Blog do Mílton Jung

O diabo está sempre por perto quando se dá sorte ao azar

 

Por Milton Ferretti Jung

 

A tragédia de Santa Maria jamais será esquecida, especialmente pelos pais de suas vítimas, tanto as que perderam a vida quanto as que ainda estão, em vários hospitais do estado, sofrendo as consequências das queimaduras que sofreram na pele e nos pulmões. Escrevo, nas terça-feiras, os textos que o Mílton posta, às quintas, no seu blog. Até essa data, o número de óbitos estava em 238, batendo um recorde maldito, considerando-se os que morreram em tragédias, semelhantes a essa: em 2003, na cidade de West Warwick, Rhode Island, na boate The Station, 100 pessoas morreram e 230 ficaram feridas e, em 2004, a que ocorreu em Buenos Aires e destruiu a boate Republica Cromañón, onde as mortes chegaram a 194 e o número de feridos ficou perto de mil. Lembro que, nos três terríveis episódios, as causas dos incêndios foram praticamente as mesmas.

 

Criar bem os filhos é obrigação de todos os pais. Imagino que os rapazes e moças que foram à boate Kiss, todos ou quase todos, pelo simples fato de estudarem em faculdades, tenham sido criados com esmero. Os seus pais, muitos dos quais trabalharam duramente para que os seus rebentos tivessem a chance de chegar à universidade, não temiam pela sorte deles naquela noite de fim de semana, na até então tranquila Santa Maria. Talvez não soubessem ou não tenham se dado conta do perigo que corriam. Afinal, a festa era numa casa das mais bem conceituadas da cidade. Seus proprietários sempre passaram a ideia de serem pessoas sérias. Ninguém duvidava que a documentação necessária para que se abra uma casa de espetáculos tivesse seguido todos os trâmites exigidos pelas leis, tanto as municipais quanto as que haviam corrido por conta dos bombeiros. Será que alguém chegou a se preocupar com o fato de a Kiss ter apenas uma porta e, nessa, ainda por cima, seguranças cuidarem, com todo o zelo do mundo, para que conviva algum deixasse a boate sem quitar a sua comanda.

 

O diabo está sempre por perto quando se dá sorte ao azar. E muitos, ditos responsáveis pelo cumprimento das leis e regulamentos, por desídia ou sei lá o que, deixaram de fazer o que lhes competia. E o “sputnick”, lançado por um idiota, fez o resto. Espero que os culpados sejam punidos. Punição alguma, porém, vai diminuir a dor que consumirá para sempre os corações de pais e mães das vítimas da tragédia de Sana Maria.

 

Milton Ferretti Jung é jornalista, radialista e meu pai. Às quintas-feiras, escreve no Blog do Mílton Jung (o filho dele)

Presente do Dia dos Pais

 

Por Milton Ferretti Jung

Recebi, lá pelo dia 30 ou 31 de julho, não lembro bem, um telefonema do Mílton, no qual ele me informava que tínhamos sido convidados para comparecer a um programa da TV Canção Nova que iria ao ar em 8 de agosto. O apresentador Gabriel Chalita queria que participássemos do Papo Aberto. Assunto: Dia dos Pais, que se festeja, como se sabe, no segundo domingo deste mês. Só quem é muito desmiolado talvez não se recorde desta efeméride,tantos são os anúncios sobre a data divulgados pela mídia.

Permitam-me que apresente Gabriel Chalita, especialmente para os leitores e/ou telespectadores do Rio Grande do Sul. Ele, que é formado em Direito e em Comunicação e Semiótica, foi eleito deputado federal com 560.022 votos. Vai concorrer, agora, à prefeitura paulistana. O convite para o Papo Aberto, como não poderia deixar de ser, foi aceito de imediato. Graças a ele, aproveitei para visitar meu filho, minha nora e meus netos. Mais do que isto, a participação no programa me deu a rara chance de compartilhar com o Mílton o relato de nossas histórias profissionais, algo jamais imaginado por mim e, com certeza, por ele. Confesso que fiquei emocionado ao ouvir os elogios feitos por Gabriel Chalita ao comportamento do Mílton tanto no seu trabalho quanto como pai de família e senti ,mais uma vez, que o guri que, em 91, se mudou com armas e poucas bagagens para São Paulo, só teve a ganhar com a troca. Confesso, também, que a coragem que ele demonstrou ao deixar a casa paterna para se estabelecer em uma terra então estranha, não faz parte das minhas poucas virtudes, porque jamais gostei de viajar ou de ficar só em lugares distantes do meu lar. Não exagero se disser a quem lê este texto que, como pai, fui capaz de ensinar algumas coisas aos meus filhos – a Jacqueline, o Mílton e o Christian – mas eles souberam aprimorá-las e passá-las aos seus filhos.

Durante o programa, comentei que o Mílton, no microfone, fala muito. Não foi isso que ensinei a ele. Nisto, somos diferentes: na minha profissão nunca fui âncora, sempre lidei com a leitura de notícias e de textos, criados ou não por mim; narrei futebol durante décadas; participo, hoje de um programa de debates esportivos; no início da minha carreira até fiz radioteatro, mas precisava apenas interpretar as partes que me tocavam no script. Já o Mílton me impressiona quando faz ou concede entrevistas, seja porque sempre se mostra bem informado sobre os assuntos que aborda com os seus entrevistados, seja porque, quando, especialmente, fala do rádio como veículo, demonstra pleno conhecimento do assunto.
Encerro este texto agradecendo a Gabriel Chalita pela chance maravilhosa que nos deu de falarmos sobre nossa profissão e de nossas famílias.

Milton Ferretti Jung é jornalista, radialista e meu pai. Às quintas, escreve no Blog do Mílton Jung (meu pai)

Alguns levados pelas mãos, outros no colo, mas todos vão

Por Abigail Costa

Voltar para casa é sempre bom. Mas ando enrolando as minhas saídas do trabalho às sextas-feiras. É como se o tempo gasto em conversas no fim do expediente me distanciasse de uma realidade com hora marcada Falo da movimentação de centenas de mulheres e dezenas de homens, carregando malas, pacotes, trouxas de roupa.  O ponto de encontro é numa praça vizinha ao terminal rodoviário da Barra Funda, aqui em São Paulo.

Eles de um lado, e muitos, mas muitos ônibus do outro.

O destino: penitenciárias no interior paulista.  Em meio a agitação  dos  camêlos que tentam vender mercadorias de útima hora e dos sanduíches reforçados de pernil, que valem por um jantar (sim, é preciso forrar bem o estômago, muitos viajam até 600 quilômetros.).

O que me faz “enrolar ” para deixar a redação, são imagens que ficam martelando na minha cabeça, cenas que me fazem imaginar histórias, sem muita expectativa de final feliz. Não são apenas homens e mulheres que vão visitar parentes nas celas. São filhos levados pelas mães, muitos ainda de colo, outros pequeninos que já andam,  arrastados pelas mãos. Eles também estarão no sábado pela manhã, num ambiente,  para eles familiar.

É aí que viajo: Que conversas eles ouvem ? O que passa nessas cabeçinhas ainda sem maturidade ? Eles tem idéia por que estão lá? Seria esse o lazer dessas crianças, o páteo das penitenciárias?

Nada contra filhos visitarem pais, ainda que nesses lugares. É direito assegurado por lei. É justo. Injustiça é o que pode vir pela frente.

Quanto eles  terão de lutar para ter uma vida diferente?
Quantos olhares maldosos de julgamentos desnecessários terão de ignorar?
Quantos deles terão o discernimento de pegar um atalho para outros rumos?

Desses que amanhã embarcarão mais um vez para uma longa viagem, sem mesmo ter noção de que rodovia estarão passando, quantos terão uma sorte diferente da que eles conhecem e convivem ?

Quantos?

Abigail Costa é jornalista, daquelas que jamais serão pautadas pela insensibilidade

As peruas da fila dupla

Com o retorno da garotada às aulas, o trânsito se complica na cidade. Muito mais carros deixando suas casas mais cedo e ao mesmo tempo. Nas ruas próximas das escolas a movimentação é intensa. E o desrespeito, também. A jornalista Paula Calloni Do Blog Jabuticaba Brasil descreve a experiência de uma mãe que leva os filhos no colégio de carro e quer cumprir a lei. Reproduzo o texto aqui no blog e o convido a visitar o trabalho da Paula lá no Jabuticaba Brasil que tem um “olhar atendo as pequenos detalhes da vida”:

Começa mais um ano escolar e com ele, entram em cena novamente as peruas da fila dupla.

Explico: todos os dias busco meus filhos na escola onde estudam, em Moema. Há anos cumpro essa rotina, mas ainda não me conformei com a falta de sensatez e civilidade de certos pais, que pagam por uma educação particular, mas na frente dos próprios filhos, dão péssimos exemplos de cidadania e civilidade.
A escola deles provê um esquema de fila de carros, autorizada pela CET e que dá a volta na quadra. Seguranças se comunicam por rádio. Anunciamos os nomes das crianças e a saída deles é autorizada, assim que nos aproximamos do portão principal.
Isto não significa que eu deva parar EM FRENTE ao tal portão, porque meus filhos são capazes de andar um metro e meio ou dois pra chegar ao carro. Mas alguns pais, mães, principalmente, não pensam assim. Muitas vezes os filhos já são marmanjos de pernas peludas, adolescentes, mas os pais insistem em parar seus carrões último tipo em frente ao portão, geralmente em fila dupla, atravancando todo o trânsito já complicado de Moema. Grosseiramente berram o nome do filho, não sem antes arremessar suas bitucas de cigarro na calçada.

São as “peruas” da filha dupla: cabelo tingido, blusa de oncinha, brincos dourados enormes, óculos escuros idem. O carro quase sempre importado. Nada contra a ostentação…não é problema meu. Mas parece que a falta de educação tem sempre a mesma imagem peruesca, comprovando a tese de que educação nem sempre tem a ver com classe social.

Sou turrona: na minha frente, ninguém fura fila. Não deixo mesmo. Não acho justo.

A CET não dá refresco. Mas já que não pode ajudar mais, poderia ao menos não atrapalhar. No segundo semestre de 2008, ampliou as áreas onde é proibido estacionar e nós, pais que agimos direito, ficamos sem alternativa. E dá-lhe fila.

Tenho sugerido à escola que chame estes tipos de pais para uma conversa. Afinal, civilidade vem de berço, como dizia a minha avó. Se as tais “peruas” continuam assim, certamente seus “peruzinhos” seguirão o mesmo caminho.