“Linha de ônibus” para os alagados de São Paulo

 

Ônibus para enchente

Longe de me meter em área que nosso companheiro Ádamo Bazani é craque, mas é evidente que o ônibus da direita parece mais apropriado para transportar passageiros pelas ruas de São Paulo do que o da esquerda que está sendo usado para levar os moradores dos jardins Pantanal e Romano para casa. No humor sarcástico do pessoal que vive na região, a prefeitura assim que providenciar a compra dos modelos mais modernos vai implantar o bilhete-úmido, e o governo do Estado já teria autorizado a criação do Pedágio Aquático.

(a foto do bote resgatando moradores foi enviada pelo ouvinte-internauta Robson Simphronio e está publicada no Blog Notinhas de São Miguel)

A caçamba da discórdia

 

Na caçamba

Estadão e prefeitura discutem há dois dias sobre infração de trânsito gravíssima cometida por Gilberto Kassab (DEM) ao andar, ao lado do Secretário Municipal dos Transportes (e dos Serviços), Alexandre de Moraes, sobre a caçamba de uma picape, em visita no Jardim Pantanal, zona leste de São Paulo. A assessoria do prefeito inventou até uma “autorização especial” que Kassab teria recebido da autoridade de trânsito (no caso, Moraes) para se comportar daquela maneira.

Gilberto Travesso do blog Notinhas de São Miguel, contra-atacou e reproduziu foto na qual repórteres fotográficos e cinegrafistas andavam sobre a caçamba de outra picape para registrar imagens de Kassab na mesma visita.

Faz de conta que o assunto é importante. O fato é que nos dois casos, se houve alguma irregularidade de trânsito, a multa vai para a Defesa Civil, proprietária das picapes usadas pelas equipes do prefeito e dos jornalistas.

Câmara vota Orçamento, uma questão de prioridade

 

Enchente no Jardim Pantanal

Mulheres com colchões novos, doados pela prefeitura, retornam para suas casas que ainda estão tomadas pela água da chuva de uma semana atrás, no Jardim Pantanal. A cena demonstra como são frágeis os serviços de atendimento a população e parece não sensibilizar quem toma decisão em nome dela.

No Orçamento aprovado pelos vereadores de São Paulo, na tarde de terça-feira, estão destinados apenas R$ 25 milhões para as áreas de risco. Em contrapartida, R$ 126 milhões poderão ser gastos em publicidade da prefeitura. O total previsto para a ser investido pela prefeitura em 2010 é de R$ 27,8 bilhões.

Na votação, 42 vereadores foram favoráveis e 13 contrários ao projeto de lei que define como a cidade deve gastar o dinheiro arrecadado dos impostos e outras receitas.

A imagem é do Blog Notinhas de São Paulo, de Gilberto Travesso, enviada ao CBN São Paulo por e-mail

Um capítulo da história do alagado Jardim Pantanal

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Recorte do Jornal da Tarde 14.06.2007

Foi a ouvinte-internauta Eloiza Silveira quem me chamou atenção e enviou por e-mail trecho da reportagem que denuncia parte da ocupação do Jardim Pantanal, extremo leste de São Paulo, que está em baixo d’água desde a enchente da semana passada. O texto foi publicado no Jornal da Tarde de 14 de junho de 2007, portanto há mais de dois anos e meio:

Moradores ganham R$ 20 dos caçambeiros que despejam toneladas de entulho, depois espalham os resíduos e demarcam lotes de 120 m2 para vender

NAIANA OSCAR, naiana.oscar@grupoestado.com.br

Enquanto o Estado calcula ter de investir mais R$ 3 milhões em obras para melhorias no Rio Tietê, um crime ambiental, às margens do rio, pode causar danos irreversíveis à Cidade. Diariamente, caçambas despejam entulho na várzea do Tietê, desde o Jardim Romano até o limite com Itaquaquecetuba, Zona Leste.

Segundo moradores, por dia, cerca de 50 caminhões , com capacidade média de 4 toneladas, despejam entulho na região, que em 1998 foi decretada Área de Proteção Ambiental (APA). E não é de agora que isso acontece. Duas lagoas já foram completamente aterradas e sobre elas hoje há uma ocupação irregular.

Três homens se disseram responsáveis pelo aterramento do local. Eles ganham R$ 20 dos caçambeiros para receber o entulho, depois espalham os resíduos e demarcam lotes de 120 m² para vender. Cada um custa R$ 1 mil. “Alguém tem de organizar os lotes”, disse o líder do grupo, Izaías Xavier, 46 anos. A expectativa deles é de que até o final do ano toda a lagoa esteja aterrada.

Para os moradores da área invadida, as caçambas são um benefício para a comunidade. “As enchentes acabaram, os pernilongos e as cobras também. Do jeito que o terreno era antigamente, a gente não podia construir”, disse Cícero, 41 anos, morador do local há 20.

A reportagem do JT flagrou, ontem pela manhã, a chegada de uma caçamba onde antes era a Lagoa do Porto. O motorista descarregou a terra e deixou o local em menos de 10 minutos. Questionado sobre a legalidade do seu ato, disse que era autorizado pelos moradores.

Uma região entre o Jardim Helena e o Jardim Pantanal, em São Miguel Paulista, também está sendo aterrada. Na área, que também pertence ao Estado, seria construído um parque ecológico. Mas os moradores falam até em abrir estradas depois que o aterro for concluído.

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