Conte Sua História de São Paulo: os craques do areião de Pinheiros

Newton Herrera Feitoza

Ouvinte da CBN

Em Pinheiros, havia o Cine Brasil

Tenho 82 anos de idade e de Pinheiros. Nas minhas mais antigas lembranças, o bonde rolava pela rua Teodoro Sampaio que tinha mão dupla.

Onde hoje está o Shopping Eldorado havia o famoso “areião”, por onde passaram astros do nosso futebol, como o goleiro Aldo e o ponta direita Roberto Bataglia, ambos do Corinthians, entre tantos outros.

A  Avenida Rebouças era calçada até a Av. Brigadeiro Faria Lima, antiga Rua dos Pinheiros. Dali para frente o piso era de terra e a ponte era de madeira.

Havia um cinema, o Cine Brasil que ficava lotando quando reproduzia os filmes da Atlântica, com os gigantes Oscarito e Grande Otelo; os irmãos Farney; e a linda Eliana.

O Mercado de Pinheiros era na junção das ruas Iguatemi e Teodoro Sampaio, tinha piso de paralelepípedos e barracas cobertas com lona. Quando chovia era um transtorno.

Uma época em que fui muito feliz, em São Paulo!

Ouça o Conte Sua História de São Paulo

Newton Herrera Feitoza é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Cláudio Antonio. Escreva agora o seu texto e envie para contesuahistoria@cbn.com.br Para ouvir outros capítulos da nossa cidade, visite o meu blog miltonjung.com.br e o podcast do Conte Sua História de São Paulo.

Conte Sua História de São Paulo: meu espelho na estação Pinheiros

Por Thays Bertin Rodrigues

Ouvinte da CBN

Photo by Andre Moura on Pexels.com

No Conte Sua História de São Paulo, o texto da ouvinte da CBN Thays Bertin Rodrigues:

Minhas primeiras lembranças de São Paulo são da infância. Eu sabia que havíamos chegado à capital pelo obelisco imponente que nos recebia logo na entrada de quem vinha da Rodovia dos Bandeirantes — e pelo perfume nem tão agradável do Rio Pinheiros.

Observava a cidade através da janela do Escort branco da família, a caminho do litoral sul. Sentia uma mistura de ansiedade e euforia, uma energia que me arrepiava. Naquele momento, sem saber interpretar, já percebia uma conexão com a cidade, uma vibração dessa metrópole imensa — tão gigantesca quanto os sonhos de uma menina de oito anos, sem imaginar que, um dia, aquele cenário se tornaria seu destino.

Foi somente em 2018, na fase dos “de repente 30”, que me tornei residente da cidade. Nos anos seguintes, São Paulo me presenteou com muito: amigos, cultura, diversidade e até um Rio Pinheiros com um novo perfume, que passou a me acompanhar diariamente no caminho para o trabalho.

Depois, veio a pandemia, um período de restrições e isolamento. E, quando menos esperava, São Paulo me trouxe um marido de origem nordestina e, em seguida, o privilégio de gerar no meu ventre um futuro paulistano.

Hoje, às 18h, na Estação Pinheiros, enquanto faço a baldeação entre a Linha Amarela e a CPTM, olho para cima. Vejo os andares repletos de escadas rolantes, as pessoas indo e vindo, a cidade pulsando com sua funcionalidade, sua diversidade! Tudo aquilo me lembra um formigueiro — igual ao que vi no Planeta Inseto no último sábado, quando levei meu pequeno paulistano para conhecer.

É nessa grandiosidade da Estação Pinheiros que sinto, novamente, a mesma conexão e vibração que me arrepiavam quando era apenas uma menina do interior. É como um espelho: nessa São Paulo, reconheço quem eu sou. Amiga, diversa, funcional, alegre, forte e, ao mesmo tempo, doce. Grande!

E, nesse olhar ao espelho, me apaixono novamente. Pela minha vida. Por quem sou. Pela cidade que escolhi e que também me escolheu: São Paulo.

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Thays Bertin Rodrigues é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é de Cláudio Antonio. Escreva o seu texto e envie para contesuahistoria@cbn.com.br. Para ouvir outros capítulos da nossa cidade, visite agora meu blog miltonjung.com.br ou vá até o Spotify e adicione entre os seus favoritos o podcast do Conte Sua História de São Paulo.

Conte Sua História de São Paulo: às margens do rio Pinheiros

Francisco Costa

Ouvinte da CBN

Photo by sergio souza on Pexels.com

O Rio Pinheiros

Em uma manhã de primavera onde a névoa ainda úmida e fria, sobre ti marginal, passeio nesse tapete negro que me leva e me traz.

Sobre a sua margem direita observo a inteligência dos homens refletida na arquitetura moderna, nos prédios que nascem rompendo o horizonte.

Sobre a sua margem esquerda, em um resquício de natureza, a vida tenta  superar ela mesma e reflete a hipocrisia humana,  sobre um rio que agoniza e pede socorro.

Oh, rio! Quem dera que os homens modernos pudessem olhar para ti com o olhar do criador, aquele que majestosamente te criou.

Ouça o Conte sua História de São Paulo

Francisco Costa é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Claudio Antonio. Seja você também uma personagem da nossa cidade. Venha participar da edição especial do Conte Sua História de São Paulo, em homenagem ao aniversário da cidade. Escreva seu texto agora e envie para contesuahistoria@cbn.com.br. Para ouvir outros capítulos visite o meu blog miltonjung.com.br ou ouça o podcast do Conte Sua História de São Paulo.

Conte Sua História de São Paulo: delírio com o Canindé e um sonho com o Tietê

José Emilio Guedes Lages

Ouvinte da CBN

Foto aérea do estádio do Canindé; autor: Will Lusa

A primeira vez que fui a São Paulo, vindo de Belo Horizonte, desci no terminal rodoviário Tietê cheio de curiosidades. Logo de cara, esperando o táxi, vislumbrei o campo da Portuguesa, time da minha maior admiração na capital Paulista  — Félix, Ivair, o Príncipe, Leivinha, Lorico. Só com isso aí já fiquei satisfeito. Lembrei também do livro Quarto de Despejo, em que autora Carolina Maria de Jesus falava da favela do Canindé, onde passa parte de sua obra , aí então o astral melhorou mais ainda.

No táxi, pedi para que fosse para o Alto de Pinheiros e o taxista me perguntou se era para passar pela Cerro Corá. Como eu não conhecia nada da cidade e achei o nome muito lindo, disse que sim.

Quando passávamos por uma rua, próximo ainda a rodoviária, vi uma frase no muro que me encantou sobremaneira: “Kdê o Salvador daqui?”.

Cheguei ao endereço que me esperava e apaguei! Acordei no dia seguinte, para conhecer a Ipiranga com a São João, uma bela história que me ronda até hoje. No passeio, puxei da memória o que havia visto no dia anterior, após deixar a rodoviária: lembrava de ter ficado deslumbrado ao passar pelas marginais Tietê e Pinheiros, encontrado s ruas arborizadas e floridas; e a criançada pulando de um trampolim imaginário e — “tibum” — nadando de braçada naquelas águas límpidas dos rios que cortavam a grande metrópole.

Somente no dia seguinte, quando voltei a cruzar as marginais é que percebi que aquelas cenas eram apenas imaginação, resultado do sonho que sonhei enquanto descansava. O que era real, porque voltei a encontrá-la, no dia que retornei a Belo Horizonte, era a frase no muro: “Kdê o Salvador daqui?

José Emilio Guedes Lages é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é da Débora Gonçalves. Seja você também personagem da nossa cidade. Escreva seu texto agora e envie para contesuahistoria@cbn.com.br. Para ouvir outros capítulos da nossa cidade, visite o meu blog miltonjung.com.br ou o podcast do Conte Sua Historia de São Paulo.

Conte Sua História de São Paulo: suas margens refletem a inteligência e a hipocrisia humana

Francisco Costa

Ouvinte da CBN

Photo by sergio souza on Pexels.com

Em uma manhã de primavera onde a névoa ainda úmida e fria, sobre ti marginal, passeio nesse tapete negro que me leva e me  traz.

Sobre a sua margem direita, observo a inteligência dos homens refletida na arquitetura moderna, nos prédios que nascem rompendo o horizonte

Sobre a sua margem esquerda, em um resquício de natureza, a vida tenta superar ela mesma e reflete a hipocrisia humana, sobre um rio que agoniza e pede socorro.

Oh rio! Quem dera que os homens modernos pudessem olhar para ti com o olhar do criador, aquele que majestosamamente te criou.

Francisco Costa é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Claudio Antonio. Conte você também a sua história. Escreva seu texto e envie para o email contesuahistoria@cbn.com.br. Para ouvir outros capítulos da nossa cidade, visite o meu blog miltonjung.com.br ou o podcast do Conte Sua História de São Paulo.

Conte Sua História de SP: Um café para o motorista de ônibus

 

 

No Conte Sua História de São Paulo, Ana Maria de Magalhães Correa fala de suas brincadeiras de criança e lembra, com saudade, do cafezinho que a empregada da casa servia ao motorista do ônibus, que passava pela rua. Ana Maria nasceu em 1947, é filha de mineiros e foi criada no bairro de Pinheiros, na zona Oeste da capital.

 

 

Ouça aqui o depoimento de Ana Maria de Magalhães Correa, sonorizado pelo Cláudio Antonio

 

 

Os depoimentos ao Conte Sua História de São Paulo foram gravados pelo Museu da Pessoa e editados pela Juliana Paiva. Para contar a sua história, escreva para o meu e-mail milton@cbn.com.br ou agende uma entrevista, em aúdio e vídeo, no site do Museu da Pessoa.

O uso do uniforme valoriza a profissão

 

Por Carlos Magno Gibrail

 

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A expressão “discriminação revoltante”,  usada pela advogada cuja babá foi impedida de entrar no E.C. Pinheiros, em SP, por não estar vestida de branco, exemplifica o emocional vigente.

 

A relevância é desconsiderar o principal, pois a exigência do branco à profissão de babá, é funcional.

 

Assim como máscaras e luvas são essenciais a determinadas funções para proteger quem as executa; ou o verde, aos cirurgiões para enxergar melhor num cenário vermelho de sangue; ou, ainda, o branco, aos médicos para distinguir melhor o asseio preventivo e essencial aos pacientes.

 

E assim por diante: os militares usam fardas para proteção e identificação, os pilotos usam roupas adequadas à sua segurança, os alpinistas, roupas coloridas para destaque nos cenários brancos, etc.

 

A dissonância começa nas palavras, pois ter função é a mais positiva situação ao ser humano. É sinal que é habilitado a produzir, mas muitos fazem ginásticas linguísticas para evitar chamar de funcionários quem tem função. Empregado, hoje em dia, é uma palavra que quase ninguém mais usa, embora o emprego seja um dos maiores direitos que uma nação digna deva oferecer aos cidadãos.

 

Neste caso, em que o Ministério Público atendeu aos clubes, que foram explicar o porquê dos uniformes às babás, mostrando que o serviço prestado aos bebês e crianças exigia asseio e precisava do branco, e necessitava de identificação que é obtida com o branco uniforme, demonstrou sensatez e lógica.

 

Em termos de babá como profissão, e de bebês e crianças como clientes, apenas a acrescentar que o uso do uniforme valoriza a profissão.

 

Se a mãe contratante dos serviços quer dispensar do uniforme, que o faça, mas sem infringir as normas das sociedades que frequenta, pois se assim o fizer estará descumprindo normas gerais e pode estar colocando em risco a segurança de terceiros. Um direito que evidentemente não lhe pertence.

 

Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung.

Conte Sua História de SP: andava de bicicleta com licença da prefeitura, em Pinheiros

 

Por Silvia Maria Aleixo Araujo

 

 

Bairro de Pinheiros … aquele que a atualidade desconhece.

 

Pinheirense da gema.

 

Nasci no prédio que ainda está lá, no térreo funciona o famoso bar das Batidas, bem atrás da Igreja Nossa Senhora do Montserrat, no largo de Pinheiros. Ali no largo, o bonde que descia a rua Theodoro Sampaio fazia a volta e retornava para a rua Xavier de Toledo, no centro.

 

O grupo escolar era na rua Sumidouro. Arquitetura dos anos 40/50, naquela época sem muros, só jardins, construção que lá permanece livre das obras do metrô e da tal revitalização do bairro que o descaracterizou em nome do progresso.

 

Era um bairro tranquilo, eu andava de bicicleta – ela chegou a ter uma placa de licença da prefeitura – no largo de Pinheiros e na rua Cardeal Arcoverde, onde moravam meus avós, entre a rua Theodoro Sampaio e a avenida Eusébio Matoso, onde hoje é o Shopping Eldorado e naquela época, um campinho de futebol.

 

Trânsito escasso e o respeito entre as pessoas era evidente.

 

No Carnaval, a família, primos e amigos sentavam em cadeiras nas calçadas da rua Theodoro Sampaio para assistir à passagem dos blocos carnavalescos, enquanto brincávamos com lança-perfume e seringas plásticas com ‘sangue de diabo’, um corante vendido em farmácia.

 

Brincadeiras inocentes e crianças felizes.

 


O Conte Sua História de São Paulo tem narração de Mílton Jung e sonorização do Cláudio Antonio. Você pode participar enviando seu texto para milton@cbn.com.br

Foto-ouvinte: a cara de São Paulo aos 459 anos

 

Arte na Igreja do Calvário

 

A Igreja é de 1926; o grafite, obra recente, assinada por Eduardo Kobra. Para a ouvinte-internauta Tina Kalaf, a “Igreja do Calvário emprestando sua face para o novo” é a Cara de São Paulo aos 459 anos, série fotográfica promovida pelo Blog do Mílton Jung. A reunião destes dois tempos em uma mesma cena pode ser encontrada na rua Cardeal Arcoverde, 950, bairro de Pinheiro.

 

Veja o álbum de imagens coma Cara de São Paulo aos 459 anos.

 

PS: Por descuido deste blogueito, ao publicar o post, troquei o nome do autor da foto, que já está corrigido, o que não me exime de culpa.