Sampaio Correa 2×1 Grêmio
Brasileiro B – Castelão, São Luis/Maranhão

Calma! Antes de me condenar, perceba a vírgula que precede o nome próprio e se expressa logo após o vocativo. Muda o sentido daquilo que você, caro e cada vez mais raro leitor, deve ter imaginado assim que deparou com a ‘manchete’ desta Avalanche.
Não o culpo por ter interpretado o título de forma errada. Seria natural no futebol pedir a cabeça do treinador que, em momento decisivo, abrisse mão de seu time titular e reduzisse o ritmo de treino e mobilização do elenco porque a partida é fora de casa — bem distante da sede — e, com essa decisão, prolongasse a agonia da presença na Série B.
Por muito menos, parte do torcedor fez isso com Roger — e olha que o treinador em nenhum momento baixou a guarda, fez seus jogadores pensarem que o compromisso à frente era de menor importância, afastou-se do clube para aproveitar a praia e tenha dado folga a seus principais e poucos talentos. Alguns gremistas foram além: o condenaram pela “petulância” de proferir discurso de cunho político quando tinha de estar preocupado com o baixo rendimento do time — algo muito mais relevante para vida das pessoas do que combater o racismo, por exemplo (atenção, atenção: contém ironia nessa frase e se você não entendeu azar o seu!).
Das arquibancadas da Arena, ouvia-se a vaia sempre que o nome do técnico era anunciado. Quando se atrevia a escalar os “malditos”, até porque faltavam (na verdade, faltam) opções no elenco precariamente montado para a Série B, era desconjurado. Os idólatras, que costumam ser pobres de espírito e fracos de memória, além dos apupos, gritavam o nome de Renato — como se o técnico consagrado em uma estátua nos arredores da Arena não tivesse sido uma das causas pela tragédia que nos colocou na segunda divisão.
Pensar que “Fora, Renato!” tivesse o mesmo sentido de “Fora Renato!” , depois de mais uma derrota na casa do adversário, seria muito lógico para quem acredita que o futebol é movido pela lógica. Até porque o aproveitamento de Renato, desde que voltou ao time, após a aclamação de parte da torcida, é de apenas 50%. Ganhou os dois jogos disputados na Arena e perdeu os dois jogados fora — a partida vencida, logo depois da demissão de Roger, não conta, né, afinal, Renato preferiu fazer ‘home office’, no Rio de Janeiro, em lugar de assumir a responsabilidade de comandar o time na casamata — imagino que tivesse algo mais importante a fazer na cidade fluminense.
Não! Definitivamente, não! Eu não estou aqui liderando qualquer grito pela demissão do nosso treinador — não é do meu estilo nem seria apropriado para o momento. Espero que Renato permaneça até a rodada final (e só) e, antes que esta chegue, tenha conseguido nos elevar à primeira divisão. Vencer ao menos duas das três partidas na Arena, imagino, serão suficientes para alcançar esse objetivo que já estava bem encaminhado por Roger, apesar dos pesares e das críticas de gente que colocava seus preconceitos acima dos interesses do clube.
O título desta Avalanche, esclareço, é apenas uma forma de chamar atenção para o momento que estamos vivenciando, em que a lógica no futebol tende a ser ofuscada pela paixão — no futebol e na política, também. De lembrar que, talvez, se estivermos dispostos a conquistar um ou dois pontos “fora, Renato”, a classificação chegará antes da rodada final.








