Governo paulista quer construir rede metropolitana de transporte público em todo o Estado reduzindo a dependência do automóvel. São Caetano sai na frente.

Por Adamo Bazani
O Estado de São Paulo pretende criar um órgão para planejar e executar projetos integrados de mobilidade com a intenção de estruturar uma rede que ligue todas as cidades paulistas. Seria a AMT – Autoridade Metropolitana de Transportes com papel semelhante ao da EMTU – Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos, que tem suas ações voltadas apenas para as três regiões metropolitanas (Campinas, Baixada Santista e São Paulo) e atua nos transportes intermunicipais por ônibus e de fretamento.
A AMT integraria também os transportes intermunicipais de outras regiões e promoveria a interligação com trens e metrô, e a EMTU seria mantida com as atribuições habituais.
Segundo o Secretário Metropolitano dos Transportes, José Luiz Portella, o projeto começou a ser desenvolvido há um ano e meio e, além das linhas intermunicipais, vai contemplar também as linhas internas de cada cidade. Uma tentativa de corrigir o que o próprio secretário diz ser um erro, pois serviços intermunicipais e municipais se sobrepõem, dividem o mesmo espaço urbano, e não há ao menos uma troca de informações entre os gestores. Para isso, o projeto prevê a criação de consórcios em cada uma das regiões. As cidades não serão obrigados a participar desses consórcios.
Com o planejamento e operação em conjunto, contando com as empresas privadas, a AMT teria capacidade de oferecer estímulo para o aumento da qualidade e produtividade dos serviços e integração tarifária real.
O blog teve acesso a partes do projeto.
Em relação à qualidade, melhorias de frota, de malhas e capacitação profissional dos operadores são pontos em destaque. Sobre a questão da produtividade, a ideia é reformular, em parceria com os municípios, trajetos ociosos, privilegiando aumento de oferta nas linhas de maior demanda. A integração tarifária já leva em conta a possibilidade de uso de modais diferentes por um valor fixo. Segundo o projeto, os custos dessa integração, alvos de estudo, seriam compensados pela maior produtividade e viabilidade dos serviços.
A implantação de monotrilhos e VLTs – Veículos Leves sobre Trilhos já está inclusa no pacote de integração.
O projeto da AMT – Autoridade Máxima de Transportes – visa criar mecanismos para desestimular o deslocamento de carro., mas para isso o transporte coletivo teria de aumentar a qualidade.
Esse projeto foi inspirado em modelos de transportes integrados já existentes na Espanha, Inglaterra e Estados Unidos, este último país, no qual os ônibus são integrados até com as ciclovias.
Em relação aos consórcios das cidades, estes teriam de se reportar sempre a AMT que analisaria e aprovaria ou não os projetos locais.
A ideia, segundo fontes ligadas a área de transportes, é remodelar as operações por ônibus, trem e metrô para melhorar a mobilidade no dia a dia dos passageiros e também preparar São Paulo para receber a Copa do Mundo do Brasil de 2014, quando a demanda por transportes de qualidade será maior.
Primeiros passos
A criação da AMT depende ainda de aprovação da Assembleia Legislativa de São Paulo, mesmo assim a primeira parceria para integração de transportes entre um município e o governo estadual já foi firmada, dentro dos parâmetros de funcionamento do futuro órgão.
De acordo com informações do jornal Diário do Grande ABC, o prefeito de São Caetano do Sul, Auricchio Júnior, e o Secretário de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, elaboraram projeto para integrar os ônibus da cidade com os demais meios de transportes de outras regiões de São Paulo, incluindo a Capital Paulista, demais municípios do ABC e outras cidades próximas a Capital. Para Portella e Auricchio foi a primeira experiência para a integração de serviços de mobilidade nos moldes a AMT – Autoridade Máxima de Transportes.
O objetivo do encontro foi expor ideias para a melhoria dos transportes intermunicipais em São Caetano do Sul e como a cidade pode ajudar, pelo seu sistema de transportes local, outras regiões ligadas a ela. Protocolo de intenções entre a Secretaria Metropolitana de Transportes e a cidade de São Caetano do Sul será assinado.
Os técnicos de transportes do município do ABC Paulista diagnosticaram os principais problemas e lacunas nos serviços por ônibus. A partir destes dados, os profissionais devem realizar estudos temáticos separadamente para depois compor um conjunto de propostas que farão parte do acordo entre Governo do Estado de São Paulo e Prefeitura de São Caetano do Sul.
A população deverá ser consultada, já que estão previstas no cronograma do projeto pesquisas quantitativas e qualitativas com o usuário de transportes de São Caetano do Sul.
Em entrevista ao jornal Diário do Grande ABC, o prefeito José Auricchio Júnior, afirmou que essa nova parceria, já contando com a atuação da Autoridade Máxima de Transportes, vai preparar a cidade de São Caetano do Sul para a Estação Tamantuateí do Metrô e para a implantação de um sistema de Metrô Leve no território sul sãocaetanense.
Adamo Bazani, repórter da CBN, busólogo, escreve no Blog do Mílton Jung