Aos 133 anos, São Caetano tem negócio de família

 

No setor de transportes, duas famílias se destacaram e tiveram participação importante no desenvolmento da cidade do ABC Paulista que comemorou mais um aniversário, nesta semana

BENFICA

Por Adamo Bazani

Dizem que a família é a estrutura da sociedade e sem uma família unida é impossível ter sucesso. A história de duas famílias empreendedoras no setor de transportes confirma essas máximas na cidade de São Caetano do Sul, que completou 133 anos em 28 de julho. Aliás, boa parte dos negócios da cidade ainda é baseada em estruturas familiares, mesmo abrigando gigantes internacionais como a General Motors que está por aqui desde 1930.

Tais famílias presenciaram o simples distrito de Santo André se tornar município independente, com um dos melhores índices de qualidade do País, segundo o IBGE.

Assim como em todas as cidades, os transportes foram fundamentais para o crescimento urbano e integração entre o local de trabalho e a casa de operários e profissionais. Além disso, os desbravadores urbanos do transporte também integravam os municípios que cresciam cada vez mais e se aproximavam de maneira a confundirem seus limites.

São Caetano do Sul teve várias empresas de ônibus. Porém duas delas, sem desmerecer as outras, sintetizam bem a época em que a cidade cresceu muito e sofrer com a carência de mobilidade urbana: o Grupo Benfica e a Vipe – Viação Padre Eustáquio.

A história das duas famílias responsáveis por estas empresas começa em lugares bem diferentes.

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Novo órgão de transporte terá mais poder que EMTU

 

Governo paulista quer construir rede metropolitana de transporte público em todo o Estado reduzindo a dependência do automóvel. São Caetano sai na frente.

EAOSA 816

Por Adamo Bazani

O Estado de São Paulo pretende criar um órgão para planejar e executar projetos integrados de mobilidade com a intenção de estruturar uma rede que ligue todas as cidades paulistas. Seria a AMT – Autoridade Metropolitana de Transportes com papel semelhante ao da EMTU – Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos, que tem suas ações voltadas apenas para as três regiões metropolitanas (Campinas, Baixada Santista e São Paulo) e atua nos transportes intermunicipais por ônibus e de fretamento.

A AMT integraria também os transportes intermunicipais de outras regiões e promoveria a interligação com trens e metrô, e a EMTU seria mantida com as atribuições habituais.

Segundo o Secretário Metropolitano dos Transportes, José Luiz Portella, o projeto começou a ser desenvolvido há um ano e meio e, além das linhas intermunicipais, vai contemplar também as linhas internas de cada cidade. Uma tentativa de corrigir o que o próprio secretário diz ser um erro, pois serviços intermunicipais e municipais se sobrepõem, dividem o mesmo espaço urbano, e não há ao menos uma troca de informações entre os gestores. Para isso, o projeto prevê a criação de consórcios em cada uma das regiões. As cidades não serão obrigados a participar desses consórcios.

Com o planejamento e operação em conjunto, contando com as empresas privadas, a AMT teria capacidade de oferecer estímulo para o aumento da qualidade e produtividade dos serviços e integração tarifária real.

O blog teve acesso a partes do projeto.

Em relação à qualidade, melhorias de frota, de malhas e capacitação profissional dos operadores são pontos em destaque. Sobre a questão da produtividade, a ideia é reformular, em parceria com os municípios, trajetos ociosos, privilegiando aumento de oferta nas linhas de maior demanda. A integração tarifária já leva em conta a possibilidade de uso de modais diferentes por um valor fixo. Segundo o projeto, os custos dessa integração, alvos de estudo, seriam compensados pela maior produtividade e viabilidade dos serviços.

A implantação de monotrilhos e VLTs – Veículos Leves sobre Trilhos já está inclusa no pacote de integração.

O projeto da AMT – Autoridade Máxima de Transportes – visa criar mecanismos para desestimular o deslocamento de carro., mas para isso o transporte coletivo teria de aumentar a qualidade.
Esse projeto foi inspirado em modelos de transportes integrados já existentes na Espanha, Inglaterra e Estados Unidos, este último país, no qual os ônibus são integrados até com as ciclovias.

Em relação aos consórcios das cidades, estes teriam de se reportar sempre a AMT que analisaria e aprovaria ou não os projetos locais.

A ideia, segundo fontes ligadas a área de transportes, é remodelar as operações por ônibus, trem e metrô para melhorar a mobilidade no dia a dia dos passageiros e também preparar São Paulo para receber a Copa do Mundo do Brasil de 2014, quando a demanda por transportes de qualidade será maior.

Primeiros passos

A criação da AMT depende ainda de aprovação da Assembleia Legislativa de São Paulo, mesmo assim a primeira parceria para integração de transportes entre um município e o governo estadual já foi firmada, dentro dos parâmetros de funcionamento do futuro órgão.

De acordo com informações do jornal Diário do Grande ABC, o prefeito de São Caetano do Sul, Auricchio Júnior, e o Secretário de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, elaboraram projeto para integrar os ônibus da cidade com os demais meios de transportes de outras regiões de São Paulo, incluindo a Capital Paulista, demais municípios do ABC e outras cidades próximas a Capital. Para Portella e Auricchio foi a primeira experiência para a integração de serviços de mobilidade nos moldes a AMT – Autoridade Máxima de Transportes.

O objetivo do encontro foi expor ideias para a melhoria dos transportes intermunicipais em São Caetano do Sul e como a cidade pode ajudar, pelo seu sistema de transportes local, outras regiões ligadas a ela. Protocolo de intenções entre a Secretaria Metropolitana de Transportes e a cidade de São Caetano do Sul será assinado.

Os técnicos de transportes do município do ABC Paulista diagnosticaram os principais problemas e lacunas nos serviços por ônibus. A partir destes dados, os profissionais devem realizar estudos temáticos separadamente para depois compor um conjunto de propostas que farão parte do acordo entre Governo do Estado de São Paulo e Prefeitura de São Caetano do Sul.

A população deverá ser consultada, já que estão previstas no cronograma do projeto pesquisas quantitativas e qualitativas com o usuário de transportes de São Caetano do Sul.
Em entrevista ao jornal Diário do Grande ABC, o prefeito José Auricchio Júnior, afirmou que essa nova parceria, já contando com a atuação da Autoridade Máxima de Transportes, vai preparar a cidade de São Caetano do Sul para a Estação Tamantuateí do Metrô e para a implantação de um sistema de Metrô Leve no território sul sãocaetanense.

Adamo Bazani, repórter da CBN, busólogo, escreve no Blog do Mílton Jung

Santo André, 457 anos contados a bordo do ônibus

 

Neste 8 de abril, a cidade de Santo André, no ABC Paulista, completa 457 anos, e o “Ponto de ônibus” inicia uma série de reportagens sobre a influência do transporte de passageiros para o desenvolvimento desta região, uma história que começa no trilho do trem, em 1867.

FOTO 2 - Paranapiacaba no final dos anos de 1890

Por Ádamo Bazani

O ABC Paulista não se tornaria um gigante populacional e econômico não fosse o sistema de transporte público. Até a segunda metade do século 19, a região tinha pequenos núcleos de moradias tipicamente agrícolas com áreas plantadas e criação de animais. Época em que o cultivo de café reinava absoluto na economia do estado de São Paulo.

A grande dificuldade dos produtores, também exportadores, era escoar a produção para o Porto de Santos, no litoral paulista. Problema solucionado com a construção da ferrovia Santos-Jundiaí, linha que passava pela Capital e ABC. Interligação ferroviária que nasceu com Irineu Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá, em 1859.

Após convencer o governo imperial, o Barão levou o projeto a um dos maiores especialistas em ferrovia do mundo, o engenheiro britânico Jaime Brunlee, que veio ao Brasil e constatou a viabilidade da proposta. Era necessário, porém, encontrar uma pessoa disposta a desenvolver tecnicamente o traçado e a forma de operação desta ferrovia. Encontraram o engenheiro Daniel Makinson Fox que já tinha experiência em implementação de ferrovias em áreas de serra – importante pois a partir de Paranapiacaba a linha enfrentava pedaço íngreme da Serra do Mar. Desafio aceito, foi criada The São Paulo Railway Company Ltda (SPR) e as obras se iniciaram a todo vapor.

No alto da serra, a Vila de Paranapiacaba servia de acampamento para os operários. A ferrovia foi feita pelas mãos de milhares de trabalhadores, muitos perderam a vida devido às instabilidades do terreno. As rochas eram abertas com cunhas e pregos. Encostas desabaram e para evitar desastres maiores foram levantados paredões de até 20 metros de altura.

Depois de muita luta e de uma engenharia inovadora para os padrões da época – e surpreendente até os dias de hoje -, a linha Santos-Jundiaí foi inaugurada, em 16 de fevereiro de 1867.

A alta demanda de transportes gerada pelo café fez com que em 1895 se iniciasse a construção de uma nova linha, paralela a antiga. E foi nesta época que a região ainda não batizada de ABC Paulista começava a mudar. A ferrovia, além de levar café, atraiu estrutura e desenvolvimento urbano. O governo provincial criou colônis agrícolas nas áreas servidas pela estrada de ferro. Com os agricultores vieram comerciantes, loteadores, artesãos e operários.

A freguesia de São Bernardo, que correspondia a quase toda área atual do ABC, é elevada a município, pelo Governo Republicano, entre 1889 e 1890. Empreendimentos industriais passaram a ocupar a região mudando o perfil rural. Em 1890, perto do córrego Ypiranguinha, na área de Santo André, é inaugurada a tecelagem Silva Seabra e Co. Logo em seguida, veio a Streiff, fabricante de móveis, na região da Rua Coronel Oliveira Lima.

As indústrias também cresciam na Capital. Os terrenos próximos das fábricas se valorizavam muito e a maioria das pessoas que chegava a São Paulo e vizinhança não tinha dinheiro para comprar lotes perto dos pólos geradores de renda. A opção foi buscar cidades no entorno da Capital.

As áreas atendidas pelos trens, como a estação de São Bernardo (hoje, estação Prefeito Celso Daniel, de Santo André), recebiam uma estrutura diferente da época predominantemente agrícola. Tais locais também se valorizavam e somente empresas ou famílias ricas conseguiam comprar os terrenos. Os núcleos populacionais tipicamente urbanos se afastavam das linhas do trem. Os bairros surgiam cada vez mais distantes da Villa e da estação de São Bernardo. A necessidade de transporte ligando estes bairros ao centro, às linhas de trem e à capital era um fato.

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Mostra fotográfica tem o ‘Ponto de Vista’ de São Caetano

ABCClickSão Caetano do Sul do “Ponto de Vista” de seus fotógrafos aparece em exposição aberta esta semana, na associação comercial da cidade do ABC Paulista. São dezenas de imagens de lugares comuns, mas de ângulos inusitados, reunidas pelo Fotoclube ABCCLick, que tem entre seus fundadores o nosso ouvinte-internauta e frequentador deste blog, Ailton Tenorio. “Com a exposição ‘Ponto de Vista’ esses fotógrafos, depois de apresentarem a cidade ao mundo, vão agora reapresentar a cidade aos seus cidadãos’, escreveu. Neste sábado, haverá encontro dos autores das imagens, às 10 da manhã, na Associação Comercial de São Caetano do Sul, na Rua Amazonas, 318, centro.