Por Carlos Magno Gibrail

Álbum de figurinhas da moda brasileira
“Sim, a Moda Brasileira é aquela produzida no Brasil”.
Resposta dada por Alexandre Herchcovitch, um dos estilistas brasileiros com prestígio internacional num seminário há alguns anos.
A intenção da pergunta era evidentemente provocativa, no sentindo de questionar a importância dos criadores nacionais no âmbito global.
De lá até cá, o avanço dos estilistas e das marcas nacionais, que não foi pouco, não mudou a assertiva da resposta de Alexandre.
Sob o aspecto da criação de moda é inquietante, mas evidente que a ascensão mundial dos estilistas está ligada ao poder econômico do país de origem. Assim foi com os japoneses, que deslumbraram Paris na década de 80 com uma nova perspectiva, orientada pelas formas geométricas e linhas do tecido, contraponto ao ocidente, obsessivo em mostrar o corpo. Ainda nos anos 70, Kenzo foi o primeiro a abrir espaço em Paris, e na década seguinte surgiram Yohji Yamamoto, Issey Miyake e Rei Kawakubo (Comme dês Garçons).
De outro lado, as engrenagens do sistema econômico da moda não têm permitido ao Brasil desempenho equivalente ao da economia nacional. Menos pela existência de organizações e marcas competentes, que já são relevantes e mais pelas condições do comércio internacional, com youan desvalorizado e impostos nacionais excessivos.
É uma situação tão mais preocupante quanto se adentra aos reais benefícios do setor de confecção, altamente intensivo de mão de obra propiciando até mesmo trabalho domiciliar com inegável e invejável função social, ao mesmo tempo em que apresenta baixo investimento na criação de postos de trabalho.
O amadurecimento do SPFW e demais eventos de moda certamente contribuirão para as mudanças necessárias ao setor. O espaço aberto para a discussão da Moda precisa ser mantido para evitar que os chineses venham buscar aqui “negócios da China”.
Carlos Magno Gibrail é doutor em marketing de moda e escreve às quartas-feiras no Blog do Mílton Jung
NB: Nas imagens da esquerda para a direita, de cima para baixo: Pedro Lourenço, Denner, Amir Slama, Walter Rodrigues, Glória Coelho, Alexandre Herchcovitch e Clodovil


