Qual é o Brasil que podemos ser, juntos?

Por Matheus Nucci Mascarenhas

Photo by Charl Durand on Pexels.com

O BRASILEIRO PRECISA VOLTAR A ACREDITAR: a descrença generalizada em nosso país explica por que ainda passamos por um interminável ‘terceiro turno’, o qual nos provoca a refletir sobre o futuro da nação.

As eleições dividiram ainda mais um povo que jamais foi unido de fato. Já afirmava o sociólogo carioca, Sérgio Buarque de Holanda, que o brasileiro persiste em ser “um desterrado em sua própria terra”. Mas quem é o Brasil? O colonizador português, o escravizado africano, o imigrante europeu e asiático: o único verdadeiro brasileiro, o indígena, todavia hoje é um pária, vive às margens da sociedade e sob a constante lembrança do extermínio da colonização. Esse Brasil, que nunca teve um povo que se pensasse brasileiro, que se pensasse genuinamente patriota, sofre, novamente, um dos sintomas dessa sociedade estilhaçada: uma eleição de descrença.

Em termos gerais, o brasileiro atual divide-se em três categorias de descrentes.

O primeiro deles, é o descrente cético. Este, que perdeu sua esperança no fracasso das “Diretas Já”, no fracasso dos fiscais do Sarney, no fracasso do governo Collor, na corrupção do governo Lula, no fracasso do governo Dilma e no fracasso do governo Bolsonaro, agora rejeita qualquer chamado “patriótico”, tanto a se opor ou a apoiar projetos políticos.

Esse brasileiro cético é aquele que, no passado, era interessado na política nacional, acompanhava-a no noticiário e até mesmo detinha certa esperança por um Brasil melhor. Porém, quando a maré baixou e a sujeira deplorável da política desnudou-se perante seus olhos, o descrente cético escolheu se blindar. Agora, prefere aproveitar um churrasco em casa, papear com os amigos e assistir a FRIENDS, a participar da decepcionante ciranda da política brasileira. Dentre esses indivíduos, incluem-se os quase cinco milhões que votaram nulo, ou aqueles que, muito indecisos, escolheram entre uma das duas gárgulas, geralmente por terem maior raiva em uma do que na outra.

A segunda categoria, esta já mais fisiológica, barulhenta e caricata, trata-se dos descrentes fanáticos. Parece ilógico juntar a palavra “descrente”, alguém que não acredita, com “fanático”, aquele que cegamente crê.

No entanto, o descrente fanático engloba, paradoxalmente, essas duas características. Por um lado, essa porção de brasileiros é fanática por aceitar levianamente o que recebe em suas bolhas ideológicas (tanto de esquerda, direita, ou qualquer outra denominação política que seja pertinente). Por tão intensamente se colocarem passivos ao que recebem e a como se devem comportar, “Sim, meu líder, farei o que for preciso”, tornam-se servos de um “mestre”, que tem como última das suas prioridades importar-se com essa casta devota de seu eleitorado. Por outro lado, são, sim, descrentes, porque não têm mais a capacidade de, pelo menos por um momento, acreditar em si mesmo e em seu julgamento próprio. Não, não o fazem, pois, perante quaisquer evento político, tomam seus juízos não de si mesmos, mas de formadores de opinião. Tornam-se “presas intelectuais” de um sistema que os faz, pouco a pouco, mais distantes de sua própria capacidade de pensar. Nesse contexto, a esses brasileiros falta reflexão, abrir os olhos de forma tal a se apartar de vieses que confirmam diariamente, intensamente e, sobretudo, maliciosamente, sua “suposta” visão política. E digo “suposta”, porque, para que seja uma visão política, demandar-se-ia do indivíduo raciocínio e análise crítica (alguma lasca de crédito a si mesmo), não uma simples fagocitação faminta de discursos pré-fabricados, muitas vezes, divulgados na internet. Em síntese, a estes minions, stormtroopers, habitantes da Oceania de George Orwell, ou londrinos de Aldous Huxley falta a capacidade de escapar desse invólucro alienante que os condiciona a dizer “sim”, a dizer “não”, a gritar, a protestar, a quebrar, ou a matar segundo a vontade de outrem, daquele líder “virtuoso” (popular, sonhador, da esperança, ou mesmo imbrochável).

Por fim, temos a terceira categoria: os descrentes despretensiosos. Esses congregam a maioria dos brasileiros: o trabalhador informal, o profissional liberal, o vendedor ambulante, o favelado, o aposentado, o doente, o morador de rua, o trabalhador que bate ponto às 18h, o pequeno empresário, o agricultor familiar, e assim por diante.

Os descrentes despretensiosos (e me desculpem pelos sufixos repetitivos), são o mais verdadeiro retrato do Brasil. Esse povo é aquele que votou no palhaço ou no farsante, mas não por convicção, e, sim, por obrigação (para não ter que se dar ao trabalho de justificar a abstenção) ou por terem se convencido de forma rasa a escolher entre os dois “cândidos” candidatos. Os descrentes despretensiosos, diferentemente dos outros dois grupos, ainda não sabem que possuem um papel na democracia, na transformação social. Os céticos o reconheciam, mas agora desiludiram-se por completo, enquanto os fanáticos o vêem com clareza, mas somente para o lado que lhes convêm (o resto é antidemocrático, facista, comunista, censitário). Nessas eleições, o terceiro Brasil não entende que seu voto faz, e muita, diferença, muito menos entendem que o poderiam ter usado em outra alternativa, na primeira rodada do jogo eleitoral. Esse terceiro grupo não reconhece e, muitas vezes, tampouco tem acesso à sua cidadania. A exemplo, um morador de rua, um favelado, um andarilho: tais indivíduos não se enxergam como cidadãos (e, resgatando o início do texto, como verdadeiros brasileiros). Como então podem enxergar-se como transformadores da política nacional? E o padeiro, motorista, porteiro, lavrador, pedreiro? Qual é o seu papel, senão trabalhar e cuidar de sua família. Para este terceiro Brasil, esse papel é não menos do que a despretensão de atuar politicamente, pensando em seu círculo pessoal acima do cidadão. A este grupo, digo que não estão errados: há, sim, a necessidade de pensar em si e em seus próximos. Mas, quando estamos diante de problemas que afetam a vida de todos os brasileiros, é vital que o terceiro Brasil creia em sua função social de provocar mudança.

Após definir e elucidar os três Brasis que se manifestaram nesta eleição, gostaria de finalizar o texto com um convite a todos. Enquanto passarmos por momentos como esse, de descrença generalizada (seja ela no outro, em si ou no nosso papel cidadão), não devemos perder de vista nossa missão maior: formar o Brasil dos brasileiros, para os brasileiros. Nosso sonho deve ser, nas décadas que se seguirem, termos um novo intelectual brasileiro, um Sérgio Buarque de Hollanda XVIII, que escreva: “finalmente, os brasileiros dispõem de sua terra, e à sua terra dispõem-se os brasileiros”.

Bem, esse passar do “terceiro turno” eleitoral, que muito mais tem a ver conosco do que com as duas bestas, deve tornar-se um momento de autocrítica e progresso. Aos descrentes céticos, há, sim (e nunca cessará de ter), poder de transformar, protestar, cobrar, se posicionar, lutar democraticamente. Essas ações surtem efeito, mesmo que gradual e lentamente. Aos descrentes fanáticos, tenham mais respeito e admiração a si próprios! É possível pensar por si mesmo e impedir que uma lavagem cerebral irrompa doutrinas perigosas em suas mentes. E essa tarefa depende exclusivamente de vocês. Aos descrentes despretensiosos, vocês não são somente habitantes do Brasil, mas cidadãos brasileiros. Lutar pela democracia que vocês almejam, lutar por um país mais justo, igualitário, fraterno e livre está ao seu alcance. É possível mudar, basta acreditarmos no poder de ser brasileiros de verdade.

Evitando clichês finais, como “o Brasil que queremos depende de nós”, ou “a nossa nação se faz com as nossas mãos”, termino com a seguinte pergunta:

“Qual é o Brasil que podemos ser, juntos?”

Matheus Nucci Mascarenhas é estudante, ouvinte de rádio e tem 17 anos.

Foto-ouvinte: o trabalhador informal

 

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O trabalhador no meio da avenida e os clientes no carro. O movimento na cidade e o calor do versão. As construções que se estendem pelas calçadas e a bandeira do Brasil.

 

Todos elementos que chamaram atenção de Marcos Paulo Dias, ouvinte da CBN e colaborador do blog desde sempre, ao passar na avenida Marechal Tito, em São Miguel Paulista, zona leste da capital — especialmente após ouvir no rádio que, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE, o número de trabalhadores por conta própria cresceu  4, 1%, em média, entre 2018 e 2019. Hoje são 24,2 milhões.

 

O que se espera é que o Ministério da Cultura seja realmente de todos

 

Por Carlos Magno Gibrail

 

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A reação dos artistas à incorporação do Ministério da Cultura ao da Educação teve  repercussão não prevista por Michel Temer e  equipe.

 

Além da primeira vitória ao conseguir o retorno como Ministério, os artistas obtiveram  posse diferenciada, pela extensa cobertura e concorrida solenidade do ato.

 

Marcelo Carelo ao assumir, ontem, o Ministério conseguiu holofotes de ponta à pasta da Cultura. E no ritmo de arte e festa, iniciado com citação à Aquarela do Brasil de Ary Barroso, prestou contas àqueles artistas que reagiram contra a medida inicial do novo governo, ao mesmo tempo que respondeu aos que os criticaram como aproveitadores:

 

“os artistas são trabalhadores que tecem os fios que desenvolvem a economia do País”.

 

É exatamente por esse caminho que gostaria de aproveitar e lembrar que como “trabalhadores” deveriam ser tanto eles, artistas, quanto as organizações, entidades e companhias que os empregam. E, consequentemente, seguir as regras de mercado.

 

No competitivo mundo das artes cênicas, plásticas, musicais, literárias etc é preciso ter competência técnica na essência do produto, mas também na operação. É preciso ter talento, mas também a qualificação organizacional, necessária quando se oferta serviços e produtos. É o que popularmente se diz: não basta inspiração; a transpiração é fundamental.

 

Não vejo por que um tratamento de espécime dependente. No passado, sem nenhum apoio governamental, tivemos gênios musicais, literários, teatrais etc … Não concordo com Caetano Veloso, que protestou veementemente contra a medida atual, pois ele teve seus grandes momentos artísticos quando havia repressão. Naquela época apoio e financiamento nem pensar.

 

Apenas acredito na razão de Caetano quando diz :

 

“O MinC é nosso. É uma conquista do estado brasileiro, não é de nenhum governo”

 

Não é de nenhum governo nem de nenhum grupo de artistas privilegiados.

 

É o que esperamos!

 

Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung, às quartas-feiras.

Aposentados sem poder

 

Por Carlos Magno Gibrail

 

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O poder é essencial à sobrevivência para países, empresas e pessoas. Às pessoas, cabe buscá-lo através do capital e do trabalho, mas quando se resume ao trabalho e este se finda, o indivíduo se restringe ao grupo dos aposentados. Sem poder de representatividade.

 

É por isso que se fala sempre do problema do sistema previdenciário, e não do aposentado.

 

O país vive uma situação inusitada em que o setor público paga mais que o privado, e age com magnanimidade com os servidores e realidade com os trabalhadores. Quem faz as leis, quem faz executar as leis e que as executa, sempre preserva seus pares, enquanto os trabalhadores privados ficam à mercê destes.

 

É por isso que o Senado aprovou a extensão da política do salário mínimo apenas como retaliação à presidente, que por sua vez vetou dentro da mesma linha de raciocínio de seus antecessores.

 

É por isso, também, que depois de nove anos os aposentados deixarão de receber na pensão de agosto o adiantamento de 50% do décimo terceiro que será creditada em setembro. Isto depois de ser noticiado que os pagamentos seriam desdobrados em dois. E, muito pior, isto sem anunciar antecipadamente para que o pensionista pudesse se preparar para esta falta de receita.

 

O que se vê é um critério soberano que se sobrepõe ao mínimo principio de uma hierarquia sadia. Aos menores sempre deverá ser dada a preferência nas dificuldades. Qualquer empresa privada consciente em dificuldade paga os menores salários na frente.

 

A longevidade que seria um presente ao cidadão do futuro pode ser um pesadelo, como já deveria ser para o poder público consciente. O fim do bônus demográfico que virá precisará de uma estrutura previdenciária organizacional e atuarial que nunca tivemos. Será que teremos?

 

Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung, às quartas-feiras.

 

A foto deste post é do álbum de Pedro Ribeiro Simões no Flickr

De troca de casca

 

Há três meses esperava por esta oportunidade: voltar a publicar os textos de Maria Lucia Solla no blog. Como você sabe, caro e raro leitor, este é um espaço aberto a colaboradores. Escrevem aqui amigos, colegas e ouvintes por vontade própria. Solla foi a primeira, lá em 2008, a enxergar no Blog oportunidade de conversar com as pessoas. Abriu a porteira para tantos outros que tiveram vontade de se expressar, alguns dos quais estão até hoje ao nosso lado. Ficamos muito felizes de tê-la de volta:

 

Por Maria Lucia Solla

 

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Olá,

 

faz tempo que não me traduzo em palavras.

 

São sensíveis, as palavras, como notas musicais. Se rebelam e se escondem quando mais precisamos delas.

 

E quando estamos confusos, então!, entram em cena na marcação errada, tropeçam umas nas outras e desafinam na tradução da nossa percepção da vida.

 

Quanto à minha percepção, anda tentando se entender com as palavras, para entrar em sintonia com elas. Tem dias que, de boa vontade, as duas chegam à mesa de negociação; mas se dispersam na boca miúda e não chegam a conclusão aceitável para lado nenhum. A percepção enlouquece e se descabela tentando um acordo. As palavras encasquetam e não cedem. Cansadas das surras que têm levado!

 

Manifestam-se.

 

Nada de novo no que digo. Somos do mesmo roteiro. Estamos vivos. Todos. Aqui.

 

Eu ‘troco de casca’ periodicamente. É uma trabalheira danada. Todos trocamos; nem todos se dão conta, mas se descascar e depois se acostumar com a nova casca é tarefa para ninguém botar defeito. É dor de parto. A gente chora, esperneia, emburra, mas é igual nascer de novo, cada vez. Para uma nova vida. Não é trajeto macio. Ao menos não tem sido, para este ser que vos fala, mas é o começo de um novo caminho, de novas conquistas, de mais gratidão e esperança.

 

O horror e desgraças que temos presenciado aqui lá e acolá, não nasce do aumento da abobrinha, do tomate, da insatisfação do trabalhador dos dois lados do balcão, do mosquito da dengue, da chuva ou da seca. Nasce da diminuição do respeito, da educação, do caráter, da – o que na minha época se chamava – formação do cidadão. Traduzindo para os dias de hoje, preparação para viver em sociedade.

 

Bem, é hora de acordar e mudar o foco. Cada um se expressando pelo seu melhor. Escolhendo o positivo, a gratidão, a generosidade. Os quatro elementos já deram o que parece ser o último aviso. A Água, a Terra, o Ar e o fogo. Pelo planeta inteiro.

 

Pense nisso, ou não, e até a semana que vem.

 

Obrigada a você “caro-e-raro-leitor”
Obrigada, Mílton Jung.

 

Maria Lucia Solla é professora de idiomas, terapeuta, e realiza oficinas de Desenvolvimento do Pensamento Criativo e de Arte e Criação. Escreve no Blog do Mílton Jung

Mundo Corporativo: Fernando Macedo aponta as despesas que travam o crescimento da sua empresa

 

 

Em mais de 90% dos projetos de consultoria para redução de gastos, a empresa aumenta a qualidade do serviço prestado e a produtividade, sem precisar trocar o fornecedor. A afirmação é de Fernando Macedo, consultor da ERA – Expense Reduction Analyst, em entrevista ao programa Mundo Corporativo, da rádio CBN. Apesar do susto que projetos de corte costumam gerar nos trabalhadores da empresa, Macedo salienta que dificilmente os ajustes passam pela folha de pagamento.

 

O Mundo Corporativo vai ao ar às quartas-feiras, 11 horas, no site http://www.cbn.com.br. O programa é reproduzido, aos sábados, a partir das 8h10, no Jornal da CBN.

Conte Sua História de São Paulo: música para o nordestino trabalhador

 

A ouvinte-internauta Janina Zmitrowicz, que também atende por Janina Zmi, fez poesia e transformou em música sua experiência com centenas de nordestinos que vieram para São Paulo construir sua vida e ajudar na construção da nossa cidade.

 

Acompanhe a participação dela no Conte Sua História de São Paulo com o trabalho técnico do Cláudio Antonio:

 

JOSÉ FRANCISCO ANTÔNIO SEVERINO

 

Veio da terra seca
Bonita, sedenta, faminta e querida
E trouxe consigo
Seus pés, suas mãos, sua fé e coragem

 

Construiu essa cidade
Desejo, esperança, vontade e saudade
Prédio, ponte, viaduto
Asfalto, riqueza, grandiosidade

 

Fez o seu barrraco
Primeiro madeira
Depois veio o bloco

 

Amou, filho e filha ele fez
Criou de uma vez
Oito netos já tem

 

Bar, mulher e futebol
Aliviam a sua canseira
Pouco dinheiro no bolso
Mas felicidade é verdadeira

 

Vendeu e comprou seu cantinho
Pagou direitinho cada prestação
É simples, mas é honesto, sincero
E…vixe! Bonitão!

 

Hoje, com a mão calejada
A marca do tempo no rosto estampada
Remédio toma pra pressão
Aposentadoria, chegou ainda não!

 

Antônio, carpinteiro
Severino, encanador
José, civil pedreiro
E Francisco, carregador

 

Severino conserta tudo
José, mestre construtor
Francisco carrega o mundo
Antônio grande produtor

 

…e Deus foi seu professor…

 

Aproveite um pouco mais desta experiência ouvindo a versão completa da música:

 

Congresso desonera empregador empresarial e onera domiciliar

 

Por Carlos Magno Gibrail

 

 

As brasileiras idosas, as de classe média, as que conseguiram cargos executivos, todas dependentes do trabalho das empregadas domésticas, certamente não eram o alvo da comemoração no Senado, no dia 21 (e na noite de ontem), ilustrada pelo abraço da ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, com a deputada Benedita da Silva. E pelas homenagens ao ex-senador Carlos Bezerra PMDB MT, autor da PEC que obteve 76 votos na segunda instância. Unanimidade que não deixou dúvida para a aprovação e consequente promulgação, pois mudança na Constituição não precisa de aval da presidente.

 

O importante momento, embora exagerado pelo senador Randolfe Rodrigues PSOL PI, que avaliou como “a segunda abolição da escravatura”, abria caminho para a igualdade total entre o trabalho doméstico e o corporativo. As mulheres festejadas eram as empregadas domésticas. O “animal em extinção” previsto por Delfim Neto acabara de receber o benefício do FGTS, da multa de 40% na demissão, limitação de 44hs de serviço semanal, horas extras remuneradas, e licença maternidade de quatro meses.

 

Curiosamente, no dia 26 de fevereiro, este mesmo Senado aprovou a MP 582/12 do relator Marcelo Castro PMDB PI que desonera a folha de pagamento de 40 setores empresariais, e não exige a manutenção dos empregos por parte das empresas. Sem entrar no mérito da PEC e da MP, é indecifrável a razão das duas antagônicas aprovações. A MP reduz impostos das empresas, enquanto a PEC legitimiza os mesmos impostos para os domicílios.

 

A MP já está sendo implantada e o ministro da fazenda sinaliza que irá continuar desonerando impostos. E a PEC do emprego doméstico, como será efetivada? Envolve contabilidade e legislação que o cidadão comum pode não ter acesso. De outro lado a fiscalização, necessária para o cumprimento da lei terá que considerar sete milhões de trabalhadores em endereços residenciais. Será possível?

 

É realmente um momento histórico!

 

Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung, às quartas-feiras

Vuvuzela não cala decepção de trabalhador africano

 

Trabalhador na África do Sul

O estádio Moses Mabhida, em Durban, reuniu na noite de domingo duas verdades desta Copa da África do Sul: o espetáculo do futebol e o escândalo da desigualdade social. Os milionários jogadores da Alemanha já haviam deixado os vestiários de volta para a concentração, após a goleada por 4 a 0 contra a Austrália, quando estourou o confronto entre policiais e centenas de trabalhadores que prestam serviço no local.

Os funcionários protestavam contra o pagamento que consideram insuficiente para a função que realizam. Reclamavam terem recebido ofertas de salário que chegariam a R 1,500 mas não levaram mais de R 190. Em bom português: em vez de R$ 350 por dia, ganharam R$ 45.

Poucos dias antes do início dos jogos, o analista do jornal sul-africano Business Report Terry Bell alertava que os sindicatos e trabalhadores não identificam nenhum favorecimento para os movimentos sociais vindos da Copa e da Fifa. Enquanto a organizadora dos jogos garantia o maior lucro possível para si, eximia-se de qualquer responsabilidade em relação aos direitos trabalhistas advindos de contratações relacionadas a Copa.

Um dos líderes de sindicato que reúne trabalhadores de empresas de energia elétrica Lesiba Seshoka acusou a concessionária de emperrar as negociações por aumento salarial com o objetivo de jogar a opinião pública contra os funcionários, pois estes, supostamente, estariam interessados em prejudicar a realização da competição. “Não podemos adiar a fome para os nossos filhos”, comentou em um jornal que eu lia na praça procurada por milhares de turistas na hora do almoço, em Cidade do Cabo.

Aqui mesmo, em conversas com funcionários, nas áreas de prestação de serviço, é possível identificar outros motivos para a indignação. Muitas das vagas criadas para atendimento do público durante a Copa foram ocupadas por trabalhadores que chegaram dos demais países do continente. Calcula-se que 30% delas estão servindo a pessoas que se deslocaram desde Angola, Gana, Moçambique, entre outros.

Boa parte dos empregos que surgiram na onda dos jogos é temporária e informal. Ou seja, desaparecerá assim que o capitão da seleção vencedora levantar o caneco.

Nem o entusiasmo das vuvuzelas menos ainda a violência do gás lacrimogênio e das balas de borracha – jogados sobre os trabalhadores que participaram do protesto de domingo – serão suficientes para encobrir a frustração desta gente que acreditou no “espetáculo” do futebol.

Pauta #cbnsp em 13.04.2010

 

Força Sindical na Paulista

Centrais sindicais promoveram passeata na avenida Paulista e se concentraram diante da sede da Fiesp com o objetivo de chamar atenção dos empresários para o projeto de redução da jornada de trabalho. A manifestação causou reflexos no trânsito da região. O repórter João Vito Cinquepalmi acompanhou o protesto. E a repórter Mônica Pocker que acompanhava o congestionamento, registrou a imagem.

Trânsito e transporte – A faixa reversível implantada na estrada do M’Boi Mirim, no horário de pico, não melhorou o transporte de passageiros na região. As promessas da prefeitura com o objetivo de aumentar a velocidade dos ônibus não tiveram efeito e causam irritação nos moradores. A repórter Cátia Toffoletto esteve no local e ouviu a história de trabalhadores que sofrem com a precariedade do sistema de ônibus.


Época SP na CBN –
O punk californiano do Agent Orange é destaque nesta noite em São Paulo. Nas dicas do Rodrigo Pereira outras atrações para a semana. Acompanhe aqui e se programe.